Tuesday, 14 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Nem coragem nem estômago para mudar

O mundo precisa de bons exemplos, não de ídolos nem de líderes e muito menos de fanatismo, entretanto, parece que o que se plasma na mídia, que também sobrevive desses temas e de uma vertente alinhada com o ‘super’, com o ‘máximo’, com o ‘fantástico’, com o ‘espetacular’, com o ‘incrível’, com ‘o mais poderoso’, com ‘o mais em voga’ etc., é na verdade o que dá o tom e o rumo da paranóia e do caos. Essa superexposição, meritória ou não, transforma pessoas comuns em líderes de opinião e o que eles dizem ou fazem passa a ser exemplo – bons ou maus – a ser seguido e transforma-se em verdade irrefutável, em postura incontestável.

Desta forma configuram-se os arquétipos coletivos e os mitos contemporâneos, difíceis de se mudar e contestar, apesar das possíveis boas intenções dos expostos. Ao afirmar ao programa 60 minutes que daqui a 50 anos o mundo não se lembrará mais da sua mobilização pelas causas sociais, mas se lembrará das suas músicas, Bono está sendo otimista em achar que no atual rumo que seguem a humanidade e o planeta, sobreviveremos até lá (por mais 50 anos) para lembrarmos das suas músicas.

Essa postura, de certa forma, é irresponsável e induz seus simpatizantes e fanáticos hipnotizados pela construção plasmada na mídia – principalmente os jovens – a uma tranqüilidade passiva quanto ao futuro do planeta e da humanidade: ‘Sobreviveremos e lá estaremos’, pois dito por ele é incontestável. Assim foi apresentado pelo citado programa e assim papagaiado pela mídia brasileira, sem contestação alguma.

Por ser um formador de opinião, agindo com uma premissa otimista, mas errada, está induzindo os milhões simpatizantes de sua banda, o U2 – que é comprometida com a luta contra a pobreza, principalmente na África – ao fechamento de olhos e à omissão para o epicentro dos problemas do planeta e para as outras grandes questões que abarcam a ‘crise civilizatória’ e ambiental que vivemos; para os impropérios promovidos pela humanidade na sua ‘evolução’ sobre a Terra – os quais dizem respeito a uma linha centrada na mais valia (da economia e não na ecologia), que fez gerar não só os excluídos sociais mas também a degradação, o caos ambiental e o futuro incerto.

No centro do universo

Temos de levar em conta que a Terra tem 3,5 a 4 bilhões de anos e que em apenas 100 anos (durante o século 20) a humanidade foi responsável pela mais completa devastação e barbárie ambiental com o planeta e a quase totalidade da própria espécie, que agoniza em doenças, fome e miséria – os 80% excluídos. Para a reversão deste catastrófico rumo, não basta ater-se aos problemas da fome, mas também aos criados pelo sistema de exclusão e destruição ambiental que tem nos guiado.

A humanidade deve parar de atacar os efeitos e passar a atacar as causas da insustentabilidade ambiental, que são centradas no crescimento econômico, na ganância, no corporativismo e no desnível sócio-econômico da humanidade e entre os países que se quer ver colocado num sistema globalizado, que é injusto, que não compete em igualdade e se sustenta na exploração dos recursos naturais e dos menos favorecidos. [‘Rio+10 overground – 13 propostas e pressupostos lógicos para uma perspectiva de sustentabilidade ambiental – conjunto de posturas e de medidas para parar e reverter o atual quadro do caos ambiental e para a correção de rumos numa perspectiva de sustentabilidade’. Proposição 7 à Rio+10, de Zornitta, Paulo Roberto e José Fernando. Green Wave. Porto Alegre/Fortaleza/Joanesburgo, 2002.]

E, dentre estes, o problema maior é que o homem sempre é colocado como centro do universo e tudo tem de girar no seu entorno e para benefício e usufruto seu: todos os recursos naturais e todas as formas de vida só se prestam para atender às necessidades básicas do homem (alimentação, habitação, trabalho, saúde), ou subjetivas (educação, cultura, lazer, desenvolvimento espiritual etc.). Entretanto, o planeta segue se degradando e todas as outras formas de vida se extinguindo, enquanto o Homo Sapiens se coloca no topo da classificação das espécies, oferecendo um amor incondicional aos seus e esquecendo-se do mundo que vai fora da soleira da porta do que ele convencionou chamar de ‘lar’.

