Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um voto decidido na TV

EXPOSIÇÃO DE CANDIDATOS

Chico Bruno (*)

Esta eleição presidencial guarda semelhança com a primeira eleição direta depois de anos de regime militar. Novamente a televisão vai ter participação fundamental na escolha do novo presidente. Vale a pena lembrar aos mais novos que na eleição presidencial de 1989 a participação da TV foi decisiva. Os mais velhos se lembram dos dois debates entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva. Foram dois episódios determinantes, que ajudaram os eleitores a decidir o voto.

Hoje a eleição, com certeza, será decidida segundo o desempenho dos candidatos na televisão, seja pelo horário eleitoral gratuito, pela novidade das entrevistas em telejornais ou pelos debates entre os candidatos ? o primeiro, no domingo, 4/8, na TV Bandeirantes ? e pelos que se seguem nas demais redes. A influência da TV colocará em segundo plano as pesquisas, que podem sofrer mudanças substanciais quando estiverem frente à frente os quatro principais candidatos a presidente da República.

Vale a pena lembrar: em 1989, antes do horário eleitoral gratuito, o candidato Fernando Collor tinha 54% das intenções de voto para presidente. Ele chegou ao segundo turno com apenas 28% de intenções ? uma queda 26% entre o inicio e o fim do horário gratuito. O primeiro foi vencido por Lula, segundo os analistas da época, mas o segundo e decisivo, a poucas horas da eleição, foi vencido por Collor. Os mais novos precisam saber que a Globo manipulou a edição do debate a favor de Collor nos telejornais da emissora do dia seguinte. A edição manipulada do debate foi confirmada por declarações dos responsáveis pelo jornalismo da Globo, na época Alberico Souza Cruz e Armando Nogueira.

Hoje, novamente a Globo atribui grande importância à eleição presidencial, inclusive com seu canal a cabo de notícias, a Globonews. A iniciativa está sendo seguida pelas demais redes de TV do país. A exposição dos candidatos em telejornais e debates vai facilitar a decisão dos eleitores, haja vista que a maioria está no segmento dos mais pobres, os que mais se utilizam da TV como meio de informação. Com isso, as pesquisas passam a ocupar seu devido lugar.

(*) Jornalista