imple, Short and Stupid” são os 3S de um tipo de jornalismo hoje amplamente praticado nos Estados Unidos. O semanário Time, que, até a sua incorporação ao império Warner, mantinha um razoável padrão de qualidade, aderiu à formula simplista do telejornalismo impresso. Hoje, é uma sombra do que foi, inclusive em matéria de prestígio.
A fórmula começou a entrar semanalmente no Brasil, a partir de 2/4, nas páginas da Folha, justamente o jornal que apregoa um compromisso crítico. Todas as quintas, a Folha está publicando um tablóide de 24 páginas simulando uma versão brasileira da Time: média de sete matérias, internacionais, sempre no gênero light, com uma página ainda mais light, tipo “Gente” (americanos, claro).
O Jornal do Brasil já faz o mesmo com a Fortune (do mesmo grupo), também a Gazeta Mercantil com uma publicação mais densa, o Foreign Affairs. O Estadão reproduz semanalmente quatro páginas do Wall Street Journal.
Estas publicações simuladas ou disfarçadas nada têm a ver com a tradicional publicação de artigos isolados, comprados aos grandes jornais internacionais (New York Times, Financial Times, The Guardian, El País, Le Monde, etc.).
São inseminações artificiais, preparação para o lançamento no país de edições autônomas em português. Sem nenhum benefício direto ao mercado jornalístico brasileiro, a não ser a contratação de tradutores.
São igualmente ensaios de parcerias empresariais ou parcerias empresariais disfarçadas para driblar o artigo 222 Constituição, que, teoricamente, vedaria a entrada de capitais externos em empresas jornalísticas brasileiras.
No caso da Time, a iniciativa faz parte da luta Abril versus Globo. Como se sabe, a Editora Globo, pertencente ao grupo Roberto Marinho, vai lançar breve um semanário para concorrer com a Veja. Do projeto fazia parte um contrato com a Time para a compra de suas matérias.
A Abril correu e não deixou. Em troca, aceitou lançar People em português (velho desejo dos americanos) e negociou para a Folha a compra dos direitos do semanário que, assim, entra sub-repticiamente no mercado brasileiro.
Com uma parcela ínfima destes investimentos poderíamos ter jornais com mais espaço e correspondentes brasileiros fixos nas principais capitais do mundo – como sempre foi da tradição brasileira.
Todos saem ganhando, menos os leitores.
OS OBSERVADORES