Tuesday, 15 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Os riscos de goteira

THE WASHINGTON POST

Vazar uma notícia é provavelmente tão velho quanto o jornalismo, afirma o ombudsman Michael Getler [The Washington Post, 10/6/01]. A fonte provê informações ou documentos para um canal de notícias que, acredita, dará ao fato uma cobertura favorável. Vazamentos são importantes e podem levar a notícias importantes para o público. No entanto, podem ser traiçoeiros a quem os promove se explodirem antes do tempo. Neste caso, quem causa a goteira tem que pesquisar mais profundamente para não estar apenas "sustentando a água" de outra pessoa.

Na semana retrasada, a Comissão Americana de Direitos Humanos e o Washington Post demonstraram as armadilhas dos vazamentos e das reportagens que se produzem a partir deles. A comissão esteve investigando as eleições presidenciais em novembro de 2000, que levaram a alegações de tratamento diferenciado a eleitores pertencentes a minorias na Flórida. Na primeira página de 5 de junho, o Post noticiou que a comissão havia concluído que a conduta eleitoral na Flórida foi marcada por "injustiça, inaptidão e ineficiência", o que injustamente apenou minorias votantes.

Teoricamente, o Post, o New York Times e o Los Angeles Times receberam o mesmo texto de divulgação, mas quem leu o NY Times encontrou tratamento distinto para o caso. O jornal disse que não foram todos os oito membros da comissão que se envolveram na divulgação dos resultados. Dois participantes republicanos não foram consultados. Um deles ligou as conclusões da comissão com compromissos políticos da dirigente Mary Francês Berry, que apoiou o ex-vice-presidente Al Gore. O outro republicano descreveu o vazamento como "dissimulação de procedimento". Nada disso estava no Post, de acordo com Getler.

No dia seguinte, enquanto o Post corria atrás do prejuízo reportando sobre a dissidência republicana, o Times noticiava a dura carta que o governador da Flórida Jeb Bush escreveu para a comissão condenando suas descobertas. Nem uma palavra no Post.

Esse foi o exemplo de um vazamento estúpido e destrutivo, afirma Getler. O Post, é certo, não se diferenciou na cobertura. Poderia ter investido mais em uma reportagem previsivelmente controversa.

    
    
                     

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