Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>O cinismo prospera
>>O preço da fama

O cinismo prospera


A oposição parte para o xingamento, o governismo apara com ironia. Não desmente as acusações, desqualifica os acusadores. E o cinismo prospera no país.


Hesitação quercista


O ex-governador Orestes Quércia aparece no noticiário como candidato assumido do PMDB ao governo paulista. Mas o Painel da Folha informa que ele ainda não se resolveu.


O preço da fama


Alberto Dines lembra ao professor Carlos Alberto Parreira que o sucesso de mídia tem um preço.


Dines:


– O “professor” Carlos Alberto Parreira prometeu que não falaria antes do jogo com o Japão mas falou ontem à noite com exclusividade para o o Jornal Nacional. Engraçado: exatos cinco minutos antes de Parreira aparecer na Globo o excelente comentarista Renato Maurício Prado da Rede CBN (que pertence ao mesmo grupo) dizia que não poderia comentar esquemas táticos ou escalações diante do total mutismo da Comissão Técnica. Mais engraçado ainda é que Parreira falou mais sobre a pressão da mídia do que sobre os problemas do ataque ou do meio-de-campo. Reclamou dos 800 jornalistas que cobram melhor desempenho da seleção, reclamou das exigências da mídia nacional e internacional mas esqueceu de uma coisa: essa expectativa toda é conseqüência dos excessos do marketing. Nunca houve uma seleção brasileira tão badalada quanto esta. Ronaldinho Gaucho está sendo cobrado porque, antes da Copa, não havia dia em que não aparecesse fantasiado de melhor do mundo fazendo malabarismos circenses com a bola. Agora, o mundo inteiro quer saber por que ele não repete em campo o que antes fazia nos anúncios ou nas reportagens ensaiadas. O sucesso na mídia tem o seu preço, é isso o que o professor Parreira precisa entender. Mas no momento o nosso técnico só precisa entender uma coisa: como ganhar bonito contra o Japão.


Embromação voadora


Curiosa formação social é o capitalismo brasileiro. Na novela da Varig, apareceu um juiz com faculdades midiáticas, retóricas, políticas, botafoguenses para deixar mais uma vez patente que o Brasil é um país onde sempre se estica, se emenda, se remenda, se ginga, se embroma. E salvem-se como puderem os passageiros da Varig. A parte fraca, que sempre interessa menos no capitalismo brasileiro. E sempre tem menos visibilidade na mídia.



Não vote em mensaleiro


A Transparência Brasil lançou a campanha Não Vote em Mensaleiro. É bem mais do que uma incitação, explica seu diretor executivo, Claudio Weber Abramo.


Abramo:


– A idéia da campanha Não Vote em Mensaleiro é a de levar ao eleitorado informações mais completas sobre o histórico dos candidatos à reeleição à Câmara dos Deputados e também de algumas pessoas do tipo ex-ministros, ex-governadores, ex-senadores, ex-prefeitos de capitais que concorram a um mandato federal. Campanha de adesão, em que aqueles, em especial veículos de comunicação, que quiserem utilizar essas informações poderão fazê-lo. E essas informações estarão num banco de dados de acesso público, que estará na internet a partir do final do mês de julho.


Todos os candidatos, não apenas mensaleiros, bingueiros, sanguessugas, vampiros e essa fauna horrorosa, mas todos os candidatos. Nossa esperança é que não se reconduza à Câmara dos Deputados esse pessoal que notoriamente é réu em processo-crime. São indiciados pela Justiça em crimes que passam de corrupção a assassinato, contrabando, coisas assim. Esse pessoal, não é muito saudável que esteja na Câmara dos Deputados.


Mauro:


– Claudio Weber Abramo informa que qualquer interessado pode publicar em suas páginas na internet o banner da campanha Não Vote em Mensaleiro. Veja como no site da Transparência Brasil.


Gastos sociais ineficazes


O jornalista Rolf Kuntz, colaborador deste Observatório da Imprensa, faz hoje no Estadão uma leitura do fundo político da questão fiscal, a partir de um estudo recém-publicado do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Expansão e Dilemas no Controle do Gasto Público Federal). Na leitura de Kuntz, o estudo pede mais foco, mais eficiência e menos assistencialismo nos gastos sociais. Ele exemplifica: o governo gasta esforços e recursos para ampliar o acesso à universidade embora a maior parte dos brasileiros não consiga completar oito anos de ensino.



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Leitor, participe. Escreva para noradio@ig.com.br.