Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Em busca de um modelo democrático

TV DIGITAL

Katia Marko (*)

"Agora é o momento de definir se a TV Digital terá um modelo democrático ou se o país vai continuar com esta incrível concentração dos meios nas mãos de poucos." A frase é do jornalista Daniel Herz, diretor de Relações Internacionais da Fenaj, no seminário TV Digital e a democratização da comunicação: O que o movimento social tem a ver com isso?, promovido em Porto Alegre no dia 31 pelo Comitê pela Democratização da Comunicação do RS. Herz, que representa a Fenaj no Conselho de Comunicação Social, instituição auxiliar do Congresso Nacional, e coordena o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, alertou para o momento decisivo que vivemos.

Segundo ele, ninguém tem um modelo pronto, nem mesmo os consórcios que defendem a sua introdução no Brasil. "Temos uma oportunidade extraordinária. É como se estivéssemos nos anos 30 e fôssemos pensar como se daria a implantação do rádio", comparou. "A tecnologia digital vai transformar profundamente a situação da TV."

Para Daniel Herz, o Fórum pela Democratização da Comunicação nunca teve tantas condições de participar deste debate, seja pelo acúmulo de experiência em mais de 10 anos, seja por sua participação no Conselho de Comunicação Social, que pretende subsidiar o Congresso na discussão. As reuniões do Conselho podem ser acompanhadas ao vivo na TV Senado, todas as segundas-feiras, das 14h às 17h.

Brasil despreza parceria com a China

O jornalista salientou que, além dos consórcios americano, europeu e japonês, o governo da China está desenvolvendo um projeto próprio de TV Digital. Estranhamente, o Brasil recebeu a visita de chineses, interessados em compartilhar o desenvolvimento do padrão com exclusividade no Ocidente, mas nada foi adiante. "A China tem um mercado potencial de 330 milhões de receptores e 1,2 bilhão de consumidores", informou Herz. Segundo os chineses, é o padrão mais flexível, por incorporar todos os benefícios dos outros padrões, incluindo mobilidade e portabilidade. "No Brasil são 54 milhões de receptores em potencial. Atualmente, o padrão que detém o maior mercado é o europeu, com 270 milhões de receptores."

Além de explicar as mudanças que a TV Digital trará, Herz propôs alguns questionamentos para o aprofundamento do debate: por que a pressa no Brasil, já que em todos os países a digitalização está dando problemas? Como se dará a massificação dos equipamentos? Vamos produzir tecnologia ou importar tudo pronto? Qual será o software utilizado, o da Microsoft? E a conexão entre TV e rádio digital, TV e serviços de telecomunicações, e com a TV por assinatura? Como se dará a estruturação do modelo de serviços? Para ele, responder a estas perguntas é fundamental para a definição de um modelo democrático de comunicação no Brasil. "Hoje, a mídia não representa a pluralidade que existe na sociedade", disse. "Democratizar a comunicação significa possibilitar a maior pluralidade possível."

Cartilha explica digitalização

Para entender melhor todas os problemas que envolvem a adoção da tecnologia digital, o Comitê do RS editou a cartilha TV Digital e a Democratização da Comunicação: O que a sociedade tem a ver com isso?. As entidades interessadas em adquirir cotas devem entrar em contato com a assessoria de imprensa da CUT-RS, pelo e-mail <impcutrs@terra.com.br> ou pelos telefones (51) 3224-2484 ou 9173-6899.

A próxima reunião do Comitê pela Democratização da Comunicação é no dia 10 de setembro, às 20h, no Sindicato dos Jornalistas do RS.

(*) Jornalista, assessoria de imprensa da CUT-RS