Indignados e iluminados

Bono tem essa postura ‘do amor universal’, que vai focado numa parte dos problemas humanos e atua centrado nesta abordagem, mas não ataca o foco principal para a reversão do rumo errado. Assim perde a chance que poucos têm de efetivamente ajudar a mudar o mundo para melhor, em todos os aspectos.

A solução para consertar o mundo só virá quando o homem se colocar como parte, e não mais como centro do universo (o que podemos chamar de ‘neo-humanismo’ na verdadeira acepção da palavra [‘O verdadeiro neo-humanismo’. Proposição de Zornitta, Paulo Roberto e José Fernando em Grande é a arte, grande pode ser a vida. Green Wave Ed. Porto Alegre, 2000.], que é o oposto da importância que se coloca) e o foco dos seus problemas não for mais encarado de forma setorial, paliativa e para seu próprio benefício. A fome, a miséria e a exclusão social são efeitos do egocentrismo humano e, o epicentro dos seus problemas é uma pequena parte deste arquétipo construído através dos tempos, de um juízo de valor errado e superestimado da sua importância no planeta.

Neste contexto – que é o mesmo da importante luta do ativista Bono – é sabido que só 20% dos humanos vivem de forma digna e tendo suas necessidades básicas e subjetivas atendidas plenamente. O restante sobrevive com os problemas básicos da exclusão social, que já afeta todo o mundo, mas que tardiamente está tendo atenção de uns poucos indignados e iluminados como ele.

Um lugar no clube

A maioria dos líderes e políticos de destaque no cenário mundial alardeia sua preocupação com problemas sociais – sendo o principal hoje o da fome e da miséria; mas a totalidade deles faz vistas grossas às questões ambientais, que são pertinentes ao crescimento econômico e ao sistema de forças da ‘globalização da economia’, que seguem atropelando como um trem em alta velocidade a tudo e a todos que se atravessam no seu caminho e que há quase três séculos anda pelo mesmo trilho, independentemente dos problemas, impactos, conflitos, exclusão e degradação que gera.

Por um lado, com o discurso centrado nos excluídos (mas com uma política sempre alinhada com as forças da globalização), o Brasil nunca teve tanta visibilidade e representatividade nos fóruns mundiais e, por outro lado também, nunca teve uma maior consternação internacional pelos efeitos da sua política de gestão do meio ambiente, cujos efeitos ‘são os piores de toda a história do país’, numa política tacanha e irresponsável de liberação dos transgênicos, de exploração dos recursos pelo agronegócio – que beira a inconseqüência (e que se encaminha para ser a horta e o quintal do mundo, enquanto as nações desenvolvidas pagam aos pequenos agricultores para não plantarem e assim não depreciarem seu meio ambiente) – ou, ainda, pela proporção acentuada da devastação e exploração das suas florestas, pelo extermínio da sua fauna e pela permissividade legal do patenteamento da sua biodiversidade.

Tudo em função de garantir – embora não garanta – um lugar no clube dos globais, competindo munido de pás e enxadas com as tecnologias de ponta dos países desenvolvidos. Assim como nos governos destes países, também vemos nos organismos internacionais, como a ONU, por exemplo, em que as intenções por vezes são boas, mas com práticas insuficientes, lentas, ineficazes para reverter situações críticas e insustentáveis.

O preço a ser pago

Exemplos não faltam, mas enquanto ficam discutindo o sexo dos anjos (em caras e improdutivas reuniões), o planeta segue no seu catastrófico rumo. Um destes ‘nobres representantes’ é Maurice Strong, o famoso, poderoso, perene e controverso funcionário da ONU que comandou pela entidade a Rio-92 e que afirmou naquele momento de forma irresponsável e sem contextualizar e avaliar muito bem o que dizia, que ‘uma das maiores ameaças ao meio ambiente é a pobreza. A luta pela sobrevivência diária leva os deserdados do mundo a corroer e a destruir os recursos dos quais depende o seu futuro’.

