Wednesday, 09 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Keila Jimenez

COPA 2002

"Globo corta equipe escalada para a Copa", copyright O Estado de S. Paulo, 14/05/02

"Apesar de ter vendido as seis cotas de patrocínio da Copa do Mundo – cada uma por R$ 35 milhões – e de ter criado um pacote de anúncios e programetes para faturar mais em cima do evento, a Globo resolveu apertar os cintos na cobertura da Copa.

Na sexta-feira, a emissora suspendeu a participação da turma do Casseta & Planeta, equipe que já estava escalada para o Japão e a Coréia. A explicação da emissora foi corte de gastos.

Os humoristas fariam reportagens para o Fantástico, Esporte Espetacular e ainda gravariam quadros para o Casseta & Planeta Urgente! durante a competição.

Assim como os cassetas, Tom Cavalcante, que pretendia fazer o quadro do João Canabrava na Copa, também teve seus sonhos frustrados.

Fontes ligadas à direção da Globo garantem que o número de jornalistas escalados para a Copa também foi enxuto.

Vale lembrar que a Globo gastou cerca de US$ 220 milhões pelos direitos de transmissão do evento e não conseguiu repassá-los para nenhuma emissora.

A decisão de cortes veio de última hora. Parte da equipe da rede que participará da cobertura da Copa – com início dia 31 de maio – já embarca na semana que vem para a Coréia."

 

"Quem não gosta de bater no Galvão Bueno?", copyright Comunique-se, 15/5/02

"Eis uma pergunta que eu me faço há algum tempo. Aqui em São Paulo, pelo menos, sempre que ouço esse antropônimo me remeto a duas imagens: à rua do simpático bairro oriental da Liberdade – que nada tem a ver com o locutor – e ao mau-humor que os paulistas costumam dedicar-lhe, sobretudo logo depois de vê-lo e ouvi-lo em ação.

As ?acusações? mais freqüentes:

a. Galvão é bairrista, vive a defender as flâmulas do futebol do Rio de Janeiro;

b. É mais ufanista que o Policarpo Quaresma, aquele personagem hilário do romance de Lima Barreto;

c. Falando em hilariedade, dizem por aqui que ele fala muita bobagem;

d. Exagera na emoção, distorcendo a importância dos lances só para alavancar audiência.

O que eu penso das quatro conclusões:

a. Bobagem, os cariocas o acusam do contrário, de ?proteger? o futebol de São Paulo. Aliás, existe na Internet um site engraçado chamado ?Eu Odeio o Galvão Bueno?. É assinado por um torcedor do Botafogo indignado com o Galvão. Sabe o que o botafoguense argumenta? O locutor não faz ?a menor questão de ocultar o seu amor pelo futebol paulista? e persegue o Botafogo. Por quê? Calma, amigo internauta, leia a resposta do item ?c?.

b. Ah, sim, isso ele é… Perto do Galvão, o Policarpo é um quinta-coluna dos ideais da Nação…

c. O torcedor do Fogão criou o site depois deste suposto comentário do Galvão sobre os possíveis rebaixados do Campeonato Brasileiro (Esporte Espetacular, dia 19 de setembro de 99):

?Ai, já com uma dose de maldade, os rebaixados serão o Botafogo do Rio e mais três?. Não sei se ele disse isso, mas uma coisa garanto: nada mais possível…

Vejamos um exemplo recente: na transmissão da partida decisiva deste último Rio-São Paulo, Galvão criticou o corintiano Fabrício, que acabara de sofrer uma falta homicida de Jean só porque cometera o infame pecado de entortar o zagueiro tricolor, ?sem necessidade?, com uma sucessão de dribles desconcertantes.

O lance provocou a ira dos dois times, houve invasão de campo, etc.etc.

E lá vem o Galvão, dizendo que Fabrício não devia ter feito isso, que driblar daquele jeito era uma provocação, que era desnecessário, que já estava no fim do jogo, que ele estragara tudo… Só faltou mandar flores para o criminoso e ordenar o enforcamento da vítima…

Ora, meu bom Galvão, desde quando driblar, fazer malabarismos, dar um fino trato à pobre da bola é uma atitude repreensível?

