Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Deborah Berlinck

ECOS DA GUERRA

“Filósofo na trilha do terror islâmico”, copyright O Globo, 11/05/03

“O líquido negro que sai da boca, o último movimento de uma cabeça que já não faz parte do corpo, o enorme facão que corta a jugular e destroça o corpo em dez pedaços. É preciso ter estômago para ler as 536 páginas do livro do filósofo francês Bernard-Henri Lévy, ?Quem matou Daniel Pearl??, recém-lançado na França pela editora Grasset. Com detalhes, em forma de romance, ele relata o terror a que foi submetido o jornalista americano Daniel Pearl, do ?Wall Street Journal?, degolado em 31 de janeiro de 2002, em Karachi, no Paquistão, por terroristas islâmicos. A execução foi filmada pelos assassinos.

Serviço secreto paquistanês alimentaria o terrorismo

Mais do que um relato policial, o livro é uma denúncia. Depois de um ano de investigação e entrevistas, Lévy faz uma afirmação bombástica: o verdadeiro inimigo dos EUA não está no Iraque, mas no Paquistão do presidente Pervez Musharraf, aliado dos americanos. Quem comanda o país é o serviço secreto, que alimenta o terrorismo, afirma o autor.

Segundo o filósofo, o jovem inglês Omar Sheik, que organizou e comandou a morte de Pearl – e que foi condenado à morte no Paquistão -, não era um simples integrante de um grupo de fanáticos, mas agente do serviço secreto do Paquistão e integrante da rede al-Qaeda, de Osama bin Laden. O grande conflito de civilizações, diz ele, não se dá entre o Islã e o Ocidente, mas dentro do Islã, entre democratas e fascistas.

Lévy seguiu os passos de Pearl e de seu assassino viajando pelo Paquistão, pelos EUA, pela Inglaterra e pela Índia. Lévy mostra que, até determinado momento, Pearl e Sheik tiveram trajetórias parecidas: dois alunos exemplares, um judeu e um muçulmano abertos ao mundo.

O autor não pretende ser um narrador neutro. Judeu e democrata como Pearl, começa o livro dizendo que quis reviver a história do jornalista como se fosse a sua própria história. Em muitos trechos, assume um discurso maniqueísta, contrapondo Pearl (o bem) a Sheik (o mal).

Um dos pontos fortes do livro é quando Lévy mostra que os grandes terroristas e fanáticos islâmicos de hoje não são necessariamente fruto da miséria, nem saíram das escolas religiosas do Paquistão, mas de boas escolas no Ocidente. Sheik foi aluno exemplar da prestigiada London School of Economics.

Pearl foi assassinado quando tentava entrevistar o xeque Mubaral Ali Shah Gilani, líder de um grupo que ele pensava estar ligado a Richard Reid, preso quando tentava entrar num vôo de Paris para Miami com explosivos no tênis.

O autor conclui o livro dizendo-se convencido de que o jornalista tinha em mãos provas de que a al-Qaeda tem armas de destruição em massa. E mais: que o nódulo do terrorismo internacional está nos EUA. O lugar onde Gilani mais recrutou gente não foram as ruas obscuras do Paquistão, mas sim os EUA.”

“A volta da imprensa esportiva”, copyright Jornal do Brasil, 11/05/03

“A primeira revista esportiva iraquiana da era pós-Saddam Hussein, Al-Ittihad Ar-Riyadi, começou a circular tendo como tema principal o possível retorno do Iraque aos campos na Copa do Golfo de futebol.

Sob o título ?Nossa seleção nacional estará na próxima edição da Copa do Golfo??, competição prevista para o mês de dezembro no Kuwait, a revista traça o perfil da seleção iraquiana na competição regional, que reúne as seleções da Arábia Saudita, do Kuwait, dos Emirados Árabes Unidos, do Catar, do Barein e de Omã.

A seleção do Iraque foi vitoriosa em três ocasiões (em 1979, em Bagdá, em 1984, em Mascate, e em 1988, em Riad). A última participação do país na competição foi em 1990, meses antes de o país invadir o Kuwait.

Durante o regime de Saddam, seu filho Usay Hussein presidiu a federação de futebol e o comitê olímpico do país. Foi acusado diversas vezes por ex-atletas de tortura e assassinatos.”