Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Monopólio da notícia

MONITOR DA IMPRENSA

CANADÁ

Depois que investigações nos anos 70 e 80 concluíram que a concentração dos meios de comunicação afetava o conteúdo editorial publicado no Canadá, as recomendações de então desapareceram. Segundo a Editor & Publisher (3/04/01), o assunto voltou à tona depois do agito que alguns processos de aquisição causaram no ano passado, especialmente a transferência de mais de 100 jornais da Southan Inc. e a metade da propriedade do National Post da Conrad Black?s Hollinger Inc. para a CanWest Global Communications Inc., de Israel Izzy Asper, o maior dono de estações de TV e rádio do país. Quando o acordo foi anunciado, a ministra Sheila Copps prometeu nomear uma nova comissão para discutir o monopólio na mídia, mas até hoje não o fez.

O assunto poderia ter passado batido, não fosse o artigo de David, filho de Izzy Asper, em defesa do primeiro-ministro Jean Chrétien, enrolado num escândalo sobre um pedido de empréstimo ao presidente do Banco Central canadense para um hotel. David publicou seu artigo em todos os jornais da Southam e no National Post, enfurecendo a oposição. "Não seria essa uma prova convincente do perigo de informações políticas serem transmitidas segundo o ponto de vista do primeiro-ministro?", questionou um deputado no Parlamento.

Depois da promessa não-cumprida, a ministra afirma agora que os jornais e as demais mídias serão estudados quando houver uma revisão da lei federal que regula o setor (Broadcast Act). Indignados, os jornalistas parecem ter perdido as esperanças de que possa haver uma efetiva diversidade na imprensa canadense.

RÚSSIA

Uma multidão se reuniu em Moscou no dia 31 de março em defesa da única emissora de TV independente do país, informou Ron Popeski (Reuters, 31/3/01). A NTV corre o risco de ser fechada, enquanto Vladimir Gusinski, seu fundador, luta contra um processo de extradição na Espanha, sob acusação de fraude fiscal. Para os manifestantes, os dois fatos evidenciam a falta de liberdade de expressão na Rússia atual.

Renomados liberais discursaram na Pushkin Square para cerca de 10 mil pessoas, que desfilavam cartazes contra o presidente Vladimir Putin e balões verdes com o logo da NTV. Eles afirmavam que a censura e o processo contra a emissora são a resposta de Putin à cobertura crítica da rede sobre a guerra russa contra a separatista Chechênia, e portanto movidos apenas por motivos políticos. "Sabemos que eles querem destruir a NTV. Desta forma nada saberemos sobre os milhões de dólares tirados do país, sobre como uma guerra que dizem ser parte da luta contra o terrorismo e a corrupção está sendo realmente conduzida", disse Grigori Iavlinski, líder do partido Iabloko.

Ievgeni Kiseliov, diretor-geral e âncora do programa de notícias da emissora, afirmou que a NTV pode ser fechada em breve. A manifestação, uma das maiores de Moscou nos últimos anos, após a efervescência política dos anos 80 e início dos 90, foi amplamente divulgada na NTV e nas rádios e nos jornais do grupo Media Most, de Gusinski. As outras duas redes nacionais russas, RTR e ORT, ignoraram o acontecimento em seus noticiários de sábado.

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