Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Margaret Sullivan faz um balanço do primeiro semestre como ombudsman

Desde que assumiu o cargo de ombudsman doNew York Times, em setembro do ano passado, Margaret Sullivan abordou diversos temas, entre eles aspectos estruturais e questões sensíveis. Depois de seis meses, 16 colunas dominicais e quase cem posts em seu blog, Margaret acredita ser válido ver como andam alguns temas sobre os quais escreveu.

Aprovação de citações

Assim que começou no posto, ela solicitouque o jornal proibisse a prática de permitir que fontes aprovassem citações em artigos. A administração já estava considerando fazer isso e logo emitiu uma política. Na semana passada, Margaret perguntou ao chefe da sucursal de Washington, David Leonhardt, como andava essa política, tendo em vista que as matérias da capital seriam as mais afetadas pela mudança. “Alguns do governo estão menos abertos a falar conosco e perdemos algumas poucas entrevistas”, comentou ele. “Mas o custo foi inteiramente tolerável e a política é uma melhoria”. Repórteres ainda fazem um bom trabalho de apuração nos bastidores e de negociação posterior com as fontes para publicar as citações – uma prática permitida pelas regras do jornal. Mas não é permitido que se edite nada do que foi dito.

Mídias sociais

Em relação às mídias sociais, o Twitter e o Facebook, apesar de serem ótimas ferramentas de comunicação, podem ser perigosos para jornalistas. A ombudsman escreveu sobre dois casos problemáticos: uma mensagemsexista no Twitter do jornalista Andrew Goldman, que escreve como freelancer para a revista do jornal, e as mensagenschocantes no Twitter e no Facebook de Jodi Rudoren, quando ela assumiu a chefia da sucursal do NYTimes em Jerusalém.

O jornal lidou com as duas situações de maneiras diversas: suspendeu Goldman durante algumas semanas e contratou um editor para assessorar Jodi em suas postagens em redes sociais. A presença dela nas redes sociais caiu bastante; agora ela as usa sobretudo para cobrir as notícias e menos como um diário. Suas postagens não precisam mais de aprovação prévia, são apenas monitoradas, assim como as de outros repórteres. Já Goldman voltou aos poucos ao Twitter. “Aprendi pelo modo mais difícil e agora estou fazendo o que deveria ter feito: deixar as entrevistas falarem por si”, disse ele. Recentemente, o jornal também divulgou novamente suas normas de uso das redes sociais, enfatizando o que se aplica aos freelancers e à redação. Em geral, todos devem atentar para o fato de que é preciso “pensar primeiro e lembrar que vocês representam o NYTimes”.

Desafios da indústria

Como todos na indústria jornalística, o NYTimes está lidando com desafios na medida em que a publicidade impressa – que foi a grande fonte de receita por muito tempo – continua seu duro declínio. Ao mesmo tempo, está se reinventando como uma empresa de mídia digital global. Nos últimos meses, assumiu um novo executivo-chefe, 30 cargos de direção na redação foram eliminados em um esforço de corte de custos e foram anunciados planos para novos modos de receita.

Precisão na era digital

Um dos pontos baixos do período foi a cobertura imprecisasobre o massacre de Newtown. O diário divulgou, por um curto tempo no site, o nome errado do atirador e, mesmo no jornal impresso publicado no dia seguinte, foram cometidos erros sérios sobre como Adam Lanza entrou na escola, suas armas e sobre o papel da sua mãe na escola. Enquanto outras organizações tiveram os mesmos problemas – e muitos ainda piores –, leitores que contavam com o alto padrão do NYTimes ficaram decepcionados. Desde então, editores fizeram diversas reuniões para discutir soluções.