THE WASHINGTON TIMES
A festa de comemoração do vigésimo aniversário do jornal conservador Washington Times virou palanque para seu fundador, o líder da Igreja da Unificação, Sun Myung Moon. Em coreano, o polêmico religioso de 82 anos discursou por uma hora, dizendo ter criado o diário "em resposta a instruções do céu". Para os próximos anos, o Times "é responsável por fazer com que os americanos conheçam Deus", afirmou Moon, acrescentando que o jornal se tornará um instrumento de divulgação da verdade "Dele" no mundo.
Neste ponto, funcionários do diário deixaram a sala, entre embaraçados e humilhados, relata Frank Ahrens [Washington Post, 23/5/02]. O discurso jogava mais lenha na fogueira dos críticos, que acusam o jornal de ser porta-voz da Igreja da Unificação e relações públicas do Partido Republicano.
"O reverendo Moon é um líder religioso, e fala em termos religiosos", tentou explicar o editor administrativo Fran Coombs a Roxanne Roberts [Post, 22/5]. "Ele sempre respeitou nossa independência editorial, e não tenho motivos para acreditar que isso mudará." Ainda assim, o discurso pouco fez pela imagem do Times, jornal subsidiado pela igreja e criado como alternativa conservadora ao Washington Post, além de ajudar na guerra ao comunismo liderada por Ronald Reagan, então presidente. Embora influente, o jornal tem pequena circulação, e já custou mais de US$ 1 bilhão em perdas para o grupo de Moon, que também administra terras na América do Sul e diversas publicações na América Latina.
THE PILOT
The Pilot, mais antigo jornal católico dos EUA, está passando por reformulação: trocou de editor-chefe, demitiu um de seus dois repórteres em tempo integral e planeja sair de sua sede no centro de Boston. De acordo com a Igreja, as mudanças estão ligadas à falta de dinheiro, e não aos escândalos de abuso sexual envolvendo padres.
Porta-voz do cardeal Bernard Law, que publica o Pilot, disse que a saída de monsenhor Peter Conley do cargo de editor-chefe não tem relação com seu polêmico editorial de março, no qual afirmou que não podem ficar sem resposta questões latentes como a finalidade do celibato e a atração pelo sacerdócio de um número desproporcional de homossexuais. Na época da publicação, o cardeal Law, para amenizar a situação, disse que o Pilot não pretendeu questionar o celibato. Michael Paulson [The Boston Globe, 15/5/02] conta que, para a semana seguinte à da publicação do editorial, estava prometido um artigo sobre a ordenação de mulheres, que nunca saiu.
Conley afirma sabia desde setembro que, após 11 anos à frente do semanário, seria substituído por Antonio Enrique. O monsenhor passou a editor executivo e escrevia apenas editoriais, enquanto Enrique se adaptava ao posto de chefia. Com relação ao texto de março, mantém a mesma opinião. "Poderia ter sido mais claro, mas aquelas questões continuam sendo as questões. Ao menos se deve responder àqueles que questionam."