Essa foi uma afirmativa incompleta e prepotente, a qual não poderia ter vindo de um representante da ONU e muito menos manifestada pelo representante máximo da Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente. O que não foi dito por ele, ou dito de forma incompleta é que:

As principais causas dos problemas ambientais estão na pobreza, mas também na prepotência e na intocabilidade de qualquer variável que afete a economia e a supremacia dos países ricos e dos blocos econômicos a que pertencem – que continuam querendo manter os seus processos de evolução, centrados em fundamentos insustentáveis.

A sustentabilidade ambiental pressupõe uma postura mundial eqüitativa e uma melhor distribuição dos benefícios do atual estágio de evolução e das conquistas tecnológicas para toda a humanidade e não é culpa exclusiva dos menos favorecidos, os quais vêm mantendo e às vezes acelerando o ritmo de destruição ambiental para a própria sobrevivência e sem importarem-se com o preço a ser pago. Enquanto uns poucos acumulam centenas de milhares de vezes o que necessitariam para viver bem, a quase totalidade da humanidade sofre e agoniza e busca de todas as formas sobreviver. [‘Rio+10 overground’]

Fórmulas harmônicas

Embora a afirmativa de Maurice Strong seja de certa forma correta, neste caso, o chamado ‘ecocrata da ONU’ – que também ‘foi o embaixador global do Canadá para intenções boas e políticas ruins’, segundo o editor Peter Foster ou, ainda, ‘um socialista em ideologia, um capitalista em metodologia’, ‘um homem que fala como se fosse da esquerda mas com ações que apóiam a direita’, segundo outros críticos, esqueceu-se de lembrar e de dizer naquele importantíssimo momento (da Eco-92, em que o mundo se concentrava na questão ambiental) o que lhe foi replicado num trabalho apresentado pelo autor deste texto em 1995, na Conferência Mundial Sobre Turismo Sustentável (Unesco/ONU, Lanzarote, 1995):

‘2 – Não necessitamos somente entender a paranóia, os paradoxos e os contra-sensos da nossa era; necessitamos sim e urgentemente, propor instrumentos para promover a completa mudança e para solucionar os problemas deste século (referência aos do século 20).

Se quisermos resolver os problemas do planeta, necessitamos resolver primeiro os graves problemas dos seus responsáveis e causadores: os próprios seres humanos.

O homem, ele mesmo, é o epicentro dos problemas e da atual situação do mundo e, também, das respectivas soluções.

O primeiro paradigma é que ele mesmo, não está conseguindo pensar e atuar por si mesmo, se não por meio das corporações nas quais está inserido, que paradoxal e normalmente não se coadunam com as suas concepções.

Necessitamos, por isso, por primeiro e como células deste universo, não mais defender o marketing de produto, mas sim a vida e o seu natural equilíbrio ecológico; a solidariedade social que começa pela proteção e por certo não pela exploração dos mais fracos e menos favorecidos, os quais muitas vezes ‘corroem e destroem os recursos dos quais depende o seu futuro’ para atender as irracionais solicitações mercadológicas dos mais favorecidos.

Por exemplo, com as peles de animais sacrificados exclusivamente para atender aos desejos de vaidade pessoal ou com as madeiras nobres, que os europeus, japoneses e americanos usam para fazer móveis e casas; com o minério e outros recursos naturais, ou mesmo com a aceitação dos dejetos tóxicos e industriais exportados por aqueles países para os subdesenvolvidos.

3 – Os animais irracionais (por classificação humana) capturam e tiram da natureza somente o que necessitam para sua sobrevivência, ou seja, são ecológicos.

O homem, animal irracionalizado por suas ações, busca sempre, numa visão mercadológica, egoísta e monopolizadora, acumular cada vez mais – em um processo evolutivo injusto, destrutivo e contraproducente, conduzindo o planeta rumo à extinção.

Isto por certo é devido a parte da sua racionalidade que se perdeu no processo.

