Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mario Lima Cavalcanti

INTERNET

"Weblogs coletivos: tendência no JOL", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 30/7/02

"O número de blogs mantidos e editados por um grupo de pessoas parece estar crescendo e tem tudo para ser uma tendência. Chamados de weblogs coletivos ou, em inglês, group weblogs, temos excelentes veículos deste tipo quando o assunto é jornalismo online.

O inglês Guardian Unlimited tem o seu próprio weblog coletivo, o The Weblog, há mais de dois anos. Nele, a equipe posta comentários sobre notícias de destaque na Web. E, além disso, criaram ainda um guia de blogs recomendados.

Já o weblog Jornalismo e Comunicação, de Portugal, foi criado por pessoas ligadas à Universidade do Minho, uma faculdade lusitana. Com nove membros, o blog, conforme seu nome indica, aborda comunicação em geral.

Não pela onda, mas pelo dinamismo, interatividade e possibilidades que este tipo de veículo online carrega, o Jornalistas da Web, do qual eu sou diretor de conteúdo, inaugurou oficialmente na semana passada seu weblog coletivo. O Ponto JOL, assim batizado, é atualizado por quatro pessoas – incluindo quem vos escreve – e aborda diariamente assuntos relacionados aos campos de jornalismo online e de mídia digital.

Mas talvez o principal weblog coletivo sobre jornalismo seja o E-Media Tidbits. Criado por Steve Outing – editor sênior do Poynter.org (publicação online do Poynter Institute) -, o Tidbits possui 20 membros, verdadeiras mentes brilhantes e antenadas no universo do jornalismo online, incluindo o próprio Outing e Juan Carlos Camus, jornalista chileno e pesquisador de mídia digital que admiro bastante.

Em breve depoimento via email, Steve Outing falou um pouco sobre os weblogs coletivos e o cotidiano do E-Media Tidbits.

Comunique-se – Para você, quais as vantagens de um blog coletivo?

Steve Outing – Eu sou um apaixonado pelo formato de weblog em grupo. É perfeito para nichos, onde você pode reunir mentes experientes em um tópico e as características de inteligência coletiva que um blog carrega. Eu acho que weblogs coletivos são uma excelente leitura, porque você ganha diferentes perspectivas. Com o meu blog em grupo, o E-Media Tidbits, são 20 pessoas observando mídia/jornalismo online no mundo e noticiando novos desenvolvimentos e tendências. No Tidbits, o conteúdo é bastante amplo. Às vezes apontamos para uma notícia interessante que um de nós leu; às vezes postamos reportagens próprias; às vezes é uma opinião ou análise de uma nova tendência.

Comunique-se – Vocês fazem alguma espécie de conferência online para decidir o que cada um vai postar? Qual a solução encontrada para que um membro não poste um conteúdo similar ao de outro ao mesmo tempo?

SO – Eu penso que ter um editor centralizando as mensagens de um weblog coletivo é importante. Com isso, temos alguém observando para ter certeza de que tópicos não serão repetidos etc. Nós utilizamos uma técnica simples que funciona bem: eu criei uma lista de discussão privada para os editores do Tidbits, onde eles postam novos itens antes destes irem ao ar. Então eu, como editor, pego esses itens e os posto. Eu também envio meus itens para a lista, pois não posso contar com que todos os membros tenham olhado o Tidbits para saber sobre o que eu estou falando. Os editores do blog podem também simplesmente postar uma mensagem na lista avisando sobre o que estão escrevendo.

Em tempo: o diretório de weblogs Eatonweb.com fez uma seleção (aqui) de blogs coletivos ou abertos ao público. Neste último, qualquer internauta pode postar mensagens. Vale conferir."

 

AOL EM XEQUE

"AOL na mira da Justiça", copyright Jornal do Brasil, 1/8/02

"O Departamento de Justiça dos Estados Unidos entrou nas investigações sobre a contabilidade da AOL, maior provedora de acesso á internet do mundo e divisão da gigante AOL Time Warner, informou ontem o jornal americano USA Today. A investigação, revelada por um promotor de Virginia, onde fica a sede da AOL, seguirá em paralelo à da Securities and Exchange Comission, xerife do mercado acionário dos EUA.

Na semana passada, foi divulgada a informação de que a SEC abriu inquérito sobre as práticas contábeis da AOL após reportagem publicada pelo The Washington Post que levantou suspeitas de que a empresa pode ter inflado seus lucros em US$ 270 milhões entre 2000 e 2001. Segundo o artigo, um porta-voz da AOL não informou se a empresa está ciente da nova investigação, afirmando apenas que o grupo ?não recebeu intimação do Departamento de Justiça?.

