Sunday, 06 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Imprensa antecipa veredicto

MONITOR DA IMPRENSA

CASO HANSSEN

É bom que Robert Philip Hanssen, ex-membro da FBI, seja mesmo culpado. É bom que seja o espião que recebeu 600 mil dólares em cash e diamantes por 15 anos de "xeretagem" para o Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti (KGB) e para seus chefes do Kremlin. É bom que seja o dedo-duro dissimulado descrito nas 109 páginas dos depoimentos de testemunhas, publicadas em 20 de fevereiro.

É bom que ele seja realmente um mau menino, ou a mídia norte-americana que o julgou e o acusou antes mesmo de ter sido indiciado perderá credibilidade, de acordo com Allan Wolper [Editor & Publisher, 9/4/01]. Os repórteres que lotaram a Corte de Alexandria, no estado de Virginia, EUA, para as audiências preliminares no mês passado não estavam preocupados com o público. Não foram fundo no caso ? não pressionaram a FBI para obter mais informações, não buscaram se informar o que Hanssen fez com o suposto dinheiro.

"Todos na mídia concluíram que ele é culpado", disse Paul Bradley, um repórter que está fazendo a cobertura para o Richmond Times, em Virginia. Segundo ele, parece que o interessante é manter o personagem em destaque, sem se preocupar onde foi parar o dinheiro. E a mídia não parece estar ligando. "Pedi à imprensa que fosse cética quanto a quaisquer informações que recebe", afirmou Plato Cacheris, advogado de Hassen. "Ele ainda nem foi indiciado. O tipo de revelações que estão sendo noticiadas tem um impacto imenso em nossa tentativa de obter um júri imparcial."

Hanssen alegou inocência nas acusações preliminares de espionagem e transmissão de informações da defesa nacional. Apesar de ser julgado apenas no mês que vem, o veredicto da mídia já está pronto.

ORIENTE MÉDIO

Até 11 de abril, seis dias após sua detenção em Belém, Israel, pela Autoridade Palestina, não havia sinal de Yussef Samir, jornalista árabe de 63 anos, visto pela última vez uma semana antes no quartel-general da Polícia Palestina.

Samir é um radiojornalista veterano, que trabalha no serviço de Rádio Árabe de Israel. Foi detido para um interrogatório pela tropa de elite de Yasser Arafat após fazer compras em Belém com sua mulher, informa Etgar Lefkovits [The Jerusalem Post, 11/4/01].

Shahar Ayalon, comandante de tropas da Judéia e da Samaria, afirmou que "espera muito que Samir ainda esteja vivo" e que está "profundamente preocupado quanto a sua sorte".

COBERTURA DELICADA

Enquanto Michael Bloomberg decide se se candidata à prefeitura de Nova York, os empregados de sua vasta organização mediática discutem a possível cobertura da companhia caso a candidatura realmente aconteça, informou Paul D. Colford [New York Daily News, 8/4/01]. Segundo o editor-chefe do noticiário da Bloomberg, Matt Winkler, o patrão não receberá nenhum tipo de atenção especial, pois o foco da rede continuará sendo o mercado financeiro. "Informaremos qualquer coisa que ele diga ou faça como candidato", garantiu Winkler.

A política da Bloomberg News consiste em não informar sobre atividades da própria empresa, utilizando-se de resumos da cobertura de outros veículos sobre a firma e seu fundador. Caso não haja instruções especiais para este caso, disse Winkler, os mil jornalistas da organização adotarão os padrões já existentes.

De qualquer maneira, independente da forma escolhida para reportar a possível candidatura, o impacto de suas matérias na campanha e nos eleitores deve ser limitado. Os índices da rádio Bloomberg não chegam a 1%, a TV Bloomberg é transmitida apenas via satélite ou por sistemas a cabo e seu noticiário online é pago.

Apesar do belo discurso, Henry Goldman, repórter da Bloomberg, está negociando uma mesa na sala de imprensa da prefeitura, utilizada para que jornalistas escrevam sobre o atual prefeito Rudolph W. Giuliani e, agora, sobre as eleições de 2001.

No dia 12 de abril, segundo Elisabeth Bumiller [The New York Times, 13/4/01], os editores de Goldman repetiram incansavelmente que a cobertura do chefe será honesta e justa. E quanto a vantagens da Bloomberg em receber informações sobre o candidato? Winkler não acha que Goldman obterá informações exclusivas só porque trabalha com e para o candidato. Verdade ou não, são muitas opiniões de um lado só da história.

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