Entretanto, se ele quiser poderá encontrar na própria natureza as fórmulas harmônicas de manutenção da vida – que estão bem debaixo do seu nariz – na própria ‘irracionalidade’ dos animais. [Zornitta, José Fernando. ‘Geografia do turismo na América do Sul, Central e Caribe’. Conferência Mundial Sobre Turismo Sustentável – WCST/Unesco, Lanzarote-Espanha, 1995.]

Otimismo vazio

Bono, como ativista social, também está se esquecendo de pontos relevantes, enquanto coloca o homem como o centro do universo – e só dele trata, como se resolvendo os seus problemas básicos resolverá todos os contra-sensos e paradoxos que construímos na nossa irracional ‘evolução humana’ sobre o planeta que nos acolhe. Enquanto músico, pode fazer mais do que manifestar a sua arte e, através desta forma de expressão humana, poderia efetivamente ajudar a mudar o mundo com um pouco menos de otimismo e com mais responsabilidade, se contextualizasse o homem neste seu universo e na exata medida e importância que ele deve ter. A arte pode não mudar o mundo, mas pode mudar o homem, que pode mudar o mundo, sabiamente afirmou Herbert Marcuse. A música de Bono, do U2 e suas ações para melhorar socialmente a humanidade aí estão para provar essa afirmativa. A fome e a pobreza são partes de uma grande e mesma questão, mas também são efeitos de causas bem conhecidas e pouco lembradas.

O mundo do artista as vezes pode ser fantasioso, ser positivo, ufanista, otimista demais e limitado na concepção do ‘seu mundo ideal’; por outro lado, a arte também pode ser negativa, contestar, chocar – como fez Picasso com Guernica – e ser pertinente para expressar essa contestação e para contrapor uma energia contrária às forças da destruição, fazendo a arte cumprir um dos seus papéis mais relevantes e fundamentais.

O ‘artista Bono’ é otimista em sua expectativa de que daqui a ’50 anos a humanidade se lembrará das suas músicas e não da sua mobilização pelas causas sociais’. Ele nasceu e viveu grande parte da sua vida no eixo norte – acima da linha do Equador, em outra realidade e, através desta ótica vê o mundo e seus problemas. Entretanto, uma vez que é um líder de opinião e se vende e manifesta pelo mix da sua práxis artista-ativista, não tem o mínimo direito de fazer vistas grossas sobre o cerne da questão ambiental e das forças incontroláveis da evolução da humanidade pela economia, que estão sendo sempre relegadas a um segundo plano quando se busca apontar as causas da exclusão social e da sempre esquecida e acelerada degradação do planeta.

Impotência e dependência

Principalmente quando em contato com lideranças comprometidas com as suas mesmas causas, sua lembrança destas questões devia ser ativada, como nos seus encontros com os líderes mundiais e presidentes de países, como no seu recente encontro com o presidente do Brasil – só para se elogiarem mutuamente.

Deveria lembrar-se e fazer lembrar a eles também de outras importantes questões, como a do ufanismo da ciência (com as pesquisas genéticas e da biodiversidade – para o registro de patentes – ou ainda com as pesquisas espaciais que procuram vida inteligente em outros planetas, porque parece que ela está em falta aqui na Terra); como as guerras e litígios sem qualquer fundamentação lógica – as quais gastam somas astronômicas pelo interesse ou para elevar o ego de blocos e nações; como o avançar sem rumo da humanidade movida pelo motor da economia e pelo subjugo de todas as forças humanas e da natureza, que estão conduzindo o homem e o planeta a um abismo sem volta – e de forma cada vez mais rápida.

A filosofia que guia as políticas de ação nos principais países e blocos econômicos do planeta, estão centradas no crescimento econômico e, principalmente na ganância, no corporativismo e não na lógica – que seria a desconcentração e a distribuição dos benefícios dos progressos que o atual estágio de evolução poderia estar oportunizando para toda a humanidade e para todas as formas de vida do planeta; também no desnível sociocultural – que tem como motor a ganância, a apropriação indevida do know-how e da tecnologia e como grande vilã e parceira, os governos incapazes de autogestão – os quais têm os seus alicerces podres e apoiados no despreparo, na incapacidade, na falta de princípios éticos e no desvio de conduta – que se traduzem na corrupção administrativa por parte destes governantes e pelos seus representantes nos organismos internacionais, os quais operam com posturas economicistas e não ecológicas, estabelecendo uma legislação protecionista aos mais favorecidos em detrimento dos usurpados; permitem e protegem os interesses contrários à sustentabilidade e da diminuição das desigualdades.

