AUDIÊNCIA / TV
"SBT vai divulgar audiência em site e celular", copyright Folha de S. Paulo, 12/04/02
"O SBT começa no segundo semestre a medir audiência em tempo real na Grande São Paulo. Os dados serão coletados em 250 domicílios, transmitidos por telefone celular para uma central e divulgados, também em tempo real, minuto a minuto, em um site. Até o final do ano, as informações também deverão estar disponíveis, de graça, para aparelhos de celular com tecnologia wap.
?Queremos fazer um negócio transparente, confiável e que possa ser auditado?, diz Alfonso Aurin, superintendente de engenharia do SBT, que desde 1990 estuda um sistema alternativo ao Ibope de medição de audiência.
O sistema se chama Adviser. Trata-se de um aparelho que substitui o controle remoto, identifica o telespectador e o canal que a TV está sintonizada e transmite as informações para uma central.
O negócio teve um investimento de US$ 1 milhão. É consequência da eterna desconfiança de Silvio Santos em relação aos dados do Ibope. São sócios do empreendimento o próprio Aurin, Silvio Santos e Raul Garafulick, dono de emissora de TV na Bolívia.
A amostra dos domicílios que receberão o Adviser está sendo montada pela Geopolitics, empresa do sociólogo Carlos Novaes. O SBT não irá saber quais são os domicílios que terão o aparelho.
Depois de São Paulo, Silvio Santos pretende instalar o sistema em cidades médias que não têm medição do Ibope e em outros países.
OUTRO CANAL
Bomba 1
Foi o assunto da semana entre publicitários. Em entrevista à revista ?Meio & Mensagem? desta semana, Guilherme Stoliar, superintendente comercial do SBT, disse que a Globo tem 75% das verbas publicitárias, apesar de deter ?só? 45% da audiência, porque possui ?a chave do cofre e a chave da cadeia na mão?.
Bomba 2
Stoliar não deixou claro o que quis dizer. Sobre a chave do cofre, se refere à prática das emissoras de pagar bonificações a agências que gerarem determinado faturamento _o que as levaria a programar mais verbas para a Globo. A chave da cadeia ainda é um enigma. A Globo não comentou a declaração de Stoliar.
Verde
O canal pago infantil Nickelodeon começa em maio a produzir programas no Brasil. A primeira etapa será a escolha de garotos, de 12 a 15 anos, que formarão a ?Patrulha Nick? e atuarão como âncoras ou VJs da programação do canal, que não descarta, no futuro, a produção de ?games shows? no país. Atualmente, toda a programação do Nickelodeon é produzida nos Estados Unidos. A idéia é dar ao canal uma ?cara mais brasileira?.
Cadeira
Diretor de programas da Bandeirantes, Hélio Vargas assume segunda-feira a direção de programação da Record."
TV DIGITAL
"Globo lança emissora de TV digital piloto", copyright Folha de S. Paulo, 11/04/02
"Depois do rompimento público entre as TVs, a Globo lança mão de uma estratégia para tentar reunir as redes novamente: criará uma emissora de TV digital piloto. O canal será montado em São Paulo no segundo semestre.
O anúncio foi feito por Fernando Bittencourt, diretor de engenharia da Globo, na feira da NAB, a associação de emissoras dos EUA, em Las Vegas.
Segundo o site Pay TV Real Time, especializado em telecomunicações, o projeto está sendo tocado com o apoio da Anatel (Associação Nacional de Telecomunicações) e irá testar todos os aspectos da TV digital, desde tecnologia até programação. Bittencourt afirmou que o canal será administrado por uma entidade sem fins lucrativos e usará licença de uso experimental. Além das redes de TV, universidades, fabricantes de aparelhos e empresas de telecomunicações podem participar.
Se até julho o governo não houver definido o padrão de transmissão digital -o que é muito provável-, serão usados os três que estão disputando o mercado brasileiro: norte-americano, europeu e japonês.
A Globo sempre defendeu a adoção do sistema do Japão no Brasil, principalmente pela possibilidade de transmissão móvel (TV em celulares e carros, por exemplo). Até julho do ano passado, contava com o apoio de todas as concorrentes, reunidas no grupo SET/Abert (Sociedade de Engenharia de Televisão e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV). Mas a Bandeirantes abandonou a parceria e adotou um discurso mais próximo do lobby norte-americano, defendendo a prioridade do aspecto econômico e não do tecnológico.
Com o rompimento público entre as redes, em fevereiro deste ano, e a criação de uma associação paralela entre Band, Record e SBT, a Globo passou a se preocupar com a questão da TV digital.
