Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Luto e missão cumprida

11/9, UM ANO DEPOIS

Mensagens de luto e esperança dominaram a mídia americana no dia 11/9. As redes de TV, que pararam por um minuto às 8h46 ? momento do impacto do primeiro avião no World Trade Center ?, tiveram extensa programação especial e os jornais publicaram cadernos extras. A cautela com a sensibilidade do público foi fator importante para os profissionais de comunicação. Os anunciantes em geral quiseram manter suas marcas desassociadas da triste data. No entanto, houve companhias que resolveram fazer homenagens.

Os executivos de TV sequer sabiam se as pessoas estariam dispostas a ver televisão. A primeira-dama Laura Bush havia recomendado aos pais que desligassem a TV e lessem algo para seus filhos ou acendessem uma vela. No entanto, imagens fortes como as dos aviões se chocando contra o World Trade Center, que haviam desaparecido nos EUA, voltaram e puderam ser vistas repetidas vezes. A CNN eventualmente avisava o telespectador de que algo de mais impacto estaria por vir. "Compreensivelmente, isto é difícil de assistir", disse a certa altura o apresentador Aaron Brown. Gráficos patrióticos, como as faixas azul e vermelha na MSNBC e uma bandeira tremulante na Fox News, também voltaram após um ano.

O alerta laranja, significando alto risco de ataque terrorista, imposto pelas autoridades de segurança americanas, deu origem a polêmica envolvendo emissoras de notícias da TV a cabo que colocaram um selo "Alerta de terror: alto" durante os programas. Isso levantou críticas de que seria um recurso sensacionalista. "Se não está me informando nada de novo, é difícil justificar jornalisticamente. Como cidadãos temos nos confrontado com esse tipo de alerta há quase um ano", reclama Tom Rosenstiel, diretor do Projeto pela Excelência no Jornalismo. As redes de notícias retrucam que seria irresponsabilidade não noticiar o aviso do governo. Contudo, o fato de que o selo sumia durante os comerciais deixou dúvida com relação à boa intenção dos canais.

Muitos jornais prepararam cadernos com temas ligados às conseqüências dos ataques. O New York Times veio com dois encartes ? Um Ano Depois e Um Ano de Dor, ambos com a marca Uma Nação Desafiada, que esteve presente durante quase todo o ano e que deu ao diário a premiação recorde de sete Pulitzers. Além de matérias que seriam de se esperar, como perfis de vítimas e sobreviventes, o jornal também abordou a situação das empresas inquilinas do WTC e das redondezas, além de traçar uma linha do tempo com eventos divididos em categorias mês a mês. A surpresa ficou por conta do artigo Assegurando o triunfo da liberdade do presidente George W. Bush, usual inimigo do diário, em que ele trata da "grande oportunidade" oferecida pela guerra ao terrorismo para "criar um equilíbrio do poder mundial que favoreça a liberdade do homem".

O alerta laranja foi tema central do encarte de 24 páginas do Daily News. No caderno especial do Newsday, também com 24 páginas, 25 sobreviventes e parentes de vítimas tiveram espaço para contar suas histórias de próprio punho. O New York Post assumiu o patriotismo e trouxe caderno de quatro páginas com a frase "Para que não esqueçamos" junto à foto do WTC antes dos ataques. Dentro do encarte, a bandeira americana e uma foto com doze crianças sorridentes e a mensagem: "Há um ano cada um deles perdeu um pai no WTC. Com coragem, resistem. Nova York se orgulha deles". As informações são de Editor & Publisher [11/9/02], AP [11/902] e Variety [11/9/02].