E para corroborar com este sistema de forças nos países mais atrasados, a impotência e a dependência se estabelece e se consubstancia nesta irresponsável permissividade da exploração dos recursos naturais e da mão-de-obra, pela evasão de divisas autorizada através da volatilidade dos capitais, pelos exorbitantes juros da dívida externa, pelo pagamento de royalties, pelos investimentos errados da nossa poupança interna (a qual não é direcionada para um crescimento e desenvolvimento endógeno e sustentável), pelo desincentivo à geração de tecnologias próprias e pela permissividade da apropriação e do patenteamento da biodiversidade. [‘Rio+10 overground’]

Rumo catastrófico

Infelizmente, nos cabe informar que neste cenário não haverá 50 anos nem para o Bono nem para a humanidade e de que o fim dos tempos está cada vez mais próximo. Convivemos com doenças, endemias, pandemias e epidemias históricas, catástrofes e desequilíbrios ambientais, e teimamos em avançar com o olhar fechado na ciência e na economia (um a serviço do outro), sem ética e no rumo do desconhecido, que nos surpreenderá. Nesse rumo, é certo que o fim dos tempos para a humanidade não virá pelas catástrofes naturais – embora todas as agressões –, mas pelos seres microscópicos e pela mão do próprio homem acéfalo, o mesmo que está no topo da classificação das espécies e que brinca de ser Deus alterando e criando aberrações genéticas, sobre as quais não tem controle.

Vacas loucas, frangos e aves gripadas são exterminadas, juntamente com todos os animais silvestres num raio absurdo de 5 quilômetros nos países europeus, que se dizem desenvolvidos (economicamente, mas não intelectualmente), tudo para preservar a vida mais valiosa: a humana – ‘o centro do universo’. Sessenta anos se passaram desde a descoberta do vírus da Aids e nenhuma perspectiva de cura; o câncer, a malária, a tuberculose e centenas de outras doenças continuam flagelando a humanidade e ainda convivemos com doenças da Idade Média. Devastamos 3/5 das nossas florestas em menos de um século (perto de 9% destes em 10 anos – entre a Eco-92 e a Rio+10, enquanto hipocritamente nos dissemos preocupados com o planeta); vemos milhares de animais extintos e a cada dia uma ou mais espécies se vão definitivamente.

Embora isso possa chocar o artista-ativista Bono, certo é que não teremos 50 anos; não teremos 40; não teremos 30; não teremos sequer 20 anos de vida sobre a Terra e nem para apreciar as suas músicas – na mais positiva perspectiva, a seguirmos no atual rumo. Enquanto o homem for e se sentir o centro, e não uma pequena parte do universo (em importância e na exata medida da sua insignificância), e também não se lembrar do essencial para promover as mudanças, tudo, absolutamente tudo, continuará no mesmo e catastrófico rumo, embora as limitadas ações de iluminados e de bem-intencionados como Bono e tantos outros que tentam consertar as partes sem irem às verdadeiras causas – talvez porque, embora pudessem, não tiveram a compreensão suficiente, a competência necessária, a coragem essencial e nem estômago capaz de encarar o todo sem vomitar e nem se desarranjar nas suas ‘certezas’.

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Doutorando pela Universidade de Barcelona, diplomado em Arquitetura e Urbanismo, pós-graduado em Lazer e Recreação (UFRGS), em Turismo (ONU/OMT, Roma), estágio de aperfeiçoamento em Planejamento Turístico (Laboratório de Geografia Econômica da Universidade de Messina, Itália; co-idealizador do Movimento Greenwave, sócio-fundador e co-idealizador da Apolo (Associação de Cinema e Vídeo) e da Unisports (Esportes, Lazer e Cidadania)