Eu mesmo lhe respondo: desde, pelo menos, a época em que um tal de Garrincha (olha o Botafogo aí!) fazia o mesmo e uma meia-dúzia de ?especialistas? o chamava de irresponsável. Hoje, todo mundo fala bem do defunto… (perdoe-me a crueza da expressão).

Dá para entender porque o futebol brasileiro anda tão robotizado, e com tecnologia européia de fundo de quintal…

d. Que ele faz isso, faz mesmo. Como, de resto, a esmagadora maioria dos locutores esportivos o fazem, seja no rádio, seja na televisão. Mas, salvo alguns episódios, penso que isso consiste mais em mérito do que em fraqueza.

Só um homem excepcionalmente talentoso como o Galvão Bueno consegue dar molho a transmissões de peladas tão xexelentas como as desta era de mediocridade do futebol brasileiro. O curioso é que a emoção é, ao mesmo tempo, a sua maior força e a sua maior fraqueza.

Eu mesmo fugi dele na Copa da França. Mas acabei voltando nos últimos tempos.

É um voto de audiência a um profissional que, a meu ver, dá ?um show de ao vivo? e encabeça a lista dos melhores locutores esportivos da televisão brasileira, ao lado de Luciano do Valle.

O Galvão tem cacife, e não é por outro motivo que está há mais de vinte anos no comando das transmissões da Rede Globo (com uma curta ausência da casa para dirigir, em 92, o departamento de Esportes da Rede OM, do Paraná – atual CNT).

Assim mesmo, acho que seu tom emocional dá margem para uma relação de amor e ódio com o telespectador.

Funciona mais ou menos assim: numa rodada esportiva, milhões o amam e outros tantos o odeiam; na seguinte, os que o amavam, passam a odiá-lo; os que o odiavam, passam a amá-lo. E assim vai…

Será que estou enganado?

E você, caro internauta, hoje você tem vontade de bater ou de fazer um afago no Galvão? (José Paulo Lanyi é jornalista e escritor. Membro da Associação Paulista de Críticos de Artes, é editor da CNT e da AllTV em São Paulo)"

 

"A Copa na telinha", copyright O Estado de S. Paulo, 19/05/02

"Mesmo com os horários malucos da Copa do Mundo na Coréia e no Japão, quem quiser assistir aos jogos ao vivo não terá dificuldade. Basta ser amante do futebol, estar disposto e ter tempo livre. As emissoras da Rede Globo (TV Globo e SporTV), que detêm os direitos do evento, prometem transmissão recorde. A TV Globo mostrará 56 jogos ao vivo e oito compactos. A SporTV exibirá todas as 64 partidas, a partir do dia 31, às 8h30 (de Brasília), quando jogam França e Senegal – a cerimônia de abertura, meia hora antes, no Estádio de Seul, com 2.300 participantes, terá mix da tradicional cultura coreana e de tecnologia de vanguarda.

Dos 64 jogos, 23 serão disputados às 3h30 (17 deles na primeira fase) e nove, às 6 horas. Haverá ainda jogos às 2h30, 4h30, 6h30, 8 horas e 8h30 (veja tabela completa no site do Estadão: www.estadao.com.br/copa). A seleção de Luiz Felipe Scolari fará os confrontos da primeira fase, respectivamente, às 6 horas, 8h30 e 3h30.

A tabela prevê jogos simultâneos nos dias 11, 12, 13 e 14 de junho – dessas partidas, a Globo escolherá as oito mais interessantes para mostrar ao vivo. Na Copa da França, em 1998, por exemplo, também foram disputados 64 jogos e a Globo exibiu 53 ao vivo, sem compactos. ?A expectativa é que a audiência atinja índices jamais vistos na madrugada, quando os números do Ibope são bem menores?, afirma Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação. Informa que a média de audiência da meia-noite às 6 horas, entre o dia 1.? de janeiro e 14 de maio, manteve-se em 7 pontos na Grande São Paulo – cada ponto representa 47 mil domicílios.

Durante a Olimpíada de Sydney, em 2000, outro grande evento esportivo disputado na madrugada brasileira – Sydney, na Austrália, está 13 horas no futuro, mas na época da competição antecipou o horário de verão, ficando a 14 horas -, a soma dos jogos da seleção brasileira de basquete feminino entre 3 e 5 horas manteve maior média de audiência da competição na Globo: 7,4 pontos, segundo o Ibope. O time de Antônio Carlos Barbosa ficou com a medalha de bronze. A cerimônia de abertura dos Jogos obteve média de 6,7 pontos e os confrontos do vôlei masculino (terminou em sexto) garantiram 6,5 pontos nesse horário. Dois compactos, com os destaques, tiveram as melhores médias individualmente: 9,8 e 8,3.

O público da madrugada (das 3 às 5 horas) é na maioria feminino (50,5%), na faixa de 35 a 49 anos, em ambos os sexos (21,9%), e da classe C (36,5%). Esse perfil sofre sua principal alteração em relação à faixa etária no outro horário de concentração dos jogos da Copa (entre 8 e 10 horas): 52,9% são mulheres; 22,9% meninos e meninas entre 4 e 11 anos, e 37,8% (ambos os sexos) pertencentes à classe C. Os dados são de abril, segundo o Ibope."

 


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"Globo terá 96 profissionais na Ásia", copyright O Estado de S. Paulo, 19/05/02

"A Rede Globo vai contar com 96 profissionais na Coréia e no Japão, sendo 13 jornalistas. Falcão e Casagrande serão os comentaristas (Arnaldo César Coelho e José Roberto Wright falarão de arbitragem), Galvão Bueno e Cléber Machado, os narradores. Entre os jornalistas, os destaques são: Ana Paula Padrão, Fátima Bernardes, Marcos Uchoa, João Pedro Paes Leme e Ernesto Paglia. O ex-big brother Adriano vai bancar o repórter e acompanhará os jogos, ao vivo, em lugares inusitados no Brasil. Toda a programação estará voltada para a Copa. Além da cobertura nos telejornais e pílulas com destaques do dia, a grade terá boletins diários – nome e horários a confirmar – em duas edições de 10 e 5 minutos.

Segundo o diretor Erlanger, seis cotas de R$ 35 milhões foram colocadas à venda e já comercializadas – AmBev, Volkswagen, Itaú, Coca-Cola, Casas Bahia e DM Indústria (Dorsay). A Globo pagou US$ 220 milhões pelos direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006 (US$ 150 milhões para o evento desse ano). ?Foi oferecido para outras emissoras em sistema de pool por menos da metade do valor pago, mas nenhuma se interessou em comprar?, comenta Erlanger. A Globo, que deve ficar com o prejuízo, ainda tenta vender pacotes de reprises. Está estudando mecanismo que adotará para que cerca de 1 milhão de telespectadores que têm antenas parabólicas possa assistir aos jogos. Isso porque existe uma proibição, dos detentores dos direitos internacionais, de que as imagens da Copa sejam mostradas por parabólicas convencionais.

SporTV – A SporTV, que terá uma equipe de 55 pessoas na Ásia, será a única no País que mostrará todos os jogos ao vivo. Luiz Carlos Jr. e João Guilherme farão as narrações e Júnior, Rivelino e Leivinha, os comentários. A equipe de reportagem será formada por Laís Lima, Patrícia Maldonado, Marcos Garcia e Kiko Menezes. Nos dias em que houver dois confrontos simultâneos – o que ocorrerá somente na primeira fase -, será utilizado o canal local das operadoras, sem custo adicional para o assinante. A SporTV exibirá também um teipe por dia, às 21 horas, do principal jogo da rodada anterior.

Terá ainda blocos especiais no noticiário Sportv News, flashes durante a programação e atrações específicas (como filmes oficiais das Copas, desde 1954). Além disso, entrará no ar a Copa em dois Tempos, a partir do dia 31, às 20 horas – Armando Nogueira comandará debates diários, ao vivo da Coréia.

