Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Reuters palestina

MONITOR DA IMPRENSA


ORIENTE MÉDIO
Reuters palestina

Se alguma vítima dos recentes confrontos entre palestinos e israelenses mereceu cobertura simpática da mídia com certeza foi Shalhevet Pass, de 10 meses, morta em seu carrinho de bebê em 26 de março por um franco-atirador palestino, enquanto seu pai era ferido e sua mãe a tudo assistia, horrorizada.

Mas os excessos da cobertura do conflito pela Reuters, que literalmente inunda jornais com imagens de vítimas palestinas e de posições anti-Israel, foi "desprezível" para as vítimas judias como Shalhevet ? na opinião de Alex Safian [The Jerusalem Post, 30/4/01]. Pesquisas revelaram que nos primeiros três dias após o tiroteio a Reuters enviou apenas quatro fotos sobre a morte da criança, nenhuma delas citando a responsabilidade palestina no assassinato. Duas das fotos nem eram de Shalhevet.

Na única foto em que o bebê aparece com seus pais, a agência desconsiderou qualquer responsabilidade dos palestinos na tragédia: "Homem armado palestino matou a tiros um bebê de 10 meses em Hebron, disse um posta-voz do exército israelense". No dia seguinte, a Reuters deu legenda ainda mais tendenciosa para acompanhar a foto do bebê morto no hospital: "Uma imagem sem data mostra a criança de 10 meses Shalhevet Pass, que um porta-voz do exército israelense afirmou ter sido morta por um franco-atirador palestino na cidade de Hebron."

Apenas numa foto distribuída em 29 de março a legenda reconhecia a responsabilidade palestina. Segundo a visão da Reuters, mesmo quando um bebê judeu é morto por um palestino os palestinos são as vítimas. Para Safian, não há dúvida de que cobertura intensa das perdas palestinas e a cobertura mínima das perdas israelenses são rotina na Reuters.

BANGLADESH
Mártires da crise

Jornalistas em Bangladesh estão sendo alvo de uma onda de violência política e do crime organizado, numa época difícil para o país devido aos conflitos com a Índia. Três assassinatos e 50 ataques foram registrados nos últimos seis meses entre jornalistas dos 134 diários nacionais, 700 semanais e 1.000 revistas mensais.

De acordo com Stephen Farrel [The London Times, 1/5/01], no dia 20 de abril a Comissão Eleitoral de Bangladesh demonstrou preocupação com os níveis crescentes de criminalidade e porte de arma. "Nos últimos seis meses, jornalistas que reportaram corrupção, violência política e intolerância religiosa foram vítimas de ataques inacreditáveis", disse Robert Menard, secretário-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras.

Em julho de 2000, Shamsur Rahman, jornalista do diário Janakantha, foi assassinado em seu escritório por um homem armado. Há três semanas, seu colega Prabir Sarkar levou 14 tiros quando dirigia sua moto depois de escrever uma coluna sobre colaboradores durante a guerra de Bangladesh pela independência do Paquistão, em 1971. Ele sobreviveu, mas há duas semanas o jornalista Nahar Ali morreu de traumatismo craniano depois de ser espancado e torturado. Ele publicou artigo criticando uma organização de esquerda, disse Menard.

TIME EUROPA
Menos americana

A versão européia da revista Time está, desde abril, mais… européia. Embora o carro-chefe da Time Inc., pertencente à AOL Time Warner, seja publicado no continente desde 1973, ainda é visto como veículo americano, segundo o editor Donald Morrison, que comanda a edição européia da Time com a mulher, Ann.

De acordo com Suzanne Kapner [The New York Times, 30/4/01], o casal está dando à revista uma sensibilidade européia e planeja atrair leitores jovens e mulheres. Três quartos dos leitores regulares são homens acima de 35 anos, algo que os editores pretendem mudar com mais cobertura de negócios, tecnologia, moda e design. A mais ambiciosa das mudanças é o cultivo da perspectiva européia. Pesquisas mostraram que os leitores querem menos Estados Unidos e mais Europa nas reportagens.

"É como se o McDonald?s tentasse ser um autêntico bistrô francês", afirmou Fareed Zakaria, editor da edição internacional da Newsweek, que não pede desculpas por ser americana. "Não tentamos esconder o que somos."

Hugues Olivier Bores, francês que chefia o escritório da Patek Philippe ? marca de relógios que anuncia na Time ?, disse que "a revista sempre foi conhecida por dar a versão americana dos fatos". "Pode uma revista dos EUA ser a voz da Europa?" Apesar das resistências, a tática tem dado resultado. Na edição de 2 de abril, a primeira com a marca da mudança, as vendas cresceram no mínimo um terço na Inglaterra, na França e na Alemanha. Resta saber se não foi apenas resultado de intensa campanha de marketing.

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