Tuesday, 10 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1317

Mario Lima Cavalcanti

ERRAMOS ONLINE

"Folha Online acerta com ?Erramos?", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 19/08/03

"A Folha Online colocou no ar no último dia 8 o ?Erramos?, um espaço fixo para erratas que pode ser acessado a partir da barra de navegação da página inicial. O jornal diz ser o primeiro no Brasil a criar tal seção, que, segundo ele próprio, será eterna. A aposta faz parte de uma velha idéia que virou decisão editorial apenas na última reforma gráfica que o jornal fez, em abril deste ano.

Ricardo Feltrin, diretor-executivo interino e colunista da Folha Online, conta que apesar de o espaço ser recente, ele vem sendo alimentado há algum tempo: ?A seção entrou de fato no ar no último dia 8, uma sexta-feira, mas já a estávamos alimentando desde o dia 24 de julho. Aliás, eu tive a honra de estrear a seção (risos). Errei a origem de um microfone que João Gilberto usou num show em Los Angeles. Disse que era alemão, mas era austríaco?, conta.

Quando perguntado se ?Erramos? é ?apenas? uma seção de erratas ou algo mais além disso, Feltrin já tinha a resposta: ?Para quem erra eu diria que é um espaço para reflexão sobre apuração e escrita, auto-avaliação sobre métodos jornalísticos e fontes e, claro, de penitência pública. Estamos corrigindo também os erros cuja origem muitas vezes é a polícia, uma secretaria, uma assessoria de governo que informaram algo errado. O ?Erramos? é para todos.?.

Quem costuma ler a Folha Online sabe que as erratas já existiam dentro das matérias – muitas vezes destacadas em itálico -, mas a criação de ?Erramos? com o objetivo de ser uma área exclusiva para publicacão de erratas – tanto da versão online quanto da impressa – confirma a preocupação do veículo com a coisa toda. Conversando com Ricardo, eu pude perceber o grau dessa preocupação. Ele informa que várias áreas do jornal participaram do processo de criação da seção: ?Aos poucos fomos percebendo que não bastava só isso. Corrigir dentro das matérias não resolvia o problema de quem já tinha lido o erro. Também não havia uma padronização, que é palavra-chave na Internet. Foi na verdade um processo que incluiu a gerência de tecnologia, a editoria de arte e a redação toda. Não tínhamos um modelo para usar, nem mesmo o da Folha porque no papel o erro é ?eterno?, você corrige a informação no futuro, apenas. Mas na Internet, não. Você arruma aqui e agora o passado. E ainda há os links. Ficamos pensando o que fazer na matéria que saiu o erro. Corrigi-la? Deixá-la com o erro onde está e colocar a informação correta na frente em vermelho, por exemplo? E se o erro for no título? Corrigimos? Damos errado e corrigimos dentro? Onde dar link? Enfim, não tínhamos nenhuma referência, ninguém havia feito isso dessa forma, que eu saiba.?, diz Feltrin.

De fato, em termos organizacionais, ter uma seção abraçando todos os erros de um veículo é funcional. E como se não bastasse a criação do espaço em si, o jornal deu a ele o mesmo peso das editorias. Certamente foi um bom passo esse dado pela Folha e, provavelmente, um modelo a ser seguido. Até a próxima! ;-)"

 

OI NA
MÍDIA

"Informática Etc.", trecho, copyright O Globo, 18/08/03

"A leitora certamente sabe que toda terça-feira pinta na web o excelente e imperdível ?Observatório da Imprensa?. Mas chamo sua atenção para a edição de 2003-08-05, mais especificamente para a seção e-notícias, onde publicaram, de uma vez só, cinco artigos de tirar o chapéu: (1) ?Software Livre – Liberdade e a tentação monopolista?, de Pedro Antônio Dourado de Rezende; (2) ?Tripé Satânico – username: Kubanacan e laranjas via internet?, de Rogério Gonçalves; (3) ?Norma 004/95 Revogada – Já foi tarde e não deixou saudade?, também de Rogério Gonçalves; (4) ?E-Censura – O risco de intervenção estatal? e (5) ?Moblogs – Blog-jornalismo via celular?. Sobre os dois escritos do Rogério, vale comentar que são verdadeiras aulas, muito bem escritas. O autor é webmaster do site ?username: Brasil?, valioso espaço em prol da moralização das telecomunicações no Brasil, e que deveria ser mais lido por quem manda no setor."

