Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Só vendo para crer

SAVIMBI MORTO

Um vídeo com vários minutos de duração, mostrando o corpo ensangüentado do líder da guerrilha Unita, Jonas Savimbi, foi transmitido pela TV estatal angolana para convencer a população de que o maior inimigo do governo está, de fato, morto. A seqüência começa com o guerrilheiro deitado numa cama, de calças meio abaixadas e olhos entreabertos. Depois, é mostrado um buraco de bala em seu pescoço e o corpo então é colocado num caixão. "Todo mundo vai acreditar que é ele mesmo", disse João Lourenço, secretário-geral do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder.

Segundo Henri E. Cauvin [New York Times, 24/2/02], a decisão do governo de enterrar Savimbi sem expô-lo ao público alimenta o ceticismo de parte da população com relação à veracidade de sua morte. Em programa da Rádio Ecclesia, muitos ouvintes pediram que o corpo fosse mostrado.

REALITY SHOWS

A onda de reality shows continua aumentando nos EUA. A Warner Network vai produzir uma série sobre a atuação da Cruz Vermelha, enfocando desde desastres grandes, como enchentes, até pequenos acidentes, como uma casa incendiada. "A Cruz Vermelha faz algo especial e singular, e [o projeto] tem potencial para ser uma experiência única ", anima-se James Jusko, produtor-executivo do seriado, com Brady Connel.

Com o nome de No boundaries (sem fronteiras), o programa mostrará a ação dos voluntários em missões de assistência, em ritmo semelhante ao de Emergência 911, de que Connel foi produtor. "Temos os melhores câmeras de ação espalhados pelo país prontos para acompanhar os voluntários", afirma.

Como a Cruz Vermelha americana é ligada à de diversos outros países, histórias internacionais devem entrar na pauta. Numa parte mais informativa do programa, o telespectador ficará sabendo das pesquisas tecnológicas da instituição, como um curativo high-tech que estanca o sangue de qualquer ferida de imediato, independentemente da gravidade. Também haverá um quadro histórico, que usará as milhares de horas de imagens que a Cruz Vermelha arquiva desde a Primeira Guerra Mundial.

Segundo Nellie Andreeva [The Hollywood Reporter, 25/2/02], Jusko e Connel tiveram de negociar durante cinco anos até a série ser autorizada pela instituição humanitária, que, ainda assim, poderá intervir na linha editorial.

THE NEW YORK TIMES

Adrian Lamos, hacker de 21 anos de San Francisco (EUA), afirma ter conseguido entrar na rede interna do New York Times, obtendo acesso a diversas informações sigilosas. Contudo, ele diz não ter causado estrago algum. A invas&atildatilde;o teria sido feita só para mostrar ao Times que sua rede tem falhas de segurança. Segundo Carrie Kirby [San Francisco Chronicle, 28/2/02], não é a primeira grande invasão deste jovem, que vive em casa de amigos e trabalha em meio período como consultor de segurança. Microsoft, World.com e Yahoo! também já foram seus alvos.

Depois de conseguir telefones de pessoas conhecidas, como o ex-presidente Jimmy Carter, provar que seria possível alterar notícias no portal, criar uma conta de usuário como se fosse funcionário da empresa e adicionar seu nome a uma lista de experts, Lamos avisou ao Times de seu feito por um repórter da revista Security Focus. Ele pretendia fazê-lo no dia 25/2 à noite, mas esperou até a manhã seguinte para que os funcionários encarregados da segurança do sistema não tivessem que trabalhar até tarde.

O Times afirma que já consertou as brechas que o hacker usou. "Estamos investigando a situação para garantir a segurança de nosso sistema", anunciou a porta-voz da empresa, Christine Mohan. Lamos afirma que nunca teve queixa registrada contra ele pelos invadidos. Perguntado se alteraria notícias do New York Times, o rapaz respondeu que esta é uma possibilidade que considerou "inapropriada", e acrescentou que ficaria surpreso se uma história adulterada chegasse à versão impressa do jornal.