Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Keila Jimenez

JOGO DA VIDA

“Novo programa de Márcia sofre denúncia de fraude”, copyright Estado.com.br (www.estadao.com.br), 3/11/03

“Mal estreou e o novo programa de Márcia Goldschmidt, Jogo da Vida, já apresenta denúncia de farsa. A atração – uma espécie de Namoro na TV repaginado – estreou na Band em 12 de outubro, e já em sua segunda edição, no dia 19, pegou um telepectador de surpresa. O administrador Marco Salles conta que levou um susto quando, ao assistir o programa, viu um conhecido seu, Márcio Angelo Cruz, ao lado de Márcia Goldschmidt no palco, esperando para receber uma declaração de amor de uma garota que ele não conhecia. Salles, que diz conhecer o rapaz há mais de 12 anos, estranhou vê-lo na TV nessa situação, pois sabe que ele é casado há dois anos. Depois de muita enrolação, conta ele, a moça se apresentou para Márcio e declarou o seu amor secreto. Tudo seria quase normal se a moça que fingia amar Márcio secretamente não fosse Juliana, sua própria esposa.

?Fiquei assustado, me senti um bobo. Quem viu o programa e não conhecia o casal acreditou que eles nunca tinham se visto na vida, que a moça estava se apresentando para o Márcio pela primeira vez?, denuncia Salles. ?Acho um absurdo um programa novo já estrear com uma farsa. Eles pensam que os telespectadores são idiotas.? Salles diz que não conseguia acreditar na reação estranha do amigo em cena. O administrador conta que chegou a enviar um e-mail para a Band questionando a farsa. Diz que recebeu uma resposta da produção do programa atestando que todos os dados dos participantes do Jogo da Vida são checados e que em breve entrariam em contato com ele para explicar o que aconteceu. ?Nada, não me deram nenhum retorno?, diz Salles.

Procurado pela reportagem do Estado, Márcio Cruz disse que foi pego de surpresa pelo convite para participar do programa e que foi até lá para ver do que se tratava. Ao ver a esposa, explica, ficou emocionado e não achou necessário dizer que aquela mulher era casada com ele. ?Foi uma surpresa que ela me fez, não foi armação?, diz Márcio. ?Minha vida pessoal só interessa a mim.? Dono de uma clínica de estética, Márcio voltou a ligar para a redação do Estado para explicar melhor: ?Estávamos brigados na época e poucos sabiam. Mas eu não achei necessário contar isso na televisão?, argumenta.

A denúncia de farsa no Jogo da Vida aparece bem na hora em que a Band resolveu apostar todas as fichas na atração, tirando do ar o outro programa de Márcia, o A Hora da Verdade, que deve sair de cena até o fim do ano justamente por ter acumulado algumas acusações de casos inverídicos.

Resposta da Band

Quanto à nova acusação de farsa, a primeira envolvendo o Jogo da Vida, a Band informa que o casal que participou do programa assinou um termo dizendo que suas declarações são verdadeiras e que ambos se apresentaram à produção como solteiros. ?A história de Juliana, que se dizia apaixonada por um amigo, foi checada antes da exibição com a sua irmã, que confirmou todos os fatos?, afirma a resposta da emissora à reportagem.

Após ser procurada pelo Estado sobre o episódio, a Band diz que voltou a checar o caso, mas, desta vez, bingo, descobriu que Juliana e Márcio realmente são casados. Segundo a emissora, agora, o próprio Marcio admitiu, alegando a mesma história contada à reportagem: ambos estavam separados, na época, e ela temia ser rejeitada pelo programa, caso contasse a verdade. ?A Band lamenta o episódio? e ?tomará as medidas judiciais cabíveis?, informa a nota.?”

 

TVs CATÓLICAS

“TVs católicas disputam mesmo canal em SP”, copyright Folha de S. Paulo, 30/10/03

“Uma disputa judicial entre a TV Sul Bahia (do publicitário Nizan Guanaes) e a TV Diário do Grande ABC (família Dotto) pelo canal 40 (retransmissor) de São Paulo está colocando em atrito as emissoras católicas Rede Vida e TV Canção Nova (de ala carismática).