Fontes ouvidas pela Folha acreditam que o projeto da emissora de TV digital piloto seja uma maneira de amenizar a ?guerra? e de pressionar a Anatel e o governo para a definição do padrão.
Antonio Teles, vice-presidente da Bandeirantes e um dos diretores da nova entidade de TVs, disse que não sabia do projeto da TV digital piloto. ?Até podemos participar, mas é bom que fique claro que será uma experiência estritamente técnica?, disse.
Vitrine digital
A Globo não poderia ter escolhido vitrine melhor para o anúncio do projeto da emissora piloto. Este ano, mais ainda que em 2001, a feira da NAB é o principal palco das discussões sobre TV digital do mundo. É também a maior oportunidade de reforçar o lobby pela adoção do sistema dos EUA.
?A NAB é uma vitrine para a ATSC [associação criadora do padrão norte-americano de TV digital?. É quando podemos demonstrar o desenvolvimento da tecnologia. Este ano mostraremos que a transmissão está melhor do que a que foi vista pelos testes das TVs no Brasil em 99 e 2000?, disse Robert Graves, presidente da ATSC.
?Esperamos que os debates da feira convençam emissoras e governo do Brasil de que nosso padrão é o melhor para o cidadão brasileiro?, afirmou Graves à Folha, por e-mail, já dando o tom do lobby que permeia a NAB.
A feira, que começou sábado e termina hoje, contou com 1.350 expositores e deve receber cerca de 90 mil visitantes, sendo que cerca de 30% são estrangeiros. Entre eles, representantes de emissoras de 130 países. E o Brasil costuma ser um dos visitantes mais esperados da feira. ?O Brasil e a América Latina são muito importantes para a NAB?, afirma Dennis Wharton, vice-presidente de comunicações da NAB. Segundo ele, é difícil calcular o valor total que gira nas negociação da feira, mas ?é certo que movimenta dezenas de milhões de dólares?."
CENSURA / SUDESTE ASIÁTICO
"Mídia sofre censura no Sudeste Asiático", copyright Ig/The New York Times, 13/04/02
"Uma amarga luta na Tailândia entre o governo e a mídia atingiu um ponto tal que uma emissora a cabo repentinamente foi tirada do ar quando noticiava o julgamento do primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.
Momentos depois, o Grupo Nacional, que controla o conteúdo editorial da emissora, acusou o governo de interromper deliberadamente a transmissão de uma entrevista com o Ministro das relações Exteriores, Prasong Soonsiri, um oponente do atual primeiro-ministro.
O editor do Grupo Nacional, Thepchai Yong, disse que acreditava que a transmissão foi interrompida a mando do governo.
Se foi, o corte representou a mais óbvia de muitas ações contra a mídia da Tailândia, particularmente contra o Grupo Nacional, a maior empresa midiática do país, que começou a publicar um jornal de oposição no ano passado. Também como um ato de ataque à empresa, o governo ameaçou expulsar dois jornalistas que trabalham em um jornal de economia.
Depois da crise econômica da Ásia há cinco anos, havia grandes esperanças de que uma imprensa mais aberta surja na região, junto com uma maior transparência nas leis, nos bancos e no comércio.
Alguns acreditam que uma das lições de tal crise deveria ser a necessidade de mais informações e discussões sobre assuntos considerados importantes.
Mas por todo o sudeste asiático, os governos têm tido pouca paciência com a liberdade para a imprensa. Desde 11 de setembro, alguns governos de países com população muçulmana têm proibido a interpretação do islã em revistas ocidentais.
A Malásia, que vem censurando repetidamente sua mídia, não permite a distribuição de revistas ocidentais, incluindo a Time. Em Bangladesh, uma matéria que descrevia a nação como ?casulo do terror? foi proibida este mês.
Poucas pessoas afirmam que haja uma censura. Ao invés disso, afirma-se que a imprensa está passando por um momento difícil para ?estabelecer raízes permanentes?.
?O que estamos vendo é uma batalha confusa com a liberdade de imprensa na região?, disse Lin Neumann, consultor na Ásia para o Comitê de Proteção a Jornalistas, que tem sua base em Nova York.
O nervosismo em relação à liberdade da imprensa vem em um momento no qual Washington deixou de apoiar a mídia da região. A guerra ao terror estimulou um recuo dos programas da era Clinton que dava dinheiro norte-americano para o treinamento de jornalistas e financiava jornais, desde que os governos abandonassem as formas autoritárias de governo."