Thursday, 10 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Universidades federais formam comissão

V FÓRUM DE PROFESSORES DE JORNALISMO

Marcia Benetti Machado (*)

As universidades federais criaram em Porto Alegre, durante o V Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, a Comissão dos Cursos de Jornalismo das Federais. Essa comissão vinha sendo pensada desde o IV Fórum, que aconteceu em Campo Grande, em 2001.

A consolidação, pelo INEP, do sistema de avaliação dos cursos superiores vem revelando a responsabilidade das mantenedoras pela qualidade do ensino. Sempre que as avaliações apontam as deficiências dos cursos, as mantenedoras são constrangidas a oferecer condições estruturais para solucioná-las. No caso das Instituições Federais de Ensino Superior, o governo federal é ao mesmo tempo avaliador e mantenedor. Nada mais justo, é evidente, que dê o exemplo de como manter cursos de excelência.

As federais vêm se debatendo com dificuldades que, de tão enunciadas, já parecem "naturais" do sistema público, mas que na verdade não lhe são inerentes, podem e devem ser dirimidas. Falta espaço físico para as salas de aula e os laboratórios de ensino. Os poucos e desatualizados equipamentos, além de não serem suficientes, consomem, em demorados e constantes consertos, uma parte valiosa dos recursos. Os cursos de Jornalismo precisam de mais professores, para que possam acompanhar a nova organização da profissão, e a necessidade de técnicos especializados é gritante ? isso para citar apenas problemas que demandam uma solução urgente.

A Comissão dos Cursos de Jornalismo das Federais foi criada para orientar uma ação coletiva de diálogo com o MEC na busca de soluções para os nossos problemas. É digno de nota que no ano passado, com a preciosa mediação do diretor do INEP, Tancredo Maia Filho, os representantes dos cursos se reuniram com o ministro Paulo Renato de Souza e apresentaram suas reivindicações. Passados 12 meses, a notícia, na semana passada, é que finalmente uma parte dos equipamentos requisitados pelos cursos ainda em 1996 estaria por ser adquirida pelo governo. Esses equipamentos são extremamente bem-vindos e significam um passo importante, mas ainda nos deixarão longe dos padrões de qualidade exigidos pelas avaliações.

A comissão também vem consolidar o vínculo das federais, estabelecendo um diálogo dos cursos de Jornalismo. Fazer circular informações é uma das maneiras de nos apoiarmos mutuamente e trocarmos experiências. Buscando ampliar sua representatividade, a comissão tem um comitê principal, com um representante de cada região do país. Nesta primeira formação foram escolhidos os professores Luiz Martins da Silva (Universidade de Brasília), Eduardo Meditsch (Universidade Federal de Santa Catarina), Carmen Dulce Vieira (Universidade Federal de Minas Gerais), Elias Machado (Universidade Federal da Bahia) e João Bosco Ferreira (Universidade Federal do Amazonas).

Registre-se desde já a primeira conquista da Comissão dos Cursos de Jornalismo das Federais, que assegurou um lugar no Conselho Deliberativo do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo. Dezenove universidades que se encontravam em Porto Alegre assinaram o documento de criação da comissão: UFRGS, UFSC, UFSM, UFMG, UFES, UFRJ, UFF, UnB, UFG, UFMS, UFBA, UFS, UFPB, UFPE, UFRN, UFMA, UFPA, UA e UFRR. Espera-se agora a adesão das demais.

É importante, para finalizar, resgatar o espírito dessa comissão. Ela não vem se contrapor ao ensino privado, por um lado, nem representa um descolamento dos demais cursos das universidades federais, por outro. Ela de certo modo sintetiza um debate que vem sendo travado, entre os professores de Jornalismo das federais, no interior de uma discussão maior sobre a importância de ampliar o acesso da sociedade a um ensino de qualidade ? e essa busca é atravessada pelas políticas públicas de ensino.

(*) Jornalista, diretora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS