Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Imprensa geral

O Diário do Pará não abre mão de explorar a violência para vender jornal. Vai continuar a publicar fotos de cadáveres à larga, talvez até ser chamado à ordem pela justiça, onde esse tipo de sensacionalismo foi parar. Já O Liberal continua a ignorar os fatos nas suas ações coercitivas contra aqueles que colidem com seus interesses comerciais.

Não satisfeito em ter levado a OAB ao limite do despropósito, incitando-a a propor a demolição do edifício concorrente (ou pelo menos sua interdição), o jornal dos Maiorana tenta iniciativas ainda mais intimidatórias. Como através de notas seguidas na coluna Repórter 70, que nenhuma relação têm com a verdade dos fatos. Buscam coagir os desafetos, como nesta nota do dia 30:”É mais quem quer o relatório da Comissão de Meio Ambiente da OAB sobre a construção do Edifício Premium, na Baía do Guajará, mas as entidades que são contra a ocupação da orla de Belém pretendem botar as mãos na cereja do bolo, isto é, na lista de compradores de apartamentos. É que a decisão da Seccional que, estranhamente, virou as costas para o problema, levantou suspeitas sobre os reais motivos da omissão da maioria dos conselheiros”.

Se o jornal tem essa lista, por que não a divulga? Assim poria fim aos boatos de que há pessoas do mundo jurídico, de um lado e de outro da mesa, entre os condôminos, o que não significa nada se a aquisição foi efetuada regularmente e a defesa dos interesses pessoais é feita abertamente, conforme o direito garante.

Seria ótimo também que Romulo Maiorana Júnior divulgasse a lista dos compradores do espigão que pretende construir com vista panorâmica para a baía, o que já não é mais possível. Dizem que os nomes não ultrapassam os dedos de uma única mão.

O Pará não pode orgulhar do título que lhe impuseram: tem a pior imprensa do Brasil.

 

Embromação jornalística

O “Repórter 70”, a principal coluna de O Liberal, tentou convencer seus leitores, em nota do dia 26, que a campanha do jornal contra o edifício Premium, em construção na orla de Belém, defende o interesse público e não os objetivos comerciais do principal executivo da corporação. Romulo Maiorana Júnior. Ele tenta levantar outro espigão de concreto e aço bem em frente, na Avenida Pedro Álvares Cabral, através de uma empresa que é só dele, sem a participação dos seis irmãos, a Roma Incorporadora, dona do imóvel.

Argumenta que o concorrente visual “é o único que foi erguido na às margens da baía do Guajará, não havendo qualquer outra edificação, portanto jamais atrapalharia a visão de outro empreendimento que sequer foi construído”.

De fato, o Maiorana Towers One ainda está nas providências preliminares de edificação, limpando o terreno. A lentidão, porém, deve estar relacionada ao pouco sucesso (para usar expressão caridosa) na sua comercialização, situação que não foi alterada pela campanha maciça de divulgação de anúncios promocionais (não pagos, evidentemente) em O Liberal.

No entanto, as alterações no conteúdo das peças reflete a influência do prédio, com suas obras muito mais adiantadas, já tendo completado todos os pavimentos, 100 metros à frente. O primeiro anúncio oferecia ao comprador em potencial: “Você, acima de tudo!” Como esse diferencial foi desmentido pela existência do Premium, a segunda peça publicitária propagou a vantagem do apartamento em si.

No dia 30 estreou uma terceira peça, que se limitava a alardear a existência de quatro suítes por apartamento, que seria “tudo que você sonhou”. Nada mais sobre a visão panorâmica. Percebido o ato falho, na semana passada voltou a ser veiculado o primeiro anúncio: “Você acima de tudo”.

Pois sim.

 

Venda falsa

A fraude nas tiragens dos jornais de Belém extrapolou. Os Maiorana, que têm dois jornais diários, contra um dos Barbalho, por isso mesmo são os maiores manipuladores das vendas. Uma das manobras era a distribuição gratuita a todos os motoristas de táxi estabelecidos em pontos na cidade, que representam entre 70% e 80% dos 2,5 mil em atividade. Era um exemplar de O Liberal e outro do Amazônia enviados para a casa do motorista e uma dose dupla dos mesmos jornais para o local de trabalho.

A estratégia, já aqui denunciada, teve que mudar. Agora os profissionais do volante pagam cinco reais por mês para disfarçar a gratuidade. Em compensação, levam dois exemplares de O Liberal e quatro do Amazônia. Se apenas metade dos motoristas de pontos de táxi receber essa ração, a soma será de dois mil exemplares de O Liberal e quatro mil do Amazônia diariamente. Uma farsa estupenda.

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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)