O MODO DE OBTER UMA informação pode desqualificá-la. Foi isso o que dissemos quando a repórter de Veja, sem identificar-se, juntou-se à equipe de advogados de defesa do “maníaco” do Parque e ouviu a sua confissão. A onda armada pela Folha com relação a este caso seguiu o mesmo raciocínio. Que também funciona no Direito no tocante à obtenção de confissões sob tortura – não valem.
Agora, a Folha admite que os seus repórteres não se identificaram como jornalistas para obter num hotel madrileno a informação de que o ministro das Comunicações Mendonça de Barros passara um dia por conta da Telefónica de Espanha.
Mas o jornal insiste na denúncia. O ministro nega, mostra documentos. A Folha está gastando neste episódio dez vezes mais espaço e retórica do que no caso da viagem do prefeito Celso Pitta a Paris por conta da empresa que disputa uma concorrência. Entende-se.
O caso é irrisório, importam os princípios: a Folha acha que configura favorecimento. Este Observador considera que a pretexto de um “jornalismo crítico” o jornal está praticando o denuncismo irresponsável.
Jornalista deve identificar-se.
Jornalista não pode admitir que os fins justificam os meios.
Jornalista não pode esquecer que a sua missão é a busca da verdade. Portanto, os métodos empregados não podem invalidar os resultados dessa busca.
TÓPICO FINAL do comentário “O risco de um fiasco” na nobilíssima Página Dois da Folha (14/10/98): Será um milagre se um escândalo não atingir a candidatura de Paulo Maluf ou a de Mário Covas. Ou as duas.
Prognóstico infalível.
INFORMAÇÃO Nº 1: o governo decidiu que funcionários, mesmo graduados, não podem viajar de primeira classe. Só na classe executiva.
Informação nº 2: o secretário do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, viajou para Washington para levar ao FMI a proposta do governo brasileiro de ajuste fiscal.
Junta-se a Informação nº 1 com a Informação nº 2 e obtêm-se a Informação nº 3. Não necessariamente verídica, mas sensacional: Pedro Parente viajou para Washington irritado porque não poderia acomodar-se na 1ª classe.
(IstoÉ, 21/10/98, p. 28.)
SÃO HISTÓRICAS AS SINERGIAS entre a TV Bandeirantes e as diferentes campanhas de Paulo Maluf. Imaginava-se que a partir do momento em que seu principal âncora, Paulo Henrique Amorim, converteu-se num exigente crítico da conduta da TV Globo, a Bandeirantes teria mais compostura.
Não foi o que aconteceu no debate televisivo entre Mario Covas e Paulo Maluf (domingo, 18/10/98). A Bandeirantes malufou do princípio ao fim:
* Admitiu a presença da claque de Maluf que ostensivamente prejudicou as intervenções de Covas.
* Colocou um jornalista, como José Paulo de Andrade, evidentemente simpático a Maluf.
* Escolheu um moderador fraco (Sergio Rondino) que se submeteu à claque e ao próprio Maluf.
* Terminado o debate antes mesmo de ouvir os protagonistas entrevistou Duda Mendonça, o Goebbels de Maluf, que já estava pronta para sacar estatísticas dando Maluf como o grande vitorioso.
* Ignorou um levantamento feito pelo DataFolha, colocado no ar pelo UOL, imediatamente após o debate. que dava Covas como vitorioso (70% dos votos).
Vamos esperar a reação do Jornal da Tarde e da Agência Estado, co-patrocinadores do “debate”.