Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Moacir Japiassu


JORNAL DA IMPRENÇA

“O sexo dos morcegos”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 20/06/03

“Há algum tempo, dois morcegos, dos milhares que sobrevoam as noites da serra, resolveram entrar em nossa casa ao cair da tarde; gostaram e voltaram. Desde então, comportam-se direitinho, vêem televisão, pendurados à mão francesa que sustenta o telhado, e aproveitam para beliscar algumas frutas. À hora de dormir, abrimos a porta e a dupla vai embora. Isso acontece quase sempre, de sorte que nos afeiçoamos aos bichinhos, aos quais demos os nomes de Alípio e Elpídio. Todavia, Janistraquis observou, com alguma propriedade, que talvez formem um casal, pois é atividade vã tentar identificar o sexo de muitos animais esvoaçantes e de hábitos noturnos; não é, por exemplo, como identificar uma frase perfeita, harmonioso texto que desaba sobre nossa cabeça à menor passada d?olhos, a qualquer hora do dia ou da noite.

Refiro-me a textos maviosos como este que a Gazeta do Povo, do Paraná, publicou na segunda-feira passada, no sempre bem escrito Caderno de Esportes. Sob o título Grenal acaba sem gols, lia-se: ?TUDO IGUAL NO CLÁSSICO GAÚCHO ENTRE Grêmio e Internacional. Jogando sábado no estádio Olímpico, em Porto Alegre, na tarde deste domingo, ambas as equipes empataram sem gols? (note-se que a estilosa frase, harmoniosa qual um verso de soneto, que começa em caixa alta e termina em caixa baixa, consta realmente do original).

O considerado Sérgio de Cristo, gerente comercial da Rádio Intercontinental de Curitiba (98 FM), que nos enviou o maravilhoso exórdio, louva a criatividade, principalmente este trecho: ?ambas as equipes empataram sem gols?. Ambas as equipes, ou seja, as duas, uma e outra, Grêmio e Inter. E não é sensacional dizer ?jogando sábado… na tarde deste domingo??. Janistraquis leu em voz alta, como se declamasse, e os nossos morceguinhos adoraram.

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O espírito de Sadam

André Fiori Patrício, que tem sangue quente e nos brindou com tremenda cacetada na coluna da semana passada, navegava pelo IG quando tomou um susto daqueles que paralisavam os espectadores nos tempos em que Boris Casoy, digo Boris Karloff, aparecia na tela à frente de tenebroso elenco. EUA travam batalhas com vários mortos no Iraque, dizia o fantasmagórico título. André foi dar uma olhada nas aventuras de Bush contra o espírito de Sadam Hussein, todavia só encontrou isso:

?Ao norte de Bagdá, soldados americanos atacaram o que dizem ser uma ?base terrorista?. Pelo menos 70 iraquianos morreram nos choques, segundo disse um porta-voz do Exército dos Estados Unidos à agência Reuters?. Está na cara que o texto desmente o título, pois imagina-se que os iraquianos estavam perfeitamente vivos quando os americanos partiram pra ignorância.

No jornalismo é assim mesmo, considerado Patrício: quanto mais a gente reza, mais assombração nos aparece…

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Semana (quase) inglesa

Nosso considerado Maurício Khalil folheava o Diário da Região, ínclito matutino da cidade onde vive, Osasco, na Grande São Paulo, quando tropeçou num espetacular entulho jornalístico, se me permitem a inusitada expressão. Rossi filia-se no PHS e deve disputar eleição na Capital, dizia o título, que escapou do revisor. O texto exibia esta, digamos, cincada: ?Ao comparecer na reunião de filiação de Rossi, o prefeito Celso Giglio demonstrou que as pazes entre os dois, supostamente abalada há alguns meses, está celada?.

Aí, Khalil perdeu a paciência e atirou às sentinas este ?diário?, que tem o descaramento de circular apenas cinco dias por semana, e desabafou: ?Dizer que as pazes estavam abalada já configura delito; agora, dizer que elas foram celada, assim mesmo, no singular e com c de crime, dá vinte pontos na carteira e o culpado sujeita-se até a perder a habilitação?. Janistraquis concorda inteiramente, Khalil, e acha que, ao circular somente cinco dias na semana, o Diário da Região poupa os leitores de maiores constrangimentos. (Celada é, segundo o Aurélio, um tipo antigo de armadura para a cabeça; ignora-se, porém, se fazia mal ao cérebro.)

