FORMATO PDF
"Jornais em PDF: novo nicho de mercado?", copyright Comunique-se, 7/05/02
"Participo de uma lista de discussão sobre jornalismo on-line criada pelo Poynter Institute. Dela, fazem parte renomados jornalistas do meio on-line vindos de todo o mundo. Na semana passada, houve uma discussão bem interessante sobre o que parece ser um nicho de mercado: a venda de edições de jornais em PDF (padrão criado pela empresa Adobe para distribuição de documentos eletrônicos. Mais informações aqui), semelhantes ou idênticas às edições impressas vendidas em bancas de jornais.
Teoricamente, isso é o cúmulo do conforto, pois o leitor nem mesmo precisa ir até a banca da esquina. Ele só tem o trabalho de comprar o jornal em versão PDF via Internet e gastar ?um pouquinho? das tintas de sua impressora. Obviamente, para o jornal isso tem um custo muito baixo. Mas talvez não seja interessante para todos os leitores.
?O bom do PDF é ter uma réplica idêntica do jornal, com a diagramação, imagens e anúncios usados no papel. Mas para quem está interessado em apenas fazer uma leitura rápida das principais notícias/reportagens, não é muito viável. É interessante para imprimir e ler longe do computador?, diz Paulo Rebêlo, subeditor do Webinsider e correspondente no Brasil da Wired.com.
Andei lendo e pesquisando sobre alguns jornais que estão apostando no formato. Segundo o jornalista holandês Marko Faas, que também faz parte do grupo de discussão do Instituto Poynter, o Nederlands Dagblad, um pequeno jornal cristão da Holanda, vende edições de sua publicação no formato PDF e já possui mais de 100 consumidores deste modelo.
É claro que grandes jornais não iriam ficar fora dessa. The New York Times (EUA), The Globe and Mail (Canadá) e The Express of London (Inglaterra) são exemplos de gigantes que adotaram o modelo. Esses três jornais utilizam o NewsStand, um serviço de envio de publicações populares pela Web.
A NewsStand se fez pioneira e agarrou logo alguns jornais de peso, mas já tem concorrente na área. Na Noruega, o site NewsWorld.no planeja lançar em breve um serviço semelhante.
Edições em PDF já atraem interessados
A idéia de se poder receber uma réplica de uma edição impressa é tão atraente que edições PDF de mais de 130 grandes jornais são enviadas diariamente via Internet para hotéis, empresas, lojas de conveniência e até mesmo bancas físicas de jornais. Alguns desses jornais podem ser vistos aqui.
A Agência de Auditoria de Circulação dos Estados Unidos (US Audit Bureau of Circulation) já certifica as edições em PDF enviadas e as conta como se fossem uma edição impressa em circulação.
Aparentemente, esse modelo parece ser um grande atrativo, do ponto de vista cibercultural. Mas, segundo Paulo Rebêlo, pode ser somente mais uma maneira dos veículos conseguirem se dar bem na Internet.
?A venda da edição em PDF é apenas uma das maneiras encontradas pelos veículos para tentar obter retorno financeiro na Web. Existem outras. A CNN passou a cobrar uma taxa para o conteúdo multimídia do site. Aqui no Brasil, O Globo cobra pelo acesso aos arquivos do jornal. Todo mundo quer garantir alguma coisa, a tendência é mesmo essa?, completa.
Bom, o negócio é esperar para ver se esse ou algum outro formato semelhante cai no nosso cotidiano virtual. Até a próxima. ;-)"
INGLATERRA
"Londres prepara desregulamentação da TV", copyright O Estado de S. Paulo/The Guardian, 10/5/02
"A velha ambição de Rupert Murdoch de comprar ações no lucrativo mercado de televisão convencional da Grã-Bretanha chegou um passo mais perto de ser concretizada na teça-feira, quando o governo anunciou planos de suspender as normas que o impedem de ser proprietário do Canal 5.
Mas ao mesmo tempo o magnata de mídia sentiu-se frustrado: ministros também revelaram a intenção de permitir que emissoras estrangeiras, como a Disney ou a Viacom, adquiram posição controladora na ITV (a maior emissora de TV comercial da Grã-Bretanha), e isso é algo que ainda não lhe é permitido.
Novas normas constantes de um projeto de lei de comunicações, que envolve a maior reforma dos regulamentos da mídia e de telecomunicações já proposta desde que Margaret Thatcher permitiu o leilão de franquias da ITV, em 1990, permitirão que uma mesma companhia controle a ITV, e porão a BBC sob regulamentação, pela primeira vez.
?Por um período longo demais a mídia do Reino Unido foi regulamentada em excesso e superprotegida da concorrência,? declarou a secretária de Cultura, Tessa Jowell, à Câmara dos Comuns. ?O projeto de lei que publicamos hoje liberalizará o mercado, removendo o fardo regulatório desnecessário, e reduzindo a burocracia, mas, ao mesmo tempo, reterá algumas salvaguardas essenciais, que protegerão a diversidade e pluralidade da mídia.?
Nos termos do projeto, gigantes da mídia global terão permissão de adquirir emissoras de rádio e TV britânicas. Segundo Jowell, isso eliminará a anomalia que permite que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, da Itália, adquira o controle da ITV, mas proibe que a AOL Time Warner faça algo semelhante.
Mas a norma que proíbe que magnatas do setor jornalístico adquiram mais de 20% de uma licença para operar a ITV será mantida, o que significa que as ambições de Murdoch estão bloqueadas. Seu império apressou-se a menosprezar a alegação do governo de que a lei é ?neutra? em relação a proprietários.
