Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tablóides sem assunto

TELETIPO

Para grande preocupação dos tablóides ingleses, que dependem da oferta constante de fofocas de celebridades, o juiz Justice Jack (!) anunciou em 2/11 sentença determinando que os detalhes de uma relação sexual são "confidenciais". O mandado, contra um jornal não-identificado, impede que sejam publicadas "descrições lascivas" do affaire de um jogador de futebol ? casado ? com uma stripper. De acordo com The Economist (8/11/01), o Daily Mail devotou duas páginas ao assunto, em que seu colunista político, Stephen Glover, defende o interesse público destas notícias. Glover argumenta que "travessuras sexuais de figuras públicas podem ser o primeiro passo em direção a infrações maiores", citando o exemplo de Bill Clinton, e reclama da imposição do "universo puritano" do juiz.

As divisões de notícias das redes ABC e CBS, que antes negociavam separadamente um acordo com a líder CNN, decidiram firmar uma aliança para redução de custos. Frustrados com o lento progresso das conversas com a CNN (e seu aparente desejo de manter o controle editorial), os executivos dos dois canais decidiram promover um arranjo entre si que ajudasse a enfrentar a queda de faturamento publicitário. As discussões se intensificaram após 11 de setembro, quando se tornou visível o aumento dos custos de produção da notícia. Segundo Jim Rutenberg [The New York Times, 15/11/01], os executivos enfatizam que a independência editorial será mantida apesar da possibilidade de, no futuro, dividirem equipes ou sucursais estrangeiras.

Uma pesquisa com 118 diretores de noticiários de TVs americanas revelou que anunciantes procuram cada vez mais ditar o conteúdo dos programas. Entrevistados pelo Project for Excellence in Journalism em agosto, 53% disseram ter sido pressionados para cancelar matérias negativas; concessionárias de carros e restaurantes seriam os mais interessados em barrar reportagens desfavoráveis ao seu setor. Com a queda de faturamento publicitário, metade dos diretores enfrentou cortes de orçamento e de pessoal, e dois terços estão transmitindo mais notícias locais do que no passado. David Bauder [Associated Press, 14/11/01] explica que isto se deve ao fato de que produzir um noticiário é considerado mais barato do que comprar programas sindicalizados.