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Perigo da pomba

Deu no Erramos da Folha de S.Paulo: ?Diferentemente do que informou a legenda da foto que acompanhou a reportagem Falta de reabilitação prejudica deficiente, Claudio Tanaka não é paciente do hospital Albert Einstein e rapel não faz parte dos exercícios de reabilitação?. Aliviado, Janistraquis exalou: ?Ainda bem, considerado, ainda bem; é que se Tanaka fosse paciente e trocasse o leito pelo rapel, estaria, literalmente, lascado?.

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Pau no Gerald Thomas

Alguém que se apresenta como Conde de Monte Cristo escreveu à coluna: ?Vocês já tiveram a curiosidade de passar os olhos pelos escritos do Gerald Thomas no Jornal do Brasil? Não? Pois não sabem o que estão ganhando! A genial criatura parece que esqueceu o português ou então costuma tomar umas e outras (a julgar pelo tema de uma das colunas, acho a segunda hipótese provável). Ele diz que as ruas estavam ?abalroadas? de gente, em vez de abarrotadas. Mais adiante, refere-se a uma ?chatisse?, em vez de chatice. Há algumas semanas um leitor do JB esculhambou-o porque ele escreveu um texto quase todo em inglês. O leitor perguntou se Gerald Thomas sabia que no Brasil as pessoas falam o português. Porém, pela impiedade com que trata nosso idioma, talvez a genial criatura devesse continuar no inglês.?

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À Tribuna da Imprensa

?Prezado jornalista Sebastião Nery: No final de sua coluna do dia 20, ao falar sobre Stalin em 1945, o Sr. diz que ele imaginou instalar-se na Europa até além dos Alpes (sic), ocupando Tchecoslováquia, Romênia, Polônia,Bulgária e quase a Iugoslávia. A menção aos Alpes é, evidentemente, equivocada, pois ficam além desses países mencionados, entre a Suíça, França, Itália, Áustria e sul da Alemanha (Baviera). Entre a Rússia européia e os países do leste europeu não há montanhas. Os Urais, que dividem a Europa da Ásia, ficam dentro da Rússia, separando sua parte européia da asiática (Sibéria). Atenciosamente, Roldão Simas Filho.?

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Nota dez

O melhor da semana é da lavra do veterano e sempre brilhante Villas-Bôas Corrêa, em sua coluna do site No Mínimo. A propósito das manifestações dos funcionários públicos em Brasília, escreveu esse considerado Mestre do jornalismo político:

?(…)A passeata de protesto, que esbugalhou de pasmo e espanto os olhos míopes dos novos donos do poder, é o mais importante episódio político dos quase cinco meses e meio do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a mais irada e violenta sacudidela no arame das contradições em que tenta equilibrar-se o antigo líder sindicalista, em luta corporal com a sua biografia(…)?.

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Errei, sim!

?SUDANADA – Mimoso Erramos, que no Estadão tem o nome de Correção: ?Ao contrário do que publicou O Estado na edição de anteontem, o Planalto liberou recursos para a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e não para a Superintendência do Desenvolvimento do Norte (Sudan) – entidade que, aliás, não existe?. Janistraquis não resistiu: ?Considerado, não há realmente nada mais criativo do que a ignorância…?.”

 

POSSENTI vs. JAPIASSU

“Gramática como martelo”, copyright PrimaPagina (www.primapagina.com.br), 17/06/03

“Moacir Japiassu é um implacável caçador de erros e um engraçadíssimo comentador deles (ressalva: o humor é freqüentemente ignorante; basta ver as piadas racistas). A nota abaixo, publicada no site ?Comunique-se?, é uma ilustração de ambas as características:

Cassetete na gramática

Armado de sua caneta vermelha, Roldão Simas Filho lia o Correio Braziliense, quando deparou com o título PMs fazem curso para atender turistas; logo abaixo, o texto dizia: ?(…) A turma de 41 oficiais receberam ontem o certificado de conclusão dos estudos?. Contrariado, o Diretor de nossa sucursal escreveu ao jornal e pediu até mesmo a intervenção da competente Dad Squarisi, a pessoa que mais conhece o idioma no Distrito Federal e é colunista do Correio: ?Socorro! A turma receberam é de doer nos ouvidos?, queixou-se Roldão. Janistraquis acha que, se é pra receber turista assim, na base do analfabetismo, é melhor a PM voltar às origens e baixar o sarrafo nos visitantes. ?Dói menos?, explicou.

