Sunday, 06 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Márcio Mará

FUTEBOL / COPA 2002

"A Copa de 22 milhões sem ação", copyright Jornal do Brasil, 12/05/02

"Serão aproximadamente 22 milhões sem ação diante da telinha escura na hora em que a Seleção Brasileira entrar em campo para lutar pelo pentacampeonato mundial. Esse é o número de brasileiros-torcedores espalhados pelo interior ou até no meio da cidade que só têm acesso à programação televisiva aberta por meio da antena parabólica. Eles ficarão incrédulos diante da ausência de imagem e som na hora dos jogos do Brasil. Tudo por causa de uma cláusula do contrato assinado entre a Fifa e a TV Globo para exclusividade da transmissão da Copa do Mundo. O papel timbrado proíbe a distribuição do sinal às parabólicas de sistema analógico – ou seja, as que não têm decodificador, ao contrário das pagas SkyNet.

Procurada oficialmente pelo Jornal do Brasil, a Central Globo de Comunicação informou que a emissora ?vai cumprir determinação da Fifa?, por ser uma imposição do contrato. Seguramente, a explicação não vai satisfazer os milhões de torcedores espalhados pelo interior ou pelas grandes cidades que não conseguirão fugir da falta de imagem em seus aparelhos.

Como os moradores de 96 apartamentos do prédio da Rua Pedro Américo 110, no Catete, Zona Sul do Rio, que se submetem até a assistir ao noticiário de São Paulo em troca de imagem ao menos nítida. ?Fico muito chateado com a possibilidade de não ver os jogos do Brasil. Pior que a assinatura de TV a cabo está cara, cheguei a fazer mas parei?, lamentou o aposentado Geraldo dos Santos, 50 anos, vascaíno e fã de Rivaldo e Roberto Carlos, que fez de tudo para captar um bom sinal em sua TV. ?Troquei de antena umas quatro vezes, pendurei Bombril, depois parti até para a externa. Nada deu certo. Pior é ter de assistir às notícias de São Paulo?, completou Geraldo.

Inimigo mortal da TV Globo, o deputado federal Eurico Miranda promete acirrar a discussão. Vai solicitar ao Congresso Nacional, via seu partido, o PPB, adoção de alguma medida em defesa dos 22 milhões de torcedores que poderão ficar órfãos de imagens na Copa.

Entre as propostas, que estão no site oficial do Vasco da Gama, há uma para o Congresso chamar a emissora para estudar uma forma técnica de fazer com que os donos de antena parabólica tenham o sinal. Ou votar um projeto de lei, em regime de urgência, obrigando a TV Globo a ceder as imagens para as TVs Educativas distribuídas por todo o país. Com isso, a Copa entraria em todos os lares sem custo adicional. ?A Globo não fala sob hipóteses?, respondeu a Central Globo de Comunicação sobre as sugestões de Eurico. Uma coisa é certa: das pousadas do interior ao morador de favela ou da Zona Sul, o desejo é um só. Ver o Brasil na Copa, ganhando ou perdendo. (Colaborou Gabriela Boeing)"

 

"Fifa veta imagens da Copa na Internet", copyright O Estado de S. Paulo, 9/05/02

"A indústria fonográfica tentou e não conseguiu. Os grandes estúdios de Hollywood também fracassaram. Agora é a vez de os cartolas tentarem barrar o avanço da Internet sobre o futebol, outra grande paixão mundial.

Pelas normas estabelecidas pela Fifa, apenas um endereço na Web – o da própria Fifa – poderá transmitir imagens ou áudio ao vivo do Japão ou da Coréia do Sul durante a Copa do Mundo, a principal competição esportiva do planeta.

A Fifa diz que reconhece a importância da Internet para a promoção e divulgação do futebol, mas ressalta que tem a obrigação de proteger as empresas que pagaram – e muito – pelos direitos de transmissão dos jogos.

Por isso, garante que vai se empenhar para impedir que imagens em movimento ou áudio ao vivo sejam exibidos na Internet nos dias de jogos, a não ser no site oficial da competição.

