THE WASHINGTON POST
Muitos leitores escreveram para Michael Getler, ombudsman do Washington Post, para comentar um artigo publicado no domingo retrasado por Natalie Hokinson, intitulado "Não deixarei que Washington D.C. perca seu sabor". De acordo com Getler [The Washington Post, 24/6/01], trata da aquisição, pela autora e seu marido ? ambos jovens negros bem educados ? de sua primeira casa, na região de Bloomingdale, na capital.
"No pequeno ato de escolher comprar nossa casa onde o fizemos, creio que nos tornamos parte de um grupo crescente nos EUA que está resgatando o que os movimentos de direitos civis deixaram para trás. De nossa perspectiva, a integração está supervalorizada. É tempo de reverter uma antiga migração esperançosa de gerações para comunidades brancas e se preocupar com alguns negócios pendentes na comunidade negra", disse Natalie. "Não podemos deixar que os brancos vençam… Queremos traçar uma linha, dividir nosso jardim". Essa é a "Cidade de Chocolate", Natalie escreveu.
Entre as pessoas que escreveram ou ligaram para Getler, a visão predominante era de que aquele é um artigo "altamente ofensivo" e "racista", um exemplo de duplo padrão ("double standard") no Post, no qual negros podem expressar seus pontos de vista e brancos, não. Outros leitores brancos disseram que queria viver e criar seus filhos em regiões mistas e acharam o artigo triste e ilógico. Cidades mudam com o tempo e não pertencem a qualquer grupo, disseram.
As feições em constante mudança de Washington D.C. formam uma história poderosa, complexa e de primeira ordem que, sem dúvida, tem fortes componentes raciais e étnicos. Na opinião de Getler, os pensamentos de Natalie são reveladores e dignos de leitura. "Não os rotularia de racistas, porque ela pedia para que os negros agissem não tanto contra os brancos, mas em seus próprios interesses". Mas, diz Getler, "sua visão foi apresentada em retórica racial inflamatória, alienando muitos leitores em vez de esclarecer um assunto complicado na história."