Uma pessoa ligada à BSkyBdeclarou: ?Eles parecem estar encorajando ativamente os magnatas da mídia mundial a ingressar na ITV, exceto um.? Contudo, a suspensão das restrições que impediram Murdoch de ser proprietário do Canal 5 levaram a especulações sobre um acordo de última hora. Sabe-se que o presidente da News Corporation esteve em Londres na semana passada.
?Isso vai além do que se esperava, particularmente em vista dos sinais que o governo vinha transmitindo sobre a intenção de salvaguardar a pluralidade,? disse Mathew Horsman, analista de mídia da Investec Securities. ?Há uma gigantesca lógica comercial nisso, mas é surpreendente que a decisão tenha partido de um governo trabalhista.? O projeto de lei, divulgado pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esportes e pelo Departamento de Comércio e Indústria, será examinado, agora, por uma comissão conjunta das duas Casas do Parlamento. Em seguida, ele fará parte do Discurso da Rainha, no outono, para depois ser submetido à aprovação da Câmara dos Comuns. Não se espera que ele passe a ter força de lei antes do início de 2003.
O projeto elimina duas barreiras que impediam uma companhia de ser proprietária da ITV – a norma que impede que uma mesma companhia seja proprietária de duas franquias em Londres e a de que uma só companhia controle mais de 15% do mercado de publicidade. Presume-se que as conversações sobre a fusão de Carlton e Granada, as duas maiores operadoras de ITV, deverão ser iniciadas para valer. Uma única ITV então poderia se converter em alvo de predadores como a Bertelsmann, que controla o Canal 5. Nos termos de outra medida, a norma que proíbe o proprietário do Canal 5 de obter licença para operar a ITV foi revogada."
FOX NEWS NO BRASIL
"Sinal da Fox News em inglês estará no cabo e na Sky até julho", copyright Cidade Biz, 10/5/02
"O Fox News chega ao país até julho, no máximo, garante o gerente de publicidade da Fox Brasil, Gustavo Leme. O canal, que será retransmitido no original, em inglês e com o noticiário local americano, desembarca de forma mansa. ?Será uma opção a mais para o telespectador?, diz Gustavo, descartando maiores pretensões. ?Não vamos disputar mercado de publicidade nem audiência.?
A meta do canal para o primeiro ano é de fato despretenciosa: equiparar-se à marca da CNN internacional, que é vista por apenas 0,01% dos assinantes de TV brasileiros. Mas Gustavo Leme admite que o plano pode mudar. ?Se houver demanda, isso muda?, condiciona.
O executivo estava em Nova York na semana passada para apresentar os canais Fox e National Geographic, já presentes no Brasil, à delegação do Grupo de Mídia que anualmente vai aos Estados Unidos em viagem de reciclagem profissional. O Fox News foi também apresentado aos publicitários brasileiros, pois, segundo outro executivo do canal, em breve estaria por aqui.
Os canais Fox fazem parte da News Corp., do empresário Rupert Murdoch, cujos interesses em mídia vão da Austrália, onde nasceu, à Inglaterra, pais cujo mercado o projetou para o mundo; dos Estados Unidos, onde já é dono da quarta maior rede de TV aberta, à Ásia; da Europa à América Latina, inclusive no Brasil – aqui, é sócia da Globo na operadora de TV por satélite Sky. Em sua primeira e única visita ao Brasil, em 1997, ficou apenas um dia, tempo para almoçar com o editor Octávio Frias de Oliveira, dono do grupo Folha, e jantar com Roberto Irineu e João Roberto Marinho, da Globo.
Para ampliar a ambição brasileira do mais novo canal a entrar no país, pondo no ar uma programação em português, com notícias e jornalistas locais, a Fox precisa primeiro combinar com a Globo. Sem o sinal verde da família Marinho, não há como subir o sinal da Fox News pela rede de TV por assinatura de maior abrangência e número de assinantes do país, o sistema Net, nem pela Sky (juntas, elas representam pelo menos 70% do mercado de TV paga no Brasil).
Foi por tentar à revelia da Globo operar um canal de notícias em português a partir de Miami que a CBS fracassou em sua tentativa de entrar no Brasil, e acabou tendo fechar a operação, demitir todo o pessoal brasileiro que contratara e sair humilhada do mercado. A Globo não quer concorrência para seu Globo News. No máximo, aceita ser sócia. O que a CBS não quis. No caso da Fox, porém, a história pode ter final diferente.
A Sky é uma operação internacional, controlada com mãos de ferro por Murdoch – empresário de atitudes intempestivas e que detesta ser contrariado. Além disso, na América Latina ele tem como sócio da Sky o empresário mexicano Carlos Slim, dono da telefônica Telmex, que no Brasil começa a dar seus primeiros passos no setor de telecomunicações através da Telecom Américas, sócia da ATL, de telefonia móvel no Rio de Janeiro.
Slim, tido pela revista Forbes como o homem mais rico da América Latina, já foi visto em andanças pelo Brasil. Mais cedo ou mais tarde estenderá seus interesses para cá. Pode ser o parceiro que Murdoch precisa para tentar comprar a parte da Globo na Sky, sobretudo nestes tempos de caixa baixo da família Marinho.
O fato é que a News Corp., de Murdoch, já agiu assim em outras regiões (Europa, Ásia). Este empresário de origem australiana, baseado na Inglaterra e naturalizado americano só não consegue o que quer, quando não quer. Ainda não se sabe se o interesse de seus executivos por uma Fox News em português é real. Para analistas de mídia, tal interesse existe e é sério, mas não para já.
É o capital estrangeiro fazendo suas primeiras incursões pela mídia brasileira antes que saia, afinal, a lei que abre as portas do setor para o capital estrangeiro até o limite de 30% de participação."