Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

José Paulo Lanyi

CANAL 21

"Canal 21 será rede nacional", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 8/11/02

"Num momento em que vários veículos ostentam listas de demissões, o Canal 21 avança na formação de uma rede nacional – em São Paulo, é exibido pelo canal 21UHF. O diretor do 21, Mario Baccei – ex-diretor comercial da Rede Bandeirantes – assumiu a emissora há um mês e confirma o diálogo com executivos de quatro grandes centros consumidores do País. A rede será montada com infra-estrutura própria e a associação com emissoras de outros estados.

O Canal 21 foi fundado no dia 21 de outubro de 96 e tem como pilar uma programação local que entremeia jornalismo com entretenimento – ênfase na exibição de filmes. Mario Baccei quer consolidar o 21 como um canal voltado para o público das faixas A e B. É uma estratégia que busca o crescimento à distância das emissoras e programações populares, um mercado já definido em São Paulo. ?Queremos a qualidade do cabo em tevê aberta?.

Uma das metas é mudar a linha atual de ?muito filme, pouco jornalismo?, na definição do próprio Baccei. Duas estréias estão programadas para o dia 18:

1) A exibição do programa Larry King, da CNN. Totalmente legendado, trará entrevistas recentes e outras mais antigas que serão veiculadas conforme o apelo dos acontecimentos jornalísticos do momento. Tudo vai depender do ?gancho?. Larry King irá ao ar de segunda a sexta-feira, das 22h30 às 23h30;

2) ?A Casa que eu Quero? é uma comédia de costumes (?não é um humorístico, mas é bem-humorado?) que mostra o dia-a- dia das donas de casa. A atriz Virginia Nowick interpreta uma patroa às voltas com a rotina, sobretudo com as situações provocadas por sua empregada doméstica, vivida pela atriz Andréia Thomé, num cotidiano leve e educativo. O programa irá ao ar de segunda a sexta-feira, das 16h30 às 17h30. Co-produção do Canal 21 e da produtora The VT.

No dia 15 de dezembro, é a vez do ?Rota 21- Férias de Verão?. Um casal de repórteres de 21 anos (olha aí a referência ao nome do canal…) vai percorrer o país e mostrar os recantos, as pousadas, num misto de turismo e prestação de serviço. ?Vamos mostrar muitos lugares bonitos, queremos beleza na tela do 21?. Até o dia 16 de fevereiro, serão 213 boletins e 20 programas de 30 minutos, com dicas de verão. O especial será realizado em parceria com a KN Produções, do Rio de Janeiro.

O Canal 21 também está fechando um novo pacote de filmes que serão exibidos a partir do mês que vem. Na mira, clássicos, aventuras e séries de 30 minutos. ?Vai ser um canal ?clean?, que todo mundo pode ver, o pai, a mãe e os filhos?, diz Baccei. ?Jamais vou mostrar sangue no nosso canal?.

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En Passant

Band No News – A TV Bandeirantes está renegociando o contrato com a agência Reuters. O serviço foi suspenso em setembro por falta de pagamento. Comentário de uma funcionária da emissora: ?Com o dólar do jeito que está, tem mais é que rever mesmo?. A emissora está se virando com a CNN News Source, a CNN International e a CNN em espanhol.

Teleton – Sílvio Luis, José Luiz Datena, Gilberto Barros, Sônia Abrão, Marcos Mion, Jorge Kajuru, Hebe Camargo, Gugu e Otávio Mesquita integram uma lista com mais de cem profissionais da mídia (entre artistas e outros-nem-tanto) que vão participar desta quinta edição do Teleton, especial transmitido pelo SBT para arrecadar doações para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). A abertura será às 21h30 desta sexta-feira. Fafá de Belém canta ?Depende de Nós?, de Ivan Lins. O encerramento será na madrugada do domingo, com Sílvio Santos e Hebe Camargo. A Directv retransmitirá o programa na íntegra. A TV Cultura exibirá flashes. O Teleton é exibido desde 98 com o apoio do SBT.

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Lapidares…

?Nós, dos meios de comunicação, não estávamos preparados para enfrentar novos poderes de opinião do mercado e acabamos reproduzindo, em maior ou menor grau, a histeria. E geravam-se notícias de verdade a partir da histeria, com o dólar subindo e a bolsa despencando?.

Gilberto Dimenstein, jornalista. Folha On-Line, ?Pensata? (05/11).

?Se o repórter contar uma boa história, mas tiver por base informações da polícia, pode até ser uma boa matéria, necessária, inclusive. Mas não será jornalismo investigativo?.

Roberto Cabrini, editor-chefe e apresentador do ?Brasil Urgente?, da Rede Bandeirantes. Revista Imprensa, edição de outubro.

?Foi feriado decidido pela bandidagem?.

Moradores da Baixada do Glicério, no centro de São Paulo, sobre o ?toque de recolher? imposto por traficantes da região. Jornal da Tarde (08/11).

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… e Tumulares

?É impossível se ter um parlamento livre, liberto, com os deputados todos sem condições de manter a sua própria sobrevivência?.

Severino Cavalcanti, deputado federal (PPB-PE), em entrevista à CBN (05/11).

Coitado… Ele sofre da desesperança da morte e vida severina…

?Estou engolindo cada sapo que as pessoas nem sequer imaginam?.

Levir Culpi, técnico do Palmeiras. Agora São Paulo (05/11).

A torcida do Palmeiras já engoliu muitos sapos verdes. Muitos deles com a cara do Levir.

?Presidente da FIA acredita que Schumacher fará mais poles em 2003?.

Manchete da Folha On-Line (04/11).

Eu também, caro leitor, eu também acredito em novas poles do Schumacher… Incrível, não? (*) Com Adriana Dias."

PUBLICAÇÕES COSTUMIZADAS

"O nicho das publicações customizadas", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 17/11/02

"As publicações feitas sob medida para empresas, e que são também conhecidas como customizadas (do tal custom publishing) são hoje um dos mais promissores e rentáveis nichos de mercado existentes. É tão atraente que até a maior editora de revistas do País, a Abril, entrou nesse mercado, através de sua Unidade de Negócios Guias – aquele que produz os vários Guias 4 Rodas e outros.

O primeiro produto, que acaba de sair do forno, sob encomenda do Grupo Telefônica, é o Guia 15, um projeto de alta sofisticação que será distribuído como brinde diferenciado para um seletíssimo grupo de executivos top e clientes das empresas do conglomerado espanhol. Ele foi pensado para esse público específico: ao todo são 90 dicas, entre elas as 15 grandes adegas, os 15 destinos mais atraentes para casais e os 15 grandes programas para famílias (com roteiros no Brasil e no Exterior). Idéia fantástica costurada pelo Diretor Editorial do núcleo Guias, Caco de Paula, e pela Superintendente de Comunicação da Telefônica Empresas, Regina Bernardi, executada pelos colegas Armando Coelho Borges e Gabriela Erbetta. Diz Caco: ?É um caminho que pode vir a resultar em muitos projetos no futuro?.

Crise? Sim, crise, mas talvez por isso mesmo um grande momento para oportunidades, um estratégico momento para investir em idéias novas, um momento talvez único para entrar no mercado, consolidar-se, crescer e demarcar espaço. Momento, portanto, é o mote que fez nascer uma nova iniciativa de três colegas jornalistas que estão investindo dinheiro, suor e talento num novo negócio editorial, numa editora. Qual o nome? Editora Momento!

Juntos, José Fucs, Alcides Ferreira e Píndaro Camarinho Sobrinho fundaram há pouco mais de dois meses a Editora com o principal objetivo de transformá-la numa incubadora de projetos editoriais, com um perfil, portanto, muito diferente das editoras tradicionais que tem seus próprios títulos e que, diante de uma crise como a que enfrentamos – quase sem precedentes – amargam um dos mais difíceis momentos da história. O executivo principal do empreendimento será José Fucs, colega com vasta experiência na imprensa, que dirigiu até recentemente a revista Meu Dinheiro (Abril), integrou o time de editores da Exame e presidiu o portal financeiro Dinheiro.net. Seus dois sócios são também tarimbados e donos de invejável currículo. Alcides esteve vários anos na Folha, tendo sido correspondente em Washington do jornal, foi da Agência Estado (onde participou de forma destacada dos produtos new mídia/broadcast da empresa) e dirigiu a área de conteúdo do Deutsch Bank, até ser chamado por Mailson da Nóbrega e demais sócios para ocupar a mesma função na Tendências Consultoria – uma das mais respeitadas do Brasil -, na qual continua a trabalhar. Píndaro foi diretor de Arte de duas das mais importantes revistas brasileiras, Veja e Exame, e optou por criar sua própria agência, a Camarinha Comunicação e Design.

O primeiro negócio foi fechado com a Rede CBS (Comunicação Brasil Sat) de Rádio, que controla a Kiss FM (102,9 MHz, em São Paulo), especializada em rock clássico. Será a Revista Kiss, voltada para o público masculino, com reportagens, variedades, estilo de vida, comportamento etc. Terá 76 páginas, periodicidade trimestral e uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, com distribuição pela Fernando Chinaglia. Cada edição sairá com um brinde, como o CD com 14 clássicos de rock, da edição de estréia.

Fundada com o apoio de investidores individuais, como se vê, a Momento é um empreendimento ambicioso. Além de atuar na área de custom publishing, vai também desenvolver publicações do tipo one shot, com temas de oportunidades. E quer outros sócios investidores, brasileiros ou não, para ampliar o fôlego de ação e os projetos a serem incubados. Fucs considera o momento (sic) estratégico pois, segundo ele ?estamos entrando numa nova Era no setor de mídia no Brasil?. Vários projetos já estão em gestação para 2003, mas os sócios avisam: ?estamos abertos para avaliar projetos editoriais de terceiros e se forem viáveis investiremos.?

Em outros países, particularmente EUA e também nações européias, as publicações customizadas são um tremendo sucesso há anos. No Brasil, uma das primeiras tentativas comerciais nesta direção ocorreu quatro ou cinco anos atrás, quando a Editora Globo fechou contrato com a Fiat Automóveis para editar a revista Zero Km, que circulou por quase dois anos, fechando por divergências entre as empresas.

Temos, é claro, publicações como a Ícaro, com anos de mercado e que são pioneiras no segmento. Mas sempre foram empreendimentos pontuais e restritos a determinados setores, a aviação entre eles. Nada que possa se comparar ao movimento que estamos começando a observar. Como isso tudo é ainda muito recente, dentro de algum tempo vamos ter certamente um crescimento exponencial, fruto do desejo de um número maior de marcas de querer viabilizar uma publicação customizada. Acontece que o mercado tem um tamanho e a hora que saturar vai sobrar prejuízos para os que fizerem a aposta errada. Nem todas as marcas, afinal, tem charme e importância para gerar empreendimentos dessa natureza.

Acontece que já há empresa especializada e forte nesse segmento, dando um banho de competência. Uma delas é a Editora Trip, dirigida por Paulo Lima, e dona de títulos como a própria Trip e TPM. A empresa tem em seu portfolio cinco títulos customizados, todos de alta sofisticação e grandes alavancadoras de imagem e de negócios para as respectivas marcas. Quem dirige esta área por lá é Fernando Paiva, colega que passou por alguns dos mais cobiçados cargos no segmento de revistas, em publicações como Playboy e Quatro Rodas. O núcleo fixo é minúsculo, pois são publicações que se valem predominantemente de colaborações. E que colaborações! É um mercado que paga bem, em dia, e oferece a oportunidade de realização de trabalhos prazerosos. Não é à-toa que grandes nomes do jornalismo brasileiro (foto e texto) trabalham regularmente para várias dessas publicações, permitindo aos leitores ter acesso a projetos jornalísticos da mais alta qualidade – e que já não são realidade nas publicações tradicionais.

No caso da Trip, que já editava as revistas Daslu, Mitsubishi e Gol, a sua divisão de custom publishing lançou recentemente dois novos títulos, as revistas Expand (30 mil exemplares, semestral, 100 páginas) e Homem Daslu (35 mil exemplares, trimestral, 92 páginas, que se separou da revista-mãe, a Daslu). Entre os colaboradores da Expand, cujo objetivo é a difusão da cultura do vinho, estão Luis Fernando Verissimo, João Ubaldo Ribeiro, Armando Coelho Borges, Thales Guaracy, Gilberto Gil e Tony Belloto, entre outros. Na fotografia, Márcio Scavone, Rômulo Fialdini, Claudio Edinger e João Ávila. A Homem Daslu é uma revista de serviço, a serviço da elegância e com centenas de dicas práticas para o leitor. Traz belas mulheres, todas vestidas. Os colaboradores de texto são Cesar Giobbi, J.R. Duran e Larissa Mussolino, entre outros, com apoio dos fotógrafos Márcio Scavone, Bob Wolfenson e Dede Fedrizzi.

Dois anos e meio atrás, Morris Kachani associou-se a um colega da área comercial, Ricardo Feldman, e montou uma empresa voltada para esse segmento. Logo depois entrou na empreitada Laura Capriglione, que vinha de experiências na linha de frente da imprensa diária, como Morris, mas que ficou pouco tempo com eles. Laura decidiu voltar para o dia-a-dia da grande imprensa (primeiro na Abril, participando do desenvolvimento e lançamento da revista Tudo; e atualmente na Editora Globo, dirigindo a Divisão de Publicações Femininas da empresa). A Editora Livre (nome da empresa), no entanto, prosseguiu firme em sua trajetória e acabou se consolidando, tendo hoje, em seu portfolio três títulos permanentes, as revistas Estilo Peugeot (tiragem de 80 mil exemplares e periodicidade trimestral), Diálogo Médico (bancada pela Hoesch – 80 mil e bimestral) e Moda Mix C&A (trimestral, 200 mil). A empresa tem doze colaboradores permanentes e faz também projetos editoriais especiais, como um livro de final de ano para a Siemens e o calendário de Fernanda Carvalho. Morris, otimista, diz que a empresa já atingiu um estágio que ele considera bom, sem necessidade de grandes arroubos pela frente.

Recentemente quem também montou uma editora com essas características foi Mariela Lazaretti, ex-diretora de Redação da Contigo, que fundou a Quatro Capas e que acaba de lançar a revista Stilo Fiat, já com contrato para lançar outras duas revistas.

Algumas das publicações são abertas à publicidade e o custo de inserção é altíssimo, exatamente por atingir um público seletivo, de alto poder aquisitivo, oferecendo uma receita editorial que combina o lúdico com a imaginação e que pega o público muito mais pela emoção, pela plasticidade, pelo status, pelo estilo e qualidade de vida, do que por qualquer outra razão.

E o que é interessante. É um mercado que está apenas se abrindo no Brasil e as empresas que já atuam no segmento sequer conseguiram ainda arranhar a casca dessa laranja. Há muito por fazer e muito a crescer. E quem tiver ambição, iniciativa e disposição (e, obviamente, algum dinheiro ou algum parceiro investidor) deve analisar com carinho esse emergente mercado."