Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Paulo Rogério

“‘Jornalista só tem um compromisso: com seu público. Pode errar, mas sempre acreditando que o que diz é a verdade’ Carlos Brickman, jornalista

Quando um médico erra, o paciente pode pagar com a própria vida. Quando um engenheiro falha, um prédio pode desabar e causar vítimas fatais. E quando quem erra é o jornalista? Quem paga o preço? Embora as causas não sejam tão desastrosas como nos dois primeiros casos, o erro em notícias também causa dores. A falha de apuração na matéria que listou prefeituras que contrataram empresas envolvidas em fraudes, publicada dia 24, e corrigido no dia seguinte, irritou o leitor Francisco Couto. Para ele era necessária uma punição. ‘Já imaginou a repercussão negativa nas prefeituras injustamente citadas na primeira lista?’ Ele ainda acusou o ombudsman de ser ‘corporativo’ na abordagem da coluna, semana passada, quando chamei o erro de ‘lastimável’.

Sobre injustiça, o editor executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, alega que nenhum gestor foi citado. ‘Citamos os municípios que se enquadravam no que dissera o promotor Luiz Alcântara, quando anunciou que investigaria todos os que registrassem contratos com empresas ligadas ao suposto esquema’. A exceção foi o prefeito de Senador Pompeu, cuja prisão já estava decretada. A promessa é de acompanhar as investigações citando os respectivos nomes dos envolvidos quando forem divulgados. Essa não identificação levou o jornal a abrir espaço a prefeitos que alegavam culpa das gestões passadas.

Punição

O reconhecimento público de um erro é a maior punição que um jornalista pode sofrer. Isso foi feito com a publicação de outra matéria, além do pedido formal de desculpas. O que importa para o ombudsman é a informação correta, não a ‘cabeça’ de profissionais. Promoções ou punições são da alçada da chefia de Redação. Vou mais além. O erro requer sim uma mudança de postura. Isso foi cobrado e prometido. A ordem agora é ‘apertar os processos e submeter os dados a uma segunda checagem’ assegurou Guálter. Prefiro ficar ao lado de quase uma centena de leitores que pediram no O POVO Online continuidade nas matérias.

O que falta ainda é ampliar a discussão e analisar a questão política já que as matérias estão sendo publicadas nesta editoria – nos outros jornais está em Polícia. Os prefeitos são ligados a ‘padrinhos’ entre os deputados federais, estaduais e o no governo. O jornal já devia ter colocado esses personagens para discutir o problema? Como fica ainda a força política de clãs tradicionais nas cidades investigadas? Como essas denúncias podem influenciar o pleito de 2012? Por fim, e o mais importante: dar vez ao povo se pronunciar, algo que anda meio esquecido na cobertura diária.

Erros históricos

Diferente da falha na apuração, o erro de informação derruba todo trabalho do profissional responsável pelo texto. Muitas vezes. No último domingo, 26, por exemplo, na editoria Ceará, a manchete anunciou ‘Cariri] É da Urca a primeira reitora de universidade pública cearense’ em referência a escolha da professora Otonite Cortez para o cargo. No que pese a boa entrevista da personagem, a manchete está incorreta. O leitor Barros Alves percebeu a falha. ‘A primazia coube à professora Violeta Arraes que também exerceu o cargo de Secretária da Cultura do Ceará’. O leitor Lucas Emanuel completou. ‘A primeira reitora foi a professora Violeta Arraes. Agora, a primeira eleita em consulta universitária é a professora Otonite’. Os dois têm razão. Segundo o site da Urca, Violeta Arraes foi reitora durante 7 anos, de 1996 a 2003. Uma rápida consulta teria evitado o erro histórico.

Medalha fantasma

Outro exemplo de atropelamento na história aconteceu dia 20 de junho, também em Ceará, respingando na capa. Ao citar o Seminário Olimpíada e Cidadania, uma promoção do próprio O POVO, o jornal noticiou que Roberto Lopes, ex-jogador de vôlei de praia, havia sido campeão olímpico. A chamada de 1º Página foi incisiva. ‘Fundação Demócrito Rocha leva campeão olímpico a Juazeiro’. Por mais torcida que teve Roberto nunca foi campeão olímpico. Nem mesmo ganhou o bronze em Atlanta-96 como diz o texto. Naquela competição, a única disputa dele em Jogos Olímpicos, ficou em nono. A tal medalha foi conquistada no Pan Americano de Winnipeg, no Canadá, em 1999. O primeiro erro foi corrigido. O segundo ainda espera a boa vontade dos editores.

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