Tivesse o talento de Japiassu, inventaria uma personagem que produziria comentários maldosos a respeito da competência excessivamente rasa de críticos como Japiassu. Já que ele me falta, vou dizer as coisas a meu modo mesmo.

Não ler as gramáticas, ou só ler pedaços, dá nessas notas rasas. Tudo o que não está de acordo com o resumo, a apostila, o vade-mécum parece erro grosseiro, do qual se pode rir, com pose de superioridade. Mas as gramáticas propriamente ditas são menos estreitas. Por exemplo, na de Celso Cunha e Lindley Cintra, estão os seguintes exemplos de concordância por silepse (como é o caso que diverte Japiassu):

Deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons. (Osório Cochat)

– É o costume, mulher! É o costume desta gente, quando gostam dum branco querem-no para padrinho dos filhos … (Luandino Vieira)

– E o povo de Maravalha? Perguntava ele aos canoeiros. – Estão em São Miguel. (Lins do Rego)

Na de Celso Cunha, os exemplos são até mais próximos do criticado por Japiassu:

O casal não tivera filhos, mas criaram dois ou três meninos. (A. F. Schmidt)

Prostra-se o povo humilde, e repetindo as palavras do mestre, pronunciam as santas orações da madrugada (F. Varela)

Eduardo Carlos Pereira cita, do antiquíssimo Frei Luis de Souza, modelo indiscutível:

Estavam pegados com ele uma infinidade de gente.

Bechara (Lições de português pela análise sintática) menciona vários exemplos, dentre os quais

Misericórdia! – bradou toda aquela multidão, ao passar el-rei: e caíram de bruços sobre as lájeas do pavimento. (A. Herculano)

caso que me fez lembrar do poema de Zuca Sardam

CENA URBANA

Misericórdia, bradaram

A multidão subversiva

Numa concordância

verbal ideológica.

Mas a polícia não queria

Saber de conversa

E baixou a borracha,

Corretivo tradicional:

Misericórdia, bradou então a multidão.

À noite, o Sábio doutor Malaquias

Comentava, chope na mão,

?Eram tudo ilusões, meus amigos,

o mundo são cardos,

o mundo são cardos?.

que trata diretamente da questão e significa mais ou menos que o ?erro? tem estatuto diferente segundo quem seja seu autor.

A rigidez desinformada de Japiassu (e de quase todos os que falam de língua por aí) me lembra daquela que é, a meu ver, a melhor de todas as frases dos três volumes de A lei de Murphy, que Millôr traduziu e adaptou: se tudo o que você tem é um martelo, trate tudo como prego.

Littera, do latim, letra, carta

(Professor de Lingüística no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp e autor de Os humores da língua e A cor da língua e outras croniquinhas de lingüista (Mercado de Letras – 0xx19 3241-7514) e de Os limites do discurso (CRIAR Edições – 0xx41 233-0662).)”

“Japiassu desmascara um impostor”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 23/06/03

“O indigitado se chama Sírio Possenti, talvez brasileiro, certamente domiciliado na cidade de Campinas, São Paulo, professor de Lingüistica no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Em sua diatribe contra este colunista, publicada no site PrimaPagina, o elemento em questão foi de tal forma impetuoso em seu animus laedendi que acabou por cometer um verdadeiro crime contra a literatura brasileira. Vejamos:

A frase ?deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons?, por ele atribuída a Osório Cochat, pertence, na verdade, a Machado de Assis!!! Sabe o leitor o que deve ter acontecido? Provavelmente o seguinte: ao consultar a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra (Ed. Nova Fronteira), à cata de respaldo para a bobagem que defendia, o albardeiro Possenti copiou aquele exemplo de ?silepse de número?; logo abaixo da frase, jazia a referência, entre parênteses: OC, I, 1093.

