Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Erivaldo Carvalho

“‘Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos.’ Camões

Na primeira coluna em que abordarei um dos fundamentos do bom jornalismo – a da semana passada serviu mais para uma apresentação geral do mandato – tocarei em um dos pontos-chave: erros de informação e imprecisão. De difícil assimilação pela própria condição humana, o problema ganha um peso especial entre nós, jornalistas. Explica-se. Tanto nos bancos da faculdade quanto no mercado, somos amestrados para apontar o dedo para fora das redações. Sempre para os outros. Somos críticos e denunciadores de carteirinha. Crachá no peito e diploma na parede. Um ex-professor gostava de lembrar: ‘Se for falar mal de alguém, pense duas vezes. Se for falar bem, pense dez’. Assim os veículos de comunicação nascem, crescem e se desenvolvem, à sombra dos erros alheios.

Erramos muito

Pela forma rarefeita como a imprensa que, de maneira geral, discute os erros dela (alguns veículos, nem isso), não temos estatísticas sobre o assunto. Isso, apesar de termos fixação por qualquer tipo de ranking. E no O POVO, a quantas anda esse debate? Sem levantamentos oficiais, tateamos o problema no dia a dia. Com alguns avanços. O ombudsmato, conquistado pela maturidade do jornal, é um desses caminhos. Mas quem nos acompanha, com razoável regularidade, deve lembrar de muitos erros. Pequenos, médios e grandes. Alguns, horríveis. Da ignorância sobre a língua ao desconhecimento do assunto; do erro de informação à angulação errada da notícia; da imprecisão, que também deforma, à omissão de detalhes, por motivos mil.

Nos últimos dias, a prerrogativa de vasculhar edições, criteriosamente, e ouvir relatos do público, me mostraram um pouco da grandeza dessa escala. E olhem que eu não descobri que jornal erra desde o último dia 7 de janeiro. Eu digo isso na condição anterior de quem já esteve repórter, editor e colunista, tendo, em alguns casos, estourado a quota dos erros.

Motivos não faltam

A lista é imensa e você, certamente, acrescentaria um ou outro fator que explica tantos erros no jornal. Extinção da função do revisor, estresse pelas condições de trabalho, tempo escasso, correria entre empregos, má formação profissional, inexperiência, incompetência na apuração, negligência e por aí vai. Soltas ou combinadas, estas e outras questões merecem uma discussão mais detida. E é isso que teremos nas próximas colunas.

Constrangimento, vigilância e compromisso

O ombudsman solicitou, ao comando da Redação, uma declaração oficial sobre o assunto. Seguem, na íntegra, a pergunta e a resposta. Como a Chefia da Redação do O POVO lida com os erros e as imprecisões publicadas no Jornal? ‘A Chefia da Redação do O POVO fica claramente constrangida sempre que nossas matérias trazem algum erro ou imprecisão. Obviamente que o leitor precisa de uma informação bem apurada e bem escrita. Não temos a utopia do erro zero e também consideramos os efeitos didáticos quando ele acontece. Informamos que o jornal mantém permanente discussão sobre a qualidade do que produz, não só porque esse é o fundamento da nossa atividade, como também pela vigilância externa que nos chega pelos mais diversos canais, como o ombudsman, Conselho de Leitores, cartas, telefonemas e pelos comentários dos internautas do Portal O POVO Online e das mídias sociais. Não deixamos de assumir os erros e fazer as correções, seja no jornal ou Portal. Em nível interno, temos fóruns permanente de discussão e procuramos envolver editores e repórteres, diretamente responsáveis pela produção dos conteúdos, no compromisso de escreverem textos corretos’.

FOMOS BEM

SÉRIE DE MATÉRIAS SOBRE o avanço de construtoras em áreas do Cocó.

FOMOS MAL

QUEM, AFINAL, controla o IDGS? Ainda não respondemos isso.”