Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A propósito da honestidade do ex-presidente Lula

“Os verdadeiros caráteres da ignorância são a vaidade, o orgulho e a arrogância.” Quem ensina é o escritor e filósofo inglês do século 19 Samuel Butler, a quem tive que recorrer para entender a estúpida arrogância do ex-presidente Lula da Silva. Durante recente entrevista coletiva, Lula declarou na maior naturalidade, como se estivesse dizendo algo inquestionável: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja católica, nem dentro da Igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”, disse.

Quanta ignorância, meu Deus, quanta vaidade, quanto orgulho, quanta arrogância, quanta insensatez, quanta estupidez! Lula perdeu o juízo? Não. É que onde faltam humildade, consciência, cultura e sensibilidade, a tendência é sobrar arrogância e prepotência. A arrogância de dizer-se melhor de que os outros é mais do que uma doença mental, é uma doença da alma. Ou uma manifestação radical pela perda de poder ou pela incerteza de volta ao poder.

Uma mente nobre, geralmente, tem vergonha de ser arrogante. Ou como diz Goethe, “não há nada mais terrível do que uma ignorância ativa”. Alguém pode achar que isso faz parte do espírito audacioso de Lula. É não. Uma coisa é ter audácia sem arrogância, capacidade sem prepotência, inteligência sem petulância, coragem sem exibicionismo, ambição sem personalismo. Outra é o extremo egocentrismo.

É tão estúpida a arrogância de Lula que ele faz uma declaração dessas exatamente no momento em que as investigações do petrolão, maior escândalo de corrupção do mundo, chega nele e ganha destaque no noticiário nacional: o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, disse aos investigadores da Operação Lava Jato que Lula foi abastecido por R$ 50 milhões em propinas do Petrolão na campanha presidencial de 2006. Esse dinheiro, segundo ele, saiu dos R$ 300 milhões pagos pela Petrobras para a Sonangol, estatal petrolífera de Angola.

Como pode, então, Lula se dizer honestíssimo? E o mensalão, com seus principais liderados – José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares – condenados pelo Supremo por corrupção e presos? Lula já enganou todo os brasileiros em quatro eleições – duas dele e duas da Dilma Rousseff – e continua enganando parte da mídia.

O visionário agora é milionário

Mas já não engana mais a maioria dos brasileiros. Prova disso é que nas grandes manifestações populares pelo país, exigindo o impeachment da presidente Dilma, ele tem sido acusado explicitamente de “ladrão”. Ou será que Lula não sabe o que o povo anda dizendo dele nas ruas e nos bares? “Lula chegou ao poder visionário e agora está milionário…” “Lula agora é dono de várias e grandes fazendas no Pará, compradas em nome do filho, Lulinha, para disfarçar” ”Lula está escondido na caixa preta do escândalo do BNDES”.

Se o povo anda falando isso é porque, para o povo, Lula está longe, muito longe, de ser um homem honesto. Por isso, sua estúpida arrogância pode ser entendida, pelo que sugere Butler, como sinal da ignorância. Um homem sem cultura vive perturbado por ser ignorante e, dominado pela insegurança de ser inferior aos outros, acaba mostrando sua arrogância, que é o pior de todos os defeitos e o caminho mais curto para a desgraça.

É falso o argumento de alguns de que parte da mídia está querendo destruir a biografia do Lula. Não é nada disso. Quem está rasgando sua biografia é o próprio Lula com sua incurável insensatez e sua ambição imensurável. Já não existe mais, há muito tempo, o Lula idealista das greves do ABC paulista nos anos 1970. Era tudo encenação. Já não existe mais, há muito tempo, o Lula das pregações éticas antes de chegar ao poder. Era tudo enganação.

Sua biografia começou a ser rasgada pelo mensalão e está sendo destruída pelo petrolão. É o pai da facção criminosa que arrombou e assaltou os cofres públicos do Brasil nos últimos 14 anos. E como responsável por todas essas mazelas sobre a nação, atolada em gigantesco pântano de corrupção, Lula, infelizmente para ele, é um poço profundo de arrogância e prepotência. É de uma arrogância egocêntrica sem limites. Só faltou dizer que está em processo de beatificação e vai se tornar santo. E assim vai Lula na sua marcha da insensatez.

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Jota Alcides é jornalista e autor de O Recife, Berço Brasílico e Pernambuco você é Meu