Ignorante e também azarado, o inábil presilheiro verificou, no índice onomástico, quem era ?OC? e deparou com Osório Cochat, a quem foi imediatamente conferido o excerto machadiano. Ora, OC, I, 1093 significa apenas Obra Completa, primeiro volume, página 1093. A frase que o açodamento do irresponsável furtou a Machado está em Memorial de Aires, obra que ele, evidentemente, jamais folheou na vida, pois quem leu o livro não esqueceria a gente Aguiar, de resto única na literatura brasileira.

Bom, dito isto, devo confessar que conheço alguns escritos do embusteiro Sírio Possenti, este que bate com as duas e brinca nas onze no campo da Lingüística, mesmo sem ter lido a ?O.C? do Mestre do Cosme Velho. É certo que perdi meu tempo com a leitura de Por que (não) ensinar gramática na escola, da lavra do mofatrão, todavia aguardo, com compreensível ansiedade, que venha a lume Por que (não) ler Machado de Assis. Avaliei ainda alguns artigos dele, publicados no site do professor Marcos Bagno.

Costumo navegar por tais e piscosos mares para ver se aprendo alguma coisa de língua portuguesa, pois sou fraco na matéria. Aliás, ao pé da coluna onde o atrapalhado cavilador encontrou inspiração para sua diatribe (5 de junho), em resposta a uma ?consulta? do estudante José Eduardo M. Marcondes, respondi o seguinte: ?Não sou professor de português, como alguns imaginam; minhas dúvidas são as mesmas de todas as demais ?vítimas? desse nosso complicado idioma?.

Se o professor tivesse a curiosidade de ler os comentários postados sob os textos deste portal, teria evitado a inconveniência de me incluir entre ?os que falam de língua por aí?. Quem fala de língua, professor (e não falam ?por aí?, mas nas páginas de grandes jornais deste país), são respeitados profissionais, Pasquale Cipro Neto, Sérgio Duarte Nogueira, Marcos de Castro, Dad Squarisi, Josué Machado, Eduardo Martins. Recorde-se que em minha revista Jornal dos Jornais eu escrevia coluna idêntica a esta do Comunique-se e Josué assinava a dele, sobre a língua portuguesa. Não havia nenhum choque de convergência entre nossos textos, porque o assunto de um era completamente diferente do outro: Josué tratava das questões referentes ao idioma, com a cultura e bom humor que faltam a certos lingüistas como o senhor, por exemplo; eu me dedicava aos ?tropeços? da mídia, como tenho feito desde a estréia da coluna nas páginas de Imprensa, há dezessete anos.

Aparecem tropeços ortográficos em minha coluna? Sim, se fornecem matéria para algum comentário jocoso. E erros de concordância? Também, quando são engraçados ou encerram fealdade modelar. A maioria absoluta das notas de minhas colunas diz respeito, contudo, a títulos malfeitos, impróprios; a textos jornalisticamente pobres; à falta de harmonia de certas frases. Ou o senhor acha que me falece competência para tratar de matéria com a qual convivi e convivo por mais de quarenta anos? Pois os bons jornalistas pensam de forma diferente e deles tenho merecido apoio inconteste.

Minha coluna, deslustrado Mestre, é uma coluna de humor; quem sabe ler não ignora este pequeno detalhe; não faço concorrência a gramáticos ou lingüistas, simplesmente porque me falta competência. Minha concepção do idioma é apenas ?musical?; a sentença que sabe bem aos ouvidos está correta e pronto; é assim que penso. Tudo o que escrevi, na imprensa e na literatura (confira, por favor, nas páginas do romance A Santa do Cabaré), obedece a esta, permita-me, linha de conduta. Agora em julho sairá, também de minha modesta lavra, mais um romance, intitulado Concerto Para Paixão e Desatino (W11 Editores), cujo ?protagonista? é, imagine, a língua portuguesa, segundo alguns e especialíssimos leitores. Não concordo, porém tal asserto me preenche o coração e ainda sobra algum recheio para o ego.