 

SOFTWARE LIVRE

"Software Livre", Editorial, copyright Folha de S. Paulo, 23/08/03

"A evolução recente das tecnologias de informação e comunicação tem sido marcada por sérios conflitos de interesse. Em geral, trata-se de guerras pela dominação de mercados. E uma das frentes de batalha é o próprio sistema operacional, ou seja, os programas de computador usados para gerenciar máquinas e processos. A adesão de corporações e governos ao sistema Linux, que é livre e gerado coletivamente na internet, criou a mais séria ameaça ao poder de empresas como a Microsoft, cujo software é fechado.

Na semana passada, o tema foi tratado no Congresso. Formou-se uma frente parlamentar de apoio a iniciativas de difusão do uso de software livre. Estima-se que a indústria de softwares movimente cerca de US$ 3,5 bilhões por ano e pague US$ 1,2 bilhão em licenças de uso no país.

Não é só a Microsoft que vê seu modelo de negócios em risco. O software livre é uma opção mais ampla, em favor da liberdade da informação e do direito à comunicação. É um projeto que enfatiza a cooperação, em detrimento da competição.

Para que outros programas, produtos e serviços funcionem e se desenvolvam com softwares livres, é necessária uma forte cultura colaborativa e elevada disposição de buscar novos modelos na economia digital.

O desenvolvimento dessa cultura nas organizações, públicas e privadas, não é trivial nem gratuito. O custo da mudança deve ser rigorosamente monitorado, especialmente quando se trata de supostas economias de verbas públicas que viriam de sua adoção. Pesquisas e auditorias independentes são urgentes.

Não se trata de aderir a um novo ?evangelismo? em torno do software livre ou de simplesmente engrossar o coro dos que são ?anti-Microsoft?.

Somente com a ampliação do debate e a avaliação rigorosa dos modelos de desenvolvimento de software livre, o Brasil poderá aproveitar as oportunidades do novo paradigma."

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"Governo muda regra que favorece Microsoft", copyright Folha de S. Paulo, 21/08/03

"O governo federal mudou as regras da licitação para a compra de softwares (programas de computador). Nos últimos anos, os editais acabavam favorecendo a multinacional Microsoft. Agora, as concorrências vão abrir mais espaço para os chamados softwares livres, que são mais baratos.

Nos programas classificados como livres, o usuário tem acesso a seu código-fonte (espécie de DNA). Alterados seus códigos, os softwares podem ser usados por mais de um consumidor sem que isso seja considerado pirataria.

Linux

A polêmica Microsoft x Linux (principal programa livre) já migrou da Esplanada dos Ministérios para o TCU (Tribunal de Contas da União).

Na semana passada, o relator da matéria, ministro Augusto Sherman, deu um parecer, que ainda não foi julgado, contrário à forma pela qual o governo vinha fazendo seus editais. Ele sugeriu que as concorrências dêem mais espaço aos softwares livres.

O ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) afirmou que o país gasta US$ 1 bilhão por ano com a Microsoft. No primeiro semestre deste ano, a pasta economizou R$ 6 milhões ao adotar softwares livres em videoconferências e na instalação de programas em computadores manuais.

Apesar das vantagens dos livres, o governo deverá abrir uma exceção em favor da empresa do americano Bill Gates. Já está certo que, se o Ministério da Educação comprar 10 mil computadores em outubro, as máquinas terão de ser equipadas com Windows (Microsoft) e compatíveis com Linux. A justificativa é que os alunos têm de aprender em um programa que é líder absoluto de mercado.

Nos dias 25 e 26, começa o planejamento para a implantação gradual dos softwares livres na Esplanada dos Ministérios."