Em 2002, o Ministério das Comunicações tomou da TV do ABC o canal 40 e o transferiu a Guanaes. A família Dotto, dizendo que o processo foi irregular, obteve liminar, revertida depois pela TV Sul Bahia no STJ.

Amparada na decisão do STJ, que lhe devolveu, embora preliminarmente, o canal, a TV Sul Bahia acaba de alugá-lo à Canção Nova, que chegou a anunciar à imprensa, anteontem, a ?inauguração? do canal 40 no próximo sábado, com missa na Catedral da Sé. Mas, ontem, desmarcou a festa, argumentando que pretende realizar ?um evento maior?.

?A Rede Vida não tem interesse em sair do canal 40. Nós criamos durante oito anos o hábito de assistir à Rede Vida no 40 e isso tem um preço. A Canção Nova é co-irmã, mas não está sendo elegante. Não teve a delicadeza de falar conosco?, diz João Monteiro de Barros Neto, diretor da Rede Vida, que em 2002 ganhou o canal 34, mas ainda não pode operá-lo.

A Rede Vida diz também que a Sul Bahia (afiliada do SBT) ainda não obteve aval do governo para retransmitir a Canção Nova e que, assim, não sai do canal 40. A Sul Bahia não se manifestou.

OUTRO CANAL

Timbre

Não vai mais ser testado em especial de fim de ano, mas o projeto do musical ?Elas Cantam?, com a grife de Daniel Filho, continua de pé na Globo, como opção para o ano que vem. A emissora está montando um elenco pouco variável de cantoras.

Outro lado

O PSDB negocia uma entrevista com algum cacique do partido no ?Programa do Jô?. E quer o mesmo tratamento (acrítico) dado ao petista José Dirceu na edição da última segunda-feira.

Avalanche 1

Juca Kfouri está tentado a aceitar proposta da TV Cultura para apresentar o ?Cartão Verde?, no lugar de Flávio Prado, que vai para o ?Mesa-Redonda? (Gazeta). Mas quer cumprir seu contrato na Rede TV! (que o substituirá no ?Bola na Rede? por Roberto Avallone), até julho, e ficar nas duas.

Avalanche 2

Ontem, a Rede TV! propôs a Kfouri um programas às segundas, sobre futebol europeu e NBA (basquete). O motivo não declarado de sua saída do ?Bola na Rede? é que Kfouri se recusa a fazer merchandising _considera incompatível com jornalismo.

Casal 20

José Luiz Datena e Marcia Goldschmidt vão dividir o palco do ?Band Vida?, maratona beneficente da Band, no próximo dia 16.

Liberado

A Rede TV! se comprometeu a fazer ajustes, e o Ministério da Justiça liberou a novela ?Gata Selvagem? para a faixa vespertina.”

 

TV / IBOPE

“Verão derruba ibope de sábado e domingo”, copyright Folha de S. Paulo, 29/10/03

“O horário de verão de 2003/04 reduziu o público de televisão em até 28% em sua primeira semana de vigência. A queda, no entanto, ocorreu apenas nos sábados e domingos. Nos demais dias, o total de televisores ligados permaneceu estável na semana passada, em comparação com as quatro semanas anteriores.

Nos dois últimos domingos, o total de aparelhos ligados entre 14h e 18h na Grande São Paulo foi de 46,7% (dia 19) e 46,9% (26). No dia 12 de outubro, esse percentual foi de 51,8%, uma redução de até 9,8%. Na faixa entre 18h e 0h dos domingos, a queda foi semelhante, de até 9,6%. O total de ligados, que foi de 61,6% no dia 12, caiu para 55,7% no dia 19 (primeiro dia do horário de verão) e para 56,2% no último domingo.

Já aos sábados a audiência despencou no horário de verão. No último dia 25, 41,3% dos televisores da Grande São Paulo estiveram ligados entre 14h e 18h. No chuvoso dia 11, esse percentual foi de 57,1%, queda de 27,7%. Na comparação com dias ensolarados, a queda foi de 10%. Já nos demais dias, a audiência permaneceu estável (de 64% a 66%).

