Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Paulo Moreira Leite

CASO MURAD-SARNEY

"Lembranças de uma virada", copyright Época, 11/03/02

"Como convém aos bons momentos do jornalismo, o fechamento da edição passada de ÉPOCA encerrou-se às 3 da madrugada do sábado 2 de março, com oferta de pizza fria e refrigerante morno para a redação. O sacrifício compensou. ?Marido-problema?, reportagem de capa que naquele momento era enviada à gráfica com um atraso de seis horas em relação ao horário normal, constitui um exemplo do melhor jornalismo: uma revista quente, ocupada com temas de relevância nacional, capaz de antecipar fatos e alimentar o debate político no país por toda a semana.

?Marido-problema? foi produto de uma virada, ocorrida perto das 20 horas da sexta-feira, quando chegou à redação a notícia de que havia uma busca nos escritórios de Roseana Sarney e Jorge Murad. Em minutos decidiu-se trocar a reportagem de capa. Em função do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e do desempenho eleitoral da candidata do PFL entre o eleitorado feminino, ÉPOCA dedicava um total de 16 páginas ao tema. Para evitar novos atrasos, preservaram-se a Carta do Editor e o Índice da revista. Sete matérias anunciadas no sumário foram sacrificadas. (O texto integral da reportagem sobre Roseana e os votos femininos encontra-se em www.epoca.com.br.)

Coordenada por Angélica Santa Cruz, ?Marido-problema? é obra de um grupo de jornalistas que, nos últimos meses, fez uma espécie de curso avançado sobre irregularidades na Sudam e no Maranhão. Em Brasília, o chefe de sucursal, Expedito Filho, e o repórter especial Andrei Meireles mantêm encontros semanais com policiais, investigadores e procuradores envolvidos com o caso. Já o repórter Carlos Alberto Junior confeccionou, no ano passado, uma reportagem curta e certeira sobre um alto funcionário do governo do Maranhão, braço direito de Jorge Murad – em menos de 48 horas o cidadão foi afastado do cargo. Baseado em São Paulo, o editor-assistente Bernardino Furtado é autor de uma investigação pioneira sobre a Usinar, fábrica de escândalos em matéria de desvio de dinheiro público. Como nossos leitores se recordam, há três semanas o editor-executivo Delmo Moreira publicou nas páginas de ÉPOCA um minucioso levantamento sobre o mundo social do Maranhão. Organizada em minutos, essa força-tarefa foi à luta pelo telefone, em entrevistas rápidas, em arquivos pessoais e cadernos de anotação. Pouco a pouco, uma impressionante massa de informações, documentos e pequenas entrevistas foi despejada no computador do editor Guilherme Evelin, autor do texto final.

Biscoito fino do jornalismo, a edição 198 não é produto do trabalho de repórteres e editores, apenas. A intervenção de Ricardo Gandour, diretor-adjunto da unidade de negócios de ÉPOCA, foi decisiva para evitar um atraso catastrófico na entrega da revista – em conjunto com Celso Quilles, coordenador de gráficas, Fernando Mutarelli e Paulo Cezar Magaraia, da distribuição. Os cartazes de rua foram definidos às 2 da manhã do sábado, mas um esforço da equipe de marketing de Mônica Oliveira permitiu que às 10 e meia começasse o trabalho de distribuição e colagem.

Demonstração de bravura e agilidade, a reportagem de capa não agradou a todo mundo, como é natural. Inconformado com as revelações, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, do PFL, tentou montar uma cortina de fumaça, falando em entrevistas de uma imaginária manipulação da ?Polícia Federal-PSDB-ÉPOCA? para prejudicar a candidata de seu partido. ?O que há de estranho é seu site (de ÉPOCA) já ter a matéria, antes de a polícia sair do escritório da empresa?, disse o prefeito. Cesar Maia mentiu. A reportagem só entrou no site da revista às 13 horas do sábado.

Fruto de nosso compromisso com informações confiáveis e notícias de primeira mão, ?Marido-problema? marcou um novo passo no crescimento de ÉPOCA. Haverá outros, também importantes. É dessa forma que se constrói, cotidianamente, a melhor revista semanal do Brasil."

 

"Roseana", copyright Folha de S. Paulo, 7/03/02

"Parabenizo Vinicius Torres Freire por seu artigo ?Santinhos do pau oco? (Opinião, pág. A2, 4/ 3). É o cúmulo que uma candidata a presidente da República denuncie como política uma ação policial ordenada pela Justiça sobre empresa de seu marido. A vigorar a visão de Roseana Sarney, os políticos, por serem políticos, deveriam ser beneficiados por proteção automática contra a Justiça. (Claudio Weber Abramo, secretário-geral da Transparência Brasil, São Paulo, SP)"