Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Paulo Rogério

“‘O jornalista pratica antes de tudo a comunicação e comunicar significa transmitir toda e qualquer informação’ – Marcello Rollemberg, jornalista

A greve dos professores da rede estadual de ensino teve, na última quinta-feira, o ponto mais crítico até agora com o confronto violento entre grevistas e policiais na Assembleia Legislativa (AL). Um ‘cenário de guerra’ como foi definido na manchete do O POVO. O assunto foi pauta em todos os sites locais, com fotos, vídeos e textos narrando o tumulto. Imagens que ganharam destaque nacional e dominaram a atenção da população. Na sexta-feira, em palestra para alunos no curso de jornalismo da Universidade Federal do Ceará, não foi diferente. A cobertura dada ao tema entrou na discussão. A iniciativa de dois estudantes, no entanto, chamou a atenção.

Eles foram além da notícia já publicada e, baseados na afirmação de um deputado de que a confusão partiu de ‘gente infiltrada’, procuraram nos bastidores do movimento saber quem é quem neste enredo. Haveria mesmo especialistas? Quem são esses personagens que deixam suas casas para protestar? Acabaram descobrindo histórias interessantes, fatos que têm passado longe da chamada ‘grande imprensa’.

Esse olhar diferenciado tem faltado na cobertura diária, muitas vezes restrita a discursos e esquecido até dos mais afetados pela greve. Neste caso, os alunos. Em uma cobertura longa como essa – se aproxima do 60º dia – os detalhes fazem toda diferença.

Antecipar fatos

O POVO tem revelado certa dificuldade em mostrar ao leitor as propostas financeiras nas recentes greves como na paralisação dos professores e nos Correios. Na edição de quinta-feira, por exemplo, quando o motivo do início de uma greve de fome de três educadores era o projeto enviado pelo governador, o jornal deixou o leitor sem saber o que dizia o documento. Como formar uma opinião? Nunca é demais lembrar que o leitor não é obrigado a estar acompanhando diariamente o jornal. É necessária a contextualização.

Já na sexta-feira a cobertura fez uma narrativa da confusão na AL, agora publicando o projeto aprovado. Porém as imagens escolhidas foram semelhantes ao que as tevês e sites veicularam. Faltou o detalhe, o olhar diferenciado. O jornal também teve tempo suficiente – a confusão foi pela manhã – para questionar o governador Cid Gomes, alvo das críticas ou a secretária da educação. Na avaliação interna lamentei as ausências naquela edição, o que já teria antecipado as notícias de ontem que enfocaram todos esses pontos.

Exagero fora de campo

A partida de futebol entre jornalistas do O POVO e o time feminino de Caucaia abriu o caderno de Esportes do domingo passado, 25, com direito a capa mais duas páginas centrais. O leitor Sérgio Guedes não gostou da escolha. ‘Quem estaria interessado em saber que o time do O POVO jogou?’, indagou. Para ele o tema ficaria melhor em um ambiente de intranet ou em uma nota. Guedes disse ainda que a cobertura esportiva caiu após o lançamento do tabloide. Pelo twiter, o leitor Paulo Rocha engrossou a crítica.

O editor-adjunto de Cotidiano, Rafael Luis, disse que ‘a pauta faz parte de nova política do jornal de apostar em reportagens inclusivas. Foi um jeito diferenciado de mostrar que o tal ‘sexo frágil’ pode superar os homens mesmo naquilo em que eles se consideram melhores: o futebol’. Ele não concorda que a cobertura involuiu. ‘A diversificação de pautas e a publicação de guias ampliaram a aceitação, como têm mostrado pesquisas. O resultado é significativo: 50 manchetes de 1º página desde 2010, algo que nunca ocorreu’.

Não vejo relação entre uma coisa e outra. Ótimo que o jornal tenha decidido dar destaque a temas esportivos. A escolha do Brasil – e de Fortaleza – como sede da Copa 2014 exigia essa aposta. Sobre o amistoso – o qual também participei – concordo que houve exagero. Uma matéria secundária bastava. Havia coisa mais importante.

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