Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tão perto, tão longe

– Finalmente, cabe investigar as causas do acidente. Segundo técnicos da Petrobras, em entrevista à imprensa, houve um ?deslocamento do terreno? em que o oleoduto estava assentado, e ele se rompeu. Por que não se pode aceitar a explicação? Para explorar petróleo no fundo do mar realmente a Petrobras teve que desenvolver técnicas sofisticadíssimas, inclusive a ?invenção? de metais novos, que ?combinem? duas qualidades (em linguagem de leigo), precisam ser ?fortes? para resistir a correntes submarinas, ondas, ventos – mas também precisam de flexibilidade (molecular) para não quebrarem diante de pressões exageradas ou deslocamentos de terreno. Poucos brasileiros sabem, mas a Petrobras é campeã mundial, premiada por instituições internacionais, como líder absoluta na exploração de petróleo no fundo do mar, graças a técnicas que tem desenvolvido desde meados dos anos 60. Agora, a direção da Petrobras alega que o oleoduto se rompeu porque o terreno ali é do tipo diferente, de ?calcáreo?, e sofreu um grande deslocamento para o qual os materiais do oleoduto não eram adequados. Santa desculpa. As grandes descobertas da Petrobras no litoral do Rio se devem exatamente às técnicas de perfuração do ?calcáreo?. Há 25 anos a Petrobras opera ali, conhece o ?calcáreo?. E o oleoduto foi construído há apenas dez anos.

Um incréduto rejeitará a hipótese de que a incrível extensão do desastre ecológico tenha sido planejada. Aos incrédulos é bom lembrar que tampouco os cidadãos alemães e franceses suspeitavam de Kohl e Mitterrand. Como parecia inverossímil que o atentado do Riocentro fosse um plano militar. Somente o Ministério Público pode dar uma resposta aos crédulos. E impedir o esquartejamento da Petrobras.

(*) Contribuição do leitor José Rosa Filho