Wednesday, 09 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Unidos para liderar

TV LATINA

"Não haverá nada separando-as." Com essa frase, Andy Lack, presidente da NBC, explica a estratégia que será usada para impulsionar o desempenho da rede latina Telemundo, com a fusão de US$ 2 bilhões ocorrida em outubro. Ela é segunda colocada em seu segmento, depois da Univision. Inicialmente, a união acontecerá por detrás das cortinas, com a eliminação de estruturas repetidas, junção dos setores de vendas e acomodação das equipes em prédios comuns em algumas das afiliadas.

O uso de jornalistas bilíngües também deve ocorrer em maior escala, informa a AP [6/5/02]. "Penso que há um grande mercado para repórteres e âncoras que possam transitar entre o inglês e o espanhol", diz o presidente da Telemundo, Jim McNamara. Ele calcula que 40% dos jornalistas de sua rede têm fluência para falar no ar nos dois idiomas. A possibilidade de estar em dois canais pode, inclusive, ser atrativo para os profissionais. "Não vamos prometer lugar na NBC para ninguém. Mas o fato é que, sendo parte da Telemundo, faz-se parte da NBC".

Na teledramaturgia também deve ser aberto espaço para atores bilíngües. "Uma estrela de novela da Telemundo pode ter participação especial na programação da NBC se tiver a capacidade lingüística para isso", explica Lack.

JORNAIS AMERICANOS

Jornais americanos promoveram, pelo quarto ano seguido, uma semana para estimular a diversidade em suas redações e coberturas. Batizado de "Pausa para a diversidade", o evento foi concebido pelos editores-gerentes da Imprensa Associados e pela Sociedade Americana de Editores de Jornal, e pretende possibilitar que mais pessoas de minorias trabalhem nos jornais e que os jornalistas entendam melhor as comunidades minoritárias dos EUA.

Em diversas oficinas, editores vão ouvir leitores de diferentes comunidades comentando a cobertura. No Dallas Morning News, por exemplo, organizou-se feira cultural, com comida e música estrangeira, como a asiática e a mexicana. Líderes comunitários fizeram coletivas na redação e os empregados foram levados a um centro da comunidade budista.

Nos Democrat e Chronicle de Rochester, estado de Nova York, sob o lema "ajude-nos a entender nossas diferenças", moradores da região visitaram o jornal para fazer críticas. Os funcionários participaram de duas oficinas, uma em que leitores hispânicos deram sugestões de como melhorar a cobertura e outra esclarecendo aspectos de religião, orientação sexual e raça. Um guia de consulta sobre minorias para os repórteres foi lançado. Durante um mês, editores dos dois jornais terão sessões com um grupo de 14 hispânicos. O Seattle Times organizou pesquisa com a própria equipe, atual e antiga, para aprender com a experiência do jornal. Informações de Arlene Levinson [AP, 5/5/02]. Os resultados da "Pausa para a diversidade" serão apresentados em conferência em outubro.

THE WASHINGTON POST

Jornal reconhecido pelo apreço à transparência e ao livre fluxo de informação ? já publicou os papéis do Pentágono e o escândalo Watergate contra a vontade do governo ?, o Washington Post parece não respeitar tais valores na negociação com o sindicato de jornalistas. Erik Wemple [Washington City Paper, 3/5/02] revela que a administração do diário propõe uma restrição que impede os funcionários de circular boletins do sindicato no trabalho. O motivo, segundo a vice-presidente de Trabalho do Post, Patricia Dunn, é "reduzir o tumulto associado" a estes boletins.

O contrato de três anos com o sindicato expira em 18 de maio, e a renovação é sempre uma época de tensão. Mas para a redatora Ann Gehart, com a indústria em recessão pela queda de faturamento publicitário, as negociações deste ano prometem ser árduas. "A companhia diz que, nestes tempos econômicos difíceis, precisamos reconhecer que não houve demissões no jornal, o que entendo como ?Seja grato por trabalhar no Washington Post, e isto deveria ser suficiente?."

Outra proposta da administração é que o sindicato desista de negociar os direitos sobre a instalação de câmeras secretas na redação; embora insista que não planeja investir nestes aparelhos no momento, admite querer deixar a opção em aberto. Wemple informa que a administração do Post tradicionalmente tem poder de barganha muito maior que os funcionários ? a vitória de Katharine Graham sobre jornalistas na greve de 1975 ainda repercute na redação. Graças a esta falta de equilíbrio, os funcionários são pressionados a aceitar políticas de férias não-cumulativas e aumento anual de 1% ao longo de três anos.