Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Ser ou não ser filho, eis a questão

PAPAI OSAMA

Osama bin Laden, o homem mais procurado do mundo, parece ter encontrado nova e eficaz via de propaganda: crianças. A tática põe emissoras de TV entre a cruz e a caldeirinha frente ao dilema se devem ou não (e, se sim, como) pôr no ar videoteipe que mostra, aparentemente, os filhos do terrorista.

Em 7 de outubro, primeiro dia de bombardeios dos EUA ao Afeganistão e "estréia" de bin Laden nas telinhas de todo o mundo, Condoleezza Rice pediu aos executivos das emissoras americanas para serem mais cuidadosos com o que transmitem. Os executivos concordaram e, de fato, o segundo discurso do terrorista sofreu edição pesada antes de ser exibido.

Também foi editada a fita, segundo Alessandra Stanley [The New York Times, 8/11/01], levada ao ar em 8 de novembro, que exibia crianças falando e agindo como milicianos. A dúvida era quanto à identidade das crianças. A emissora árabe al-Jazira, do Catar, mostrou quatro jovens identificados pela emissora como filhos de bin Laden. Empunhavam armas e falavam sobre o apoio afegão ao Talibã. Disseram, também, que vão continuar lutando.

A CNN, que tem contrato com a al-Jazira, mostrou as imagens, mas reduziu a transmissão para 15 segundos. O apresentador lembrou que a emissora não pôde confirmar a identidade das crianças. Horas mais tarde, CNN reprisou o vídeo, reduzido a 10 segundos.

A CBS e a MSNBC também transmitiram imagens editadas do vídeo, mas tentaram fugir à questão da identidade dos jovens. A Fox News não mostrou a fita. "Diferentemente de outros, não estamos aqui para fazer propaganda do Talibã", disse Irena Steffen, porta-voz da emissora.