Pay-per-view – As operadoras Sky e Net já negociam pacotes pagos para a Copa (o preço sugerido pela SporTV é R$ 139, 90 na compra, por telefone, e R$ 129,90, pela internet). A SporTV terá quatro canais Premiere Esportes adicionais para quem quiser ?controlar? as imagens – da meia-noite às 10 horas, o torcedor poderá usar o recurso nos jogos ao vivo. Cada canal transmitirá, simultaneamente, o mesmo jogo, com ângulos diferentes – o Premiere 1 terá a câmera no alto do estádio, os canais 2 e 3 acompanharão os times (técnico, torcida, banco, etc.) e o 4 vai reprisar, em câmera lenta, os melhores momentos.

Das 12 horas à meia-noite, o Premiere Esportes exibirá teipes das partidas da rodada anterior continuamente. O esquema será semelhante ao de sessões de cinema: a cada duas horas, nova partida entrará na telinha – as reprises do Brasil serão às 12 horas.

Dribles – Cultura, SBT, Record, RedeTV! e Bandeirantes acompanharão a Copa em seus noticiários e mesas-redondas. Já as outras emissoras especializadas em esporte, a ESPN Brasil e Bandsports (ver matéria ao lado) pretendem driblar a falta de jogos com atrações relacionadas ao Mundial.

A ESPN terá três equipes nos países-sede: André Plihal acompanhará a seleção brasileira e seus concorrentes na Coréia; Helvídio Mattos ficará no Japão para mostrar as outras equipes; e a videorrepórter Renata Falzoni, fará matérias com torcedores, de ambiente, cultura, etc. Esse material será aproveitado, principalmente, no Sportscenter Copa, diariamente, às 10h30, após a realização das rodadas – a atração terá mais quatro horários. Antero Greco e Fernando Calazans, que também estarão na Ásia, serão os comentaristas.

Durante a Copa, o Linha de Passe: Mesa-Redonda deixará de ser semanal. Irá ao ar todos os dias, às 21 horas, com participação do público, por e-mail e fax. Às 16 horas, aos sábados, entrará em campo outra mesa-redonda, o Loucos por Copa, que também abordará fatos de antigos Mundiais. Domingo, às 14 horas, na Babel Futebol Clube, jornalistas estrangeiros radicados no País avaliarão o desempenho de suas seleções. Durante os jogos do Brasil, no programa Os Corujões, José Trajano, Paulo Vinícius Coelho e Paulo César Vasconcellos assistirão ao jogo direto do estúdio da ESPN e comentarão o desempenho da seleção brasileira, sem imagem da partida."

 

FERRARI ANTIESPORTIVA

"Mediolli e o vexame da Ferrari", copyright Comunique-se, 14/5/02

"O diretor-presidente do jornal O Tempo, deputado federal Vitório Mediolli (PSDB), comentou, em artigo publicado nesta terça-feira (14/5), o resultado da última prova de Fórmula I, quando o piloto brasileiro Rubens Barrichelo literalmente entregou a vitória a seu companheiro de equipe na Ferrari, Michael Schumacher. Ele disse que a Formula I ?definitivamente, não é mais um esporte, mas sim um caro show business que adota a regra fria do aplicador de bolsa: o lucro em primeiro lugar?. Lembrou que ?até a torcida fanática da Ferrari vaiou a dobradinha invertida?, destacando ainda que ?a vergonhosa decisão pode parecer estranha mas, atrás dela, mais que o espirito esportivo, se encontra o dinheiro aplicado pelos patrocinadores?.

?Ainda bem que o campeão alemão cedeu no pódio o lugar mais alto e o troféu de vencedor a Rubinho que, entre suor, lágrimas e champanha, parecia um menino injustamente surrado pela mãe?, revelou Mediolli, acrescentando que este segundo lugar ?ficará na história do automobilismo brasileiro, que já ganhou oito títulos mundiais, como o seu segundo pior dia. O primeiro continua sendo a morte de Ayrton Senna, o piloto que tirava dos carros os cavalos que não tinham para alcançar as vitórias mais surpreendentes?."