Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Sem medo da crise

REVISTAS

Novas revistas aparecem nos EUA, remando contra a corrente de um mercado em crise há décadas. São títulos e temas diversos, como Urban Dog, para donos de animais de estimação de New Orleans, ou Grace, revista de moda para gordinhas.

Embora a intenção de todas elas seja encontrar um caminho na dificuldade e transformar-se em uma nova Time ou Rolling Stone, o fracasso é o futuro mais provável da maioria. "Costumávamos dizer que 50% das revistas vão à falência no primeiro ano. Mas agora já está mais para 60%", calcula Samir Husni, professor que chefia o departamento de jornalismo em revista da Universidade do Mississipi e é especialista em novos lançamentos. Ele lembra ainda que apenas 10% dos títulos chegam a completar 10 anos de idade.

De fato, não é difícil crer que revistas como Enron Exposed ,da American Media, terão vida curta. A publicação é especializada em relatar as festas e orgias que ocorriam na extinta companhia energética texana. Também entre as novidades extravagantes aparece a Bust (isso mesmo, busto), que aposta na volta do feminismo.

Keith Kelly [New York Post, 12/5/02] reporta que, para este ano, se espera um número de lançamentos inferior aos 536 de 1990, época de profunda recessão. Em 1998 houve um pico de novas publicações: foram 1.065 ao todo.

A revista Newsweek comemora a vitória sobre a Time na categoria "Excelência Geral" do prêmio National Magazine. É um grande triunfo na histórica rivalidade entre as duas maiores publicações semanais de notícias dos EUA. Contudo, nos negócios as coisas não andam tão bem.

Em 2001, ano ruim para a imprensa americana, a Newsweek , com tiragem de média de 3,3 milhões de exemplares, teve lucro de US$ 25 milhões, sendo que em 1999 ele foi de US$ 62,1 milhões. A Time ? tiragem de 4,2 milhões de exemplares- lucrou US$ 55 milhões no ano passado, vindo de US$ 80 milhões em 2000. Se há uma década apenas US$ 5 milhões separavam as duas revistas, agora já são US$ 30 milhões. Isso demonstra que este mercado é mais dinâmico do que se costuma pensar. Exemplo disso é que a U.S. News era, há oito anos, líder no número de páginas de anúncios, e hoje está em terceiro lugar.

Mas as coisas podem estar melhorando para a Newsweek: ela conseguiu manter estagnado o número de páginas de anúncios do primeiro trimestre de 2001 para o mesmo período deste ano, enquanto a Time amargou queda de 7,6%.

David Carr [The New York Times, 13/5/02] conta que a líder de circulação está jogando pesado contra a segunda colocada, pois utiliza o fato de pertencer à gigantesca AOL Time Warner em seu favor, aproveitando os outros veículos do grupo para fazer publicidade. A Newsweek, de propriedade da Washington Post Company, respondeu aliando-se aos canais NBC News, MSNBC e alguns sítios da internet.

As duas revistas, nos últimos quatro anos, têm substituído seus editores por jornalistas veteranos. Mark Whitaker assumiu a Newsweek em 1998 com seu estilo direto e competitivo. Inicialmente, ele deu continuidade à linha de cobertura genérica que tinha a publicação. Mas, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro, optou por produzir mais reportagens originais. Agora, foi inaugurado novo desenho da revista, mais espaçoso e com tipografia mais simples.

Na Time, Jim Kelly, que subiu à gerência editorial em janeiro de 2001, também fez reforma gráfica e recebeu muitos elogios pelo trabalho. Ele pretende continuar dando ênfase a assuntos científicos e de saúde, aumentando o conteúdo gráfico para atrair o leitor, já que sua revista tem tradicional força de venda em banca.

O mercado dos semanários pode ser agitado pela versão americana de The Week, da britânica Dennis Publishing. A publicação é espécie de coletânea de reportagens que saem em outros veículos e tem grande êxito em sua terra natal. Foi lançada em abril de 2001 nos EUA, mas tem tiragem de apenas 100 mil, por enquanto.