CASO EDUARDO JORGE
Alberto Dines
Devidamente perspectivada, a edição televisiva do último Observatório da Imprensa (terça, 27/8, pela rede pública de TV) sobre o Caso Eduardo Jorge (Caldas Pereira) deixou uma grande dúvida.
Como não é do escopo do programa julgar, sentenciar ou absolver pessoas ou instituições, mas trazer para a pauta de reflexões da sociedade o desempenho da sua mídia, neste sentido, o saldo do debate foi negativo.
As intervenções dos jornalistas pareceram convergir para um ponto: a precipitação em prejulgar e condenar o ex-secretário-geral da Presidência da República foi fruto das maquinações e infiltrações do Ministério Público junto às sucursais da grande imprensa na Capital Federal. Em outras palavras: a mídia, de boa-fé, foi usada pelos procuradores.
O desabafo do procurador Celso Três foi significativo: então que mídia é essa que se deixa influenciar por um único representante do MP? (versão não literal).
Esta é uma questão que envolve as duas instituições candidatas à mesma designação de Quarto Poder. Se o Ministério Público tentou servir-se da imprensa para veicular suas investigações, a imprensa abdicou totalmente da sua independência e capacidade de investigar entregando-se cegamente aos seus desígnios.
A tentativa de colocar a imprensa como inocente e o MP como vilão pode ter sido acidental, mas revela o perigo de ressuscitar o velho esquema do bode expiatório.
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