Em seu artigo, o senhor recorre a escritos de uma plêiade, na vã tentativa de obter apoio à frase criticada em minha coluna. Todavia, os exemplos citados, todos, sem exceção, não podem servir de abono ao intolerável ?a turma receberam?.

Ou o senhor pretende enfiar goela abaixo de seus leitores e alunos da Unicamp que ?a turma receberam? tem o mesmo valor estilístico DESTE MACHADIANO ?deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons?, QUE SUA IGNORÂNCIA ATRIBUI a Osório Cochat? Também assemelha-se, por silepse, a estes que o senhor cita com intuito de nos esfregar erudição? ?-É o costume, mulher! É o costume desta gente, quando gostam dum branco querem-no para padrinho dos filhos…?(Luandino Vieira); ou ?-E o povo de Maravalha? perguntava ele aos canoeiros. – Estão em São Miguel? (José Lins do Rego).

Assinalo mais dois exemplos, bem próximos de ?a turma receberam?, como o senhor garante: ?O casal não tivera filhos, mas criaram dois ou três meninos?(Augusto Frederico Schmidt); ?Prostra-se o povo humilde, e repetindo as palavras do mestre, pronunciam as santas orações da madrugada? (Fagundes Varela).

E o senhor, professor, insatisfeito com o delito praticado contra a literatura brasileira, ainda tem o descaramento de surripiar excertos a dois clássicos, sob o estúpido argumento de que tudo, afinal, se esbarra e se esconde no mesmo saco sem fundo dessa tão incompreendida silepse. Ei-los: ?Estavam pegados com ele uma infinidade de gente?(Frei Luís de Souza); e o derradeiro: ?Misericórdia! – bradou toda aquela multidão, ao passar el-rei; e caíram de bruços sobre as lájeas do pavimento?(Alexandre Herculano).

Quem já foi apresentado às noções de estética que regem a ?concordância ideológica?, pois esta não pressupõe anarquia, percebe facilmente que entre os exemplos referidos e a notícia do Correio Braziliense existe distância abissal. A silepse, vê-se, tanto pode ser uma bela figura de sintaxe e estilo quanto simples ventosidade expelida por uns e defendida por outros, estes, deficientes de estatura professoral. Há, sem nenhuma dúvida, silepses e silepses…

Se, em sua opinião de Mestre do idioma, o senhor garante que ?a turma receberam? é frase que poderia ter sido escrita pelos citados, então não existe ninguém de gosto mais bizarro em todo o monturo onde apodrece a incultura deste país. Eu não confiaria a educação de minha neta de um ano e oito meses a um ?professor? de tal e lastimoso escorralho intelectual, que não leu sequer Memorial de Aires!!! Lamento profundamente que os estudantes de Lingüistica do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp estejam à mercê de seus achaques de apedeuta atrevido e também leviano, pois eu gostaria de saber em que texto de minha autoria o senhor encontrou alguma piada racista.

Leia um pouco mais, professor, e aprenda a pensar; procure estudar, troque a falsa erudição pelo conhecimento, em vez de exibir sua pobreza intelectual na Internet. Seu lamentável artigo no PrimaPagina demonstra apenas sofreguidão para se exibir. Aconselho-o a procurar, aí na vizinha Jundiaí, o sítio do meu amigo e compadre Emerenciano Bizzigatto, que produz belíssimas melancias; o senhor há de encontrar alguma com a medida certa do seu colarinho. Acalme-se, baixe o fogo, tome um banho frio para ?refrescar a mufa?, como se diz; a língua portuguesa, cujos bordões e primas o senhor desconhece, dispensa bastiões de sua estirpe.

Para terminar, Mestre Possenti, digo-lhe que tenho no meu sítio (que se chama Maravalha, em homenagem ao engenho da obra de Zé Lins do Rego) uma pequena oficina, com martelos de quase todos os tipos, para as mais variadas serventias; quando os cravos da ferradura estiverem desgastados, dê uma passadinha aqui que Janistraquis, homem de mil e uma utilidades, quebrará o seu galho.”