Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Opus Dei em ofensiva contra O código Da Vinci, o filme

Está cada vez mais difícil enganar o leitor – isso vale para repórteres, editores, publishers, marqueteiros, assessores de comunicação e políticos.

A Folha de S.Paulo imaginou que a entrevista do ‘vaticanista’ da Opus Dei, John Allen Jr., poderia passar como uma de suas grandes entrevistas jornalísticas das segundas-feiras.

Ficou na vontade: o tal ‘vaticanista’ – teoricamente um especialista isento – é uma figura muito comprometida com a cúpula do catolicismo americano e romano como aqui foi revelado [ver ‘Quando as coincidências atrapalham a objetividade‘].

E na edição de 7/2/2006 do New York Times desvendou-se a razão que levou a Obra a solicitar aquele especial favor à Folha, uma semana depois.

A partir da chamada na capa do jornalão americano – e metade da sua página 16 – ficamos sabendo que a Opus Dei nos EUA está desfechando uma ofensiva para embargar ou minimizar os efeitos da estréia da adaptação cinematográfica de O código Da Vinci (com Tom Hanks no principal papel), marcada para 19 de maio.

E quem aparece na matéria do NYTimes tentando mostrar que o filme é uma obra de ficção e que a Opus Dei não é nada daquilo que se propala? O mesmíssimo John Allen Jr. – que no jornalão americano, ao contrário daqui, não conseguiu ser consagrado como ‘vaticanista’, apenas como autor de um livro.

Atitude equívoca

A Obra tem todo o direito de se defender, protestar e até denunciar uma conspiração internacional para prejudicá-la. Ela representa uma crença que não pode ser discriminada. A Paixão de Cristo de Mel Gibson motivou um acalorado debate mundial e foi exibida sem maiores traumas. A Obra merece o mesmo tratamento.

O que se questiona é a atitude equívoca da Folha que, ao contrário do NYTimes, omitiu a informação sobre o lançamento do filme e o verdadeiro motivo que a levou a publicar a matéria.

Isso é pecado.