Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Folha de S. Paulo

GOVERNO DILMA
Valdo Cruz, Márcio Falcão e Ana Flor

Helena Chagas vai para vaga de Franklin no governo Dilma

A jornalista Helena Chagas, chefe da equipe de imprensa do governo de transição, será a responsável pela Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma.

Ela foi convidada pela presidente eleita para substituir Franklin Martins, que deixa o governo ao final do mandato do presidente Lula.

Deve seguir no governo Ottoni Fernandes, secretário-adjunto de Comunicação Social e braço direito de Franklin, responsável pela área que comanda a distribuição da verba publicitária da Presidência da República.

A Secretaria de Comunicação Social ganhou relevância e o status de ministério quando Franklin assumiu o posto no governo Lula. Continuará assim no governo Dilma.

O anúncio de Helena Chagas deve ser feito na próxima terça-feira, quando Dilma também divulgará o último nome da cozinha palaciana: o de ministro das Relações Institucionais, responsável pelas negociações com a base aliada no Congresso.

Está praticamente certo que ficará no cargo o atual ministro, Alexandre Padilha, que ontem esteve reunido com a presidente eleita na Granja do Torto.

Padilha foi chamado para auxiliar nas negociações com os partidos da base aliada. Sua pasta é a que detém as informações sobre cargos que os aliados ocupam.

Padilha, porém, ainda pode ser deslocado para o Ministério da Saúde, mas isso acontecerá apenas se um dos cotados para a pasta não passar pelo crivo de Dilma.

Na próxima semana, Dilma vai acertar os nomes do PSB, partido que vai comandar o Ministério da Integração Nacional e manter a Secretaria Especial de Portos.

Definirá também o nome do futuro ocupante do Ministério das Cidades, que deve seguir sob o comando do PP. Está praticamente certo que o partido do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) irá indicar o ministro.

 

 

 

Jornalista foi citada no caso do caseiro Francenildo Costa

A jornalista Helena Chagas, convidada a ocupar a partir de janeiro a Secretaria de Comunicação Social, foi diretora de jornalismo da TV Brasil. Ela hoje coordena a equipe de imprensa do governo de transição.

Em 2006, Helena teve seu nome citado no caso da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa.

Em depoimento à PF à época, o então ministro Antonio Palocci (Fazenