SEATTLE TIMES
Uma série de reportagens publicada em março de 2001 no jornal americano Seattle Times, "Uninformed consent" (consentimento desinformado), recebeu prêmios por denunciar a morte de pacientes em pesquisas médicas, duas décadas atrás, no Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson ? conhecido como Hutch. Em longo artigo, partindo de sua experiência como jornalista e ex-doente de câncer, Laura Leandro [The Wall Street Journal, 19/3/02] acusa o Times de ter publicado história totalmente falsa: "Deixou de fora fatos cruciais, distorceu outros e ignorou tudo que não coubesse em sua tese sensacionalista."
Em 1992, ela precisou fazer transplante de medula óssea e pesquisou sobre o passado do Hutch para saber se seria o local apropriado para a operação. Mesmo admitindo que pessoas morreram no hospital, Laura não aceita a desqualificação do trabalho de uma equipe médica que teria feito o diagnóstico de leucemia deixar de ser uma inevitável sentença de morte.
Não seria verdadeira a acusação de que os médicos do Hutch, além de não terem alertado pacientes sobre riscos do tratamento, teriam se beneficiado do fato de serem sócios das empresas que produziam os medicamentos. As mortes que ocorreram teriam sido de pessoas em fase terminal, que aceitaram correr os riscos de uma experiência em troca da esperança de sobreviver. O governo já havia investigado os procedimentos do hospital e tudo havia sido considerado normal.
A jornalista denuncia que o Times, além de estimular parentes de pacientes que morreram a entrarem na Justiça, ajudou a aumentar no público a desconfiança em pesquisas médicas. "O verdadeiro resultado de reportagens como essa é a última coisa que um jornalista responsável gostaria de causar: prevenir pacientes de novos tratamentos que poderiam salvar suas vidas, confundir leitores sobre o papel da pesquisa na descoberta de novos medicamentos e terapias, e difamar injustamente uma instituição responsável e seus profissionais."
TESTES DE DNA
Os testes de DNA têm se mostrado ingrediente importante na busca pela audiência dos talk shows americanos. Todo dia, ao menos um casal é exposto a vaias ou aplausos do público com a revelação do resultado de exame de paternidade. Ricki Lake, por exemplo, quando levou um teste ao ar, aumentou sua audiência em 15% em relação ao programa anterior. Ainda este ano, a CBS planeja exibir um reality show, produzido por Arnold Shapiro (de Big Brother), de dois episódios, em que estupradores e assassinos condenados que alegam inocência são submetidos a exames de DNA.
O assunto sério com que lidam estes programas suscita questões éticas. Os talk shows já tiveram seu momento crítico nos Estados Unidos em meados da década de 90, quando um convidado de Jenny Jones assassinou outro, três dias após a gravação. Na época, como conta Alessandra Stanley [The New York Times, 19/3/02], a preocupação da sociedade com a programação trash levou o Congresso a discutir o assunto. Oprah Winfrey e Jerry Springer, dos maiores programas de entrevistas, não usam DNA. "Somos mais diversão", explica Linda Shafran, porta-voz do Jerry Springer Show. "Testes de paternidade são coisa séria demais para nós."