OFJOR CIÊNCIA 98
Victor Gentilli
m edição anterior deste OBSERVATÓRIO, chamamos a atenção para a excelente pauta que a greve dos professores de universidades federais escondia: a crise da Universidade pública brasileira. Terminada a greve, Veja topou enfrentar a pauta em sua edição de 15 de julho.
A revista, no entanto, repetiu os sistemáticos erros que a imprensa comete ao noticiar o ensino superior público. Primeiro, simplesmente ignorou que as universidades federais são melhores que as particulares. O provão vem confirmando sistematicamente esse dado. A revista faz referência ao provão mas omite que quem vem fracassando neste exame são os cursos particulares.
Todos os estados brasileiros têm universidades federais. Minas Gerais tem várias; São Paulo tem uma em São Carlos e outra na antiga Escola Paulista de Medicina. Alagoas, Sergipe, Acre têm universidades públicas federais.
Fazer uma média dessas universidades e compará-las com as universidades estrangeiras e com as privadas é induzir o leitor a erro. Há boas universidades no Brasil. Há empreguismo, fisiologismo, corporativismo em várias outras. Veja poderia ter explicado por que a Universidade do Acre tem poucos doutores. Não o fez. Veja poderia ter mostrado que a comparação de numero de funcionários por aluno deveria levar em conta, por exemplo, a existência ou não de um Hospital Universitário. A maioria das universidades federais brasileiras têm hospitais, vinculados aos cursos de medicina, enfermagem, odontologia e outros. Evidente que os funcionários – inclusive médicos – destes hospitais não podem ser contabilizados para estatística comparativa.
Enfim, Veja tem o inegável mérito de trazer a público a crise das universidades públicas. Elevou o tema à importância que ele merece e trouxe algumas informações importantes para o leitor. Mas recaiu em erros sistemáticos de quem trata do assunto.
