Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Sem paparazzi, mídia continua o voyeurismo

O único jornalão que recusou o caminho da idiotização na segunda- feira, 8/12, foi o Estadão. Os demais embarcaram entusiasmados para celebrar a gravidez do século anunciada pelo Faustão no domingo. O jornal cobriu o evento comercial promovido pela trinca Xuxa Meneghel, Marlene Mattos e Luciano Szafir, publicou-o no caderno de variedades mas recusou exibi-lo na primeira página.

A nova direção do jornal parece querer demarcar-se do jornalismo marqueteiro e vem adotando algumas decisões de princípio, uma delas esta: jornal de qualidade não imita a imprensa popular (a outra relaciona-se com a nobilitação da primeira página dominical, recusando a apelação da concorrência).

A Folha, que volta a investir ferozmente contra o grupo Globo, quando se trata de nivelar por baixo não pensa duas vezes: badalou o feito do grupo adversário com o mesmo empenho com que o fez quando Michael Jackson arrendou a barriga da enfermeira.

A mesma Folha, através da sua revista dominical e com chamada na primeira página (14/12), produziu a suíte mais infeliz deste surto: matéria com meia dúzia de perfeitos idiotas que se consideram “reprodutores”, abandonados pelas parceiras. Conseguiu o que parecia impossível: reproduzir a mais estúpida suíte depois da morte de Diana Spencer (na capa da mesma revista). Isto é o que se chama “qualidade média”. Mais uma destas invenções e teremos consagrado o Padrão Folha de Qualidade.

Como se trata de uma produção da Casa, quem abriu o profundo debate intelectual que se seguiu à revelação de Xuxa foi O Globo.