Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O poeta do jornalismo esportivo

Faleceu nesta segunda-feira (29/3) o jornalista Armando Nogueira, aos 83 anos, sua casa. Vítima de um câncer no cérebro, ele lutava contra a doença desde 2007. Seu sepultamento será nesta tarde, em local ainda não confirmado.

Nascido em Xapuri, no Acre, mudou-se para o Rio aos 17 anos, onde viveu até sua morte. Formado em Direito, iniciou no jornalismo em 1950, no Diário Carioca. Passou por diversos veículos de comunicação, como a revista Manchete e O Cruzeiro, além do Jornal do Brasil.

A principal etapa de sua carreira foi na TV Globo, onde chegou em 1966. Foi um dos responsáveis pela implantação do jornalismo na emissora, com a criação do Jornal Nacional e do Globo Repórter. Homem de bastidores, ficou no comando até abril de 1990, quando saiu da emissora e voltou a escrever efetivamente sobre esporte.

Sua relação com o esporte, aliás, é profunda. Esteve em todas as Copas do Mundo de 1954 até 2002, e em Olimpíadas desde 1980 até 2004. Teve colunas em diversos jornais pelo País, inclusive no O Estado de S. Paulo, na década de 1990.

Poesia

Apaixonado por futebol, praticante do tênis, sempre usou um lado poético em seus textos para expressar sua admiração por ídolos como Pelé e Garrincha. Uma frase famosa é sobre o que achava do histórico atacante do Botafogo e da seleção brasileira, campeão mundial em 1958 e 62: ‘Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifundio’.

Sobre o futebol: ‘Temos de basear o nosso futebol em individualidade. Se der para juntar um grupo de talentosos em torno de novos Pelés e Garrinchas, com uma dimensão menor, estaremos mais próximos da nossa escola do que se apelarmos para táticas caricatas’.

Em sua biografia, escreveu diversos livros, todos relacionados com o futebol: Drama e Glória dos Bicampeões (em parceria com Araújo Neto), Na Grande Área, Bola na Rede, O Homem e a Bola, Bola de Cristal, O Vôo das Gazelas, A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar (em parceria com Jô Soares e Roberto Muylaert), O Canto dos Meus Amores, A Chama que não se Apaga e A Ginga e o Jogo.