Thursday, 10 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Convidado para o chá

CANADÁ

O presidente da Hollinger Inc., Conrad Black, anunciou que renunciará à cidadania canadense para aceitar o título de lorde inglês. Enquanto leitores dos jornais do país julgavam o fato uma demonstração da arrogância anglófila do magnata, executivos da empresa ? que publica jornais de língua inglesa no Reino Unido, no Canadá, em Israel e nos EUA ? discutiam as possíveis conseqüências da decisão de Black para a companhia e para o National Post ? criado por ele em 1998 ?, disse Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 5/5/01].

As leis canadenses proíbem a propriedade estrangeira de jornais. Para um jornal ser considerado canadense, no mínimo três quartos da empresa têm de ser de propriedade canadense. O vice-presidente da Hollinger, Jack Boultbee, confirmou que as ações de Black, somadas às de outros estrangeiros, desqualificariam o National Post como jornal canadense.

Boultbee garante que não há com o que se preocupar agora, pois as restrições que a lei exige só entram em vigor 12 meses depois de Black abandonar o título de cidadão canadense. "Aí sim, resolveremos o problema", disse. Uma das possíveis soluções é transferir a parte de Black a sua mulher, Barbara Amiel, conservadora comentarista canadense.

WELLES TEXANO

Um editor esquece, muitas vezes, que há diferenças entre ele e o leitor comum. Talvez seja essa a principal razão de um bizarro fato acontecido no Texas, EUA, que fez lembrar a clássica história de 1938 da Guerra dos mundos, de Orson Welles.

Em novembro de 1999 o Dallas Observer, publicação alternativa da New Times, publicou uma sátira ? sem rotulá-la como tal ? com frases de um juiz e um advogado que remetiam a um incidente ocorrido semanas antes. Nem todos entenderam a paródia, e os citados não gostaram nada. Agora o jornal está respondendo a um processo por difamação.

O caso: um juiz prendeu um garoto de 13 anos por escrever uma história sobre Halloween. A sátira subsequente, intitulada "Chega de loucura", falava da prisão de uma menina de 6 anos por escrever resenha do livro "Where the wild things are", de Maurice Sendak. Frases ditas pela juíza Darlene Whitten e pelo advogado Bruce Isaacks foram adicionadas à matéria.

Normalmente, casos de difamação dependem de provas de que o veículo publicou declaração falsa, e que o fez com malícia. Esse não parece ser o caso em questão, porque o jornal não imaginava que o artigo fosse ser levado a sério, devido ao conteúdo absurdo. Os advogados de Darlene e Isaacks argumentam que a partir do momento em que o próprio leitor não compreende a sátira ? o jornal recebeu e-mails comentando o fato, de leitores que acreditaram piamente na história ? ela se torna difamação.

PAPAI ?PRODÍGIO

Bill Roedy, executivo-chefe da MTV Networks International, tornou-se aparentemente uma figura que não será facilmente esquecida no cenário midiático de Londres. Depois de aterrissar na cidade em 1978 com a função de expandir a MTV internacional ? na época, um "bebê" com 20 funcionários que atingia apenas 1 milhão de casas ?, Roedy transformou a subsidiária da americana Viacom num negócio crescente, com 63 canais que atingem 150 países com escritórios espalhados pelo mundo, disse James Harding [Financial Times, 5/6/01].

Diferentemente da sempre aquisitiva Viacom, a MTV Networks International de Roedy optou por construir seu próprio negócio, canal por canal. "Na maioria das vezes, o crescimento orgânico é mais satisfatório", disse o administrador. A empresa teve o maior crescimento entre todas as representantes do grupo, no ano passado ? hoje representa 31 canais MTV, 21 Nickelodeon e 8 VH1. As novas tecnologias permitiram a multiplicação e o alcance de novos territórios por um preço mais baixo.

A próxima fase do crescimento está na mídia interativa. Operações online e de TV "totalmente integradas" ? como enfatiza sempre Roedy ? começaram a remodelar a programação central da MTV. Os websites da MTV International chegaram a ter 92 milhões de acessos em fevereiro, e 17% da venda de anúncios vêm hoje deste grupo. Roedy diz que a expansão da companhia na internet faz parte da segunda fase da revolução online, em que as grandes corporações tomarão conta das notícias. Embora a tentativa americana da MTVi tenha falhado, seus planos continuam seguindo linhas diferentes da Viacom. Mais próximo da Europa e da Ásia, Roedy continuará na web o caminho ? cultural e comercialmente distante dos Estados Unidos ? que até agora deu certo.

    
    
                     

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