Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

João Luiz Rosa

ASPAS

MERCADO

"Evento promove olhar crítico sobre a internet", copyright Valor Econômico, 30/06/01

"Um copo meio cheio ou meio vazio, dependendo do ponto de vista: foi esta a conclusão de um dos painéis mais concorridos do Congresso Estratégias para a Nova e Turbulenta Economia, promovido pelo The Wall Street Journal, em São Paulo. De um lado, o economista Albert Fishlow mostrou otimismo em relação ao futuro do Brasil. ?É importante apreciar as mudanças econômicas ocorridas no país. Há dez anos, a inflação crescia de 4% a 6% por dia e não por ano?, disse o professor a uma platéia de cerca de 300 pessoas.

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, apresentou uma visão menos positivas. Ele disse que parte das reformas necessárias para a economia crescer foram feitas, mas falta muita coisa. ? Ficamos no meio do caminho. ?

A aplicação da tecnologia em várias áreas, do comércio eletrônico B2B até o futuro das corretoras on-line, dominou o encontro, que termina hoje e deve reunir cerca de 600 participantes. Atividades que provocaram muito barulho até pouco tempo, como a compra de ações via internet e os cartões com chip, ou ?smart cards?, foram analisados com olhos críticos. Sobre os ?smart cards ? , o presidente do site financeiro Patagon no Brasil, Michael Esrubilsky. ?A tecnologia não se desenvolveu o suficiente. É uma solução intermediária parecida com o Wap, que não vai chegar a lugar nenhum.? Sobre a cultura de comprar ações via web na América Latina, o diretor da Merrill Lynch, Nicholas Stonestreet, mostrou ceticismo: ?Ainda estamos muito longe. As pessoas na região começaram a se envolver com ações e perderam. Não foi um bom momento para começar ? .

Quanto ao B2B, parece consenso que ainda há muitas oportunidades na região, mas é preciso reunir algumas características para aproveitá-las. ?As estimativas mais conservadoras são de algo em torno de US$ 8,3 bilhões, mas há previsões de US$ 74 bilhões ? , disse a diretora geral da Avaya Inc. na América Latina, Elizabeth Garcia. As chances são maiores para as grandes empresas e para quem compra via internet, embora ainda exista espaço para os pequenos."

"Renda baixa afasta brasileiro da Internet", copyright O Estado de S. Paulo, 30/06/01

"O principal empecilho para o aumento do uso da Internet no Brasil não está na cultura de informática ainda pouco difundida no País, mas na falta de recursos financeiros por parte da população para ter acesso a esses serviços. Segundo executivos da área que participaram ontem do encerramento do seminário ?Estratégias Gerenciais para a Nova e Turbulenta Economia?, promovido pelo The Wall Street Journal, com o apoio do Estado, a inversão desse quadro depende principalmente da participação do empresariado.

?No Brasil há pouco mais de 4% da população com salários acima de R$ 4 mil, mas mais de 9% dos brasileiros já utilizam a Internet?, compara o presidente do provedor de acesso gratuito iG, Nizan Guanaes. O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, completa que o setor produtivo pode e deve agir para tentar reduzir essa defasagem de acesso à informática. A Sadia, por exemplo, começa a desenvolver um projeto-piloto que torne possível criar meios de pôr na casa de todos os seus 29 mil funcionários um microcomputador. Para Guanaes, além do acesso ao sistema, expandir o público no mercado virtual é uma questão de oferecer novos serviços, usando mais pesquisas e menos pressentimentos para desenvolver estratégias de ação.

?A indústria tem de ter mais preocupações operacionais?, diz. Neste sentido, o executivo da Sadia concorda: ?A tecnologia veio para ficar, mas tem de mostrar resultados concretos.?

Guanaes reforça que a Internet é indiscutível, mas tem de ser administrada como um negócio qualquer. ?O problema é que a Internet se acha demais. Se copiar a velha economia, ela tem um futuro maravilhoso pela frente?, acredita. Por isso, o publicitário acha que o ?enfarte? das empresas pontocom era completamente óbvio. Para o presidente da Associados.com e fundador do site Submarino, Marcelo Ballona, as expectativas iniciais do setor foram exageradas e criaram uma percepção de que os investimentos fracassaram. ?Agora virá o período do bom senso?, diz.

?Bolo vai crescer? – A especialista Susan Segal, do JP Morgan Partners, explica que a crise no mercado virtual não é exclusividade do Brasil ou da América Latina. Para ela, será a combinação de empresas tradicionais com virtuais que irá dominar o setor daqui para a frente.

A publicidade online também deverá passar por um processo de combinação com os veículos de mídia convencional para continuar crescendo. Segundo executivos do setor, a Internet já corresponde a cerca de 2% dos investimentos em publicidade no Brasil, podendo chegar a 10% até 2005.

?O bolo vai crescer e a fatia da Internet vai ficar cada vez maior?, afirma o diretor-geral da RealMedia, Peter Johann Gervai. O fermento será fornecido por novas tecnologias que permitirão integrar de maneira interativa e muito mais eficiente as campanhas publicitárias em TV, rádio, mídia impressa e Internet. ?A mídia online pode ser mesclada a outros meios com uma facilidade muito maior?, observa Gervai.

Ballona também prevê o crescimento do mercado de publicidade online no Brasil para os próximos anos. ?Mas sempre com o suporte da mídia offline?, aponta, referindo-se também à interatividade com TV e rádio. Ele calcula que há entre 6 e 7 milhões de internautas no Brasil.

O presidente do Universo Online, Caio Túlio Costa, adianta que, da receita do UOL, cerca de 25% provêem de anúncios publicitários. O restante é bancado pelos assinantes do provedor, que deixou de operar no vermelho em 2001.

Segundo ele, até o fim do ano também BOL, Zipnet e o UOL Internacional devem chegar ao equilíbrio financeiro.

De acordo com os especialistas que participaram da conferência, há ainda outro aspecto do mercado pontocom que cada vez mais será filtrado: o dos fornecedores de conteúdo. Nesta área, devem permanecer apenas empresas que tradicionalmente já têm esta atuação. ?Os grupos que viam a Internet apenas como uma oportunidade de negócios já não existem mais?, afirma Caio Túlio Costa. O gerente de Internet do Portal Estadão.com, Robison Pereira, acrescenta ainda que há de se discutir também esse conteúdo. Segundo ele, está chegando um momento de obesidade da informação, em que poderá haver dados demais para uma demanda não tão grande assim. ?É preciso saber quem usa tudo isso e direcionar os serviços.?"

    
    
    
                     

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