Quase todos os programas de sábados e domingos, de todas as TVs, inclusive futebol, perderam audiência com o horário de verão. Por exemplo, o ?Domingão do Faustão?, que vinha acima dos 22 pontos, está agora nos 19. O ?Domingo Legal? desceu dos 19 para os 15/16 pontos.

OUTRO CANAL

Cadeiras 1

O jornalista Flávio Prado (TV Cultura) assinou ontem contrato com a TV Gazeta, onde irá comandar o ?Mesa-Redonda?, no lugar de Roberto Avallone, demitido no início do mês.

Cadeiras 2

Já Avallone também assinou ontem, com a Rede TV!. Vai apresentar (provavelmente ainda neste ano) o ?Bola na Rede?, no lugar de Juca Kfouri, que, segundo o canal, terá maior espaço nos telejornais e comentará as transmissões de futebol europeu em 2004.

Confusão 1

O SBT criou o conceito de ?resposta viável? para justificar o erro que deu o prêmio inédito de R$ 1 milhão ao aposentado Sidiney de Moraes no ?Show do Milhão? de quarta-feira passada. À pergunta: ?Em que dia nasceu e em que dia foi registrado o presidente Lula??, Moraes respondeu ?6 e 27 de outubro?.

Confusão 2

A resposta está errada. O correto é que Lula nasceu no dia 27 e foi registrado no dia 6. Como as outras três opções também estavam erradas, o SBT preferiu sair-se com essa de ?resposta viável?. E não admite que errou.

Astral

Em seu programa de anteontem, Hebe Camargo reafirmou o erro do ?Show do Milhão?. E induziu a convidada Fernanda Montenegro, que saiu com esta: ?Então o presidente é libriano?. Não, Lula é escorpiano.”

 

SEXO FRÁGIL

“Incoerência prejudica ?Sexo Frágil?”, copyright Folha de S. Paulo, 29/10/03

“Os seriados norte-americanos penetram o espaço aéreo da TV brasileira, uma TV que até hoje se diferenciou no panorama internacional justamente por uma estranha capacidade autóctone de produção.

As convencionais sitcoms estão disponíveis nos canais a cabo. De lá inspiram produções da TV aberta, que deixam a desejar.

É o caso de ?Sexo Frágil?, o seriado que substituiu ?Os Normais? no horário nobre da sexta-feira. O novo programa foi anunciado como uma versão masculina de ?Sex and the City?, a sitcom exibida no Multishow.

O projeto de realizar uma comédia de costumes que expressasse o ponto de vista dos homens sobre a instabilidade das relações amorosas pós-liberação da mulher acabou por se revelar uma versão tupiniquim de outra sitcom, ?No Mundo dos Machos?, que o mesmo canal exibe às segundas. O pastiche não funciona.

Quatro moços embaixo de um edredon comendo pipoca e assistindo TV de frente para a câmera não passam de expressão literal dos gringos ?couch potatoes?. Suas tentativas fracassadas de conquistar garotas não têm graça. A não ser por características físicas como cor ou penteado, os personagens não se diferenciam uns dos outros.

A opção por trabalhar exclusivamente com atores homens contribui para a baixa potência cômica do programa. Situações pensadas como hetero aparecem como interações homo. A incoerência dramática prejudica.

Nem tudo em ?Sexo Frágil? é importado. O novo programa herdou de seu antecessor, que ?saiu da TV e entrou para o cinema? (como se essa passagem significasse necessariamente uma promoção), o olhar direto para a câmera e as brincadeiras auto-reflexivas. Vani e Rui, de ?Os Normais?, chamavam flashbacks. Nossos novos candidatos a heróis chamam os comerciais.

Mas o que era hilário no outro, aqui é enfadonho. As opções de produção adotadas pela equipe de ?Os Normais? são soluções para equações muito concretas, do Rio de Janeiro de hoje.

Gravações principalmente em estúdio, suporte digital, poucos -mas bons- atores são ingredientes que se somam à qualidade de texto e cuidado de pós-produção, para resultar em um produto que repercutiu desde o primeiro episódio.

Com temporadas mais ou menos engraçadas, ?Os Normais? é mais uma demonstração de que é possível fazer barato, com inventividade. O mesmo não vale para ?Sexo Frágil?, que ainda não disse a que veio. (Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP)”