A medida tem forte dose de justiça, mas de certa forma, é inócua. Por dois motivos. Primeiro, pela estrutura da própria Internet, que faz com que seja praticamente impossível impedir que algum site exiba as imagens ou reproduza a transmissão de um determinado evento, seja uma partida de futebol ou um espetáculo de rock. O outro motivo está na própria relação Internet-futebol e nos hábitos dos internautas.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Ibope-eSurvey constatou algo que já era mais ou menos esperado: na Web, o que prevalece é o chamado futebol de resultados. Apenas 3,5% dos entrevistados pelo Ibope elegeram a Internet como o meio preferencial para acompanhar os jogos do Brasil na Copa do Mundo. A grande maioria (70,6%) vai assistir pela televisão aberta a tentativa da seleção brasileira de conquistar o pentacampeonato de futebol.

E olha que os horários são os mais complicados possíveis, pois a maioria dos jogos será disputada durante a madrugada ou no início da manhã. Ao longo do dia, é inevitável que alguns sites fiquem congestionados com a procura de informações sobre a Copa, não relacionadas, diretamente, com as imagens dos jogos da madrugada anterior, mas ao noticiário esportivo, como um todo. Quem foi bem, quem foi mal, quem é dúvida para o próximo jogo e, claro, o que o Romário achou da atuação da seleção.

Serão temas como esses que despertarão o interesse do torcedor na Internet – principalmente daqueles que normalmente acessam a partir do local de trabalho. Quem quiser ver os gols pela Internet vai ter de pagar US$ 19,95 por uma assinatura no site da Fifa (fifaworldcup.com), onde estarão disponíveis 15 horas de vídeo, incluindo quatro minutos de imagens de cada um dos 64 jogos da Copa do Mundo.

Mas isso apenas três horas após o término do último jogo do dia – o que reduz consideravelmente o número de interessados. Vale lembrar que na Copa de 98, na França, um público acumulado de mais de 33 bilhões de pessoas em 196 países assistiu à vitória da seleção anfitriã pela TV. Não vai ser diferente no Japão e na Coréia do Sul, com ou sem proibição por parte da Fifa.

Transmissão sem fio Uma competição paralela envolvendo milhares de fotógrafos estará sendo disputada na Copa do Mundo que começa no dia 31. Qual vai ser o primeiro site a publicar a foto do primeiro gol do Mundial? A rigor, todos os fotógrafos credenciados terão a mesma chance. Uma rede de telecomunicações montada pela norte-americana Avaya (www.avaya.com) permitirá que imagens e textos sejam transmitidos diretamente do campo por meio de uma conexão sem fios à Internet.

Além da montagem da rede wireless em cada um dos estádios da Copa, a empresa também foi a responsável pela montagem de sistema semelhante nos dois grandes centros de imprensa, na Coréia do Sul e no Japão, pelos quais estarão circulando cerca de 12 mil jornalistas. Com um notebook e um cartão, cada um desses profissionais estará o tempo todo conectado à rede e apto a transmitir textos, fotos, ler e-mails, baixar dados de arquivos ou simplesmente falar com o seu editor em qualquer lugar do mundo. Mesmo andando, se for o caso.

Bolsa de jogadores Não é segredo para ninguém o volume de dinheiro envolvido nas transações de jogadores. Foi pensando nesse mercado que a Sports Internet Factory criou o primeiro e-marketplace do futebol, que funciona, na prática, como uma grande bolsa virtual de jogadores. A idéia é reunir profissionais do mundo do futebol interessados em comprar ou vender jogadores.

O site (mercafutbol.com) tem duas áreas principais. Uma aberta, com acesso apenas para dirigentes, jogadores e empresários previamente cadastrados. E outra, aberta ao público em geral. Os administradores do site garantem que possuem em arquivo um vasto banco de dados, incluindo o valor do passe de 600 jogadores negociáveis, entre os quais dezenas de brasileiros."