Em meio aos escândalos contábeis que assolam os EUA, a economia do país expandiu-se menos do que o previsto no segundo trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto americano cresceu a uma taxa anual de 1,1% no segundo trimestre de 2002, de acordo com o Departamento do Comércio. A expansão é bem menor do que a esperada pelos analistas – 2,3%. Já o Federal Reserve, o banco central americano, afirmou em seu último relatório econômico, conhecido como Livro Bege e divulgado ontem, que a economia dos EUA se expandiu de forma modesta desde o começo de junho, com um desempenho ?irregular?.

A Bolsa de Nova York, porém, conseguiu se recuperar da queda deflagrada pelas más notícias sobre a economia americana e fechou em leve alta ontem. O índice Dow Jones Industrial, um dos mais importantes do mercado, terminou o pregão com um avanço de 0,65%. (Com agências Bloomberg e AFP)"

 

NAPSTER

"Futuro ainda é nebuloso para o Napster", copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 2/8/02

"A saída do executivo Thomas Middelhoff da Bertelsmann pode ser uma má notícia para o Napster, serviço de distribuição de músicas pela internet atualmente em processo de falência. Segundo analistas e pessoas ligadas à empresa, que estava em negociações para reavivar o Napster, a Bertelsmann talvez agora esteja menos inclinada a comprar o serviço ou gastar dezenas de milhões de dólares para cubrir processos de direitos autorais impostos por grandes gravadoras.

Middelhoff defendia um esforço em transformar a Bertelsmann, um conglomerado alemão de empresas, em um grupo mais dinâmico, adaptado aos novos tempos, dos quais o Napster era um exemplo. Em determinado momento, com 80 milhões de usuários registrados, o Napster foi um exemplo perfeito da era da dominação da internet.

Sob a direção de Middelhoff, a Bertelsmann emprestou US$ 85 milhões para ajudar o Napster a se tornar em um serviço ?legítmo?, apesar de muitos setores do conglomerado acharem esse esforço inútil. Há alguns meses, Middelhoff chegou a dizer a integrantes do Napster que já havia quase pedido demissão por não conseguir convencer seus companheiros de sua visão. Em abril, em entrevista a um jornal alem&atilatilde;o, ele disse que o Napster ainda poderia ser o serviço pela internet de maior sucesso em todo o mundo. Uma pessoa que esteve envolvida nas negociações entre o Napster e a Bertelsmann disse, no entanto, que agora ?o sonho de lançar um sistema de distribuição de músicas apoiado pelas gravadoras tornou-se inviável em um presente próximo?.

David Card, analista da Jupiter Communications, acredita que ?a porta pode ter se fechado?, e acrescenta que, quanto mais o Napster demorar a lançar um novo serviço, menos seu nome já envelhecido significará para usuários que passaram a utilizar serviços como Kazaa e Morpheus. Liz Young, porta-voz da Bertelsmann, disse que a companhia não vai se manifestar no momento em relação à questão.

No entanto, há pessoas ligadas à companhia que acreditam que, por outro lado, as chances do Napster podem melhorar com a saída de Middelhoff – segundo eles, sua presença constante em público defendendo o acordo fazia com que ele perdesse credibilidade perante os chefes alemães. Para esses otimistas, um executivo mais conservador como seu sucessor, Gunter Thielen, pode ter uma chance maior de promover o Napster, como Nixon em busca de um acordo com a China.

A relação da Bertelsmann com o Napster tem sido complexa desde o início. A BMG, uma das subsidiárias do grupo, foi uma das cinco gravadoras a processar o Napster por infringir leis de direitos autorais. O Napster interrompeu seu serviço em julho de 2001, quando não conseguiu entrar em acordo com as gravadoras ou mesmo obter permissão para distribuir músicas de modo legal.

A Bertelsmann parece ter o necessário para tirar o Napster da falência se quiser. No entanto, segundo uma pessoa ligada às negociações, também há outras empresas interessadas. Mas a questão central é: que parte dos US$ 85 milhões que a Bertelsmann emprestou ao Napster teria de ser devolvida por um possível comprador? Mas este não é o único problema. Mesmo que a Bertelsmann ou outra empresa compre o Napster, não poderá lançar um serviço de vendas pela internet sem conseguir licenças e levar a cabo os processos movidos pelas gravadoras.

A boa notícia é que as gravadoras abaixaram dramaticamente o valor das indenizações pedidas, de US$ 250 milhões a US$ 25 milhões. Uma pessoa envolvida nas negociações disse que o Napster sentia estar próximo de um acordo, mas que, com a saída de Middelhoff, este dado pode ser irrelevante.

?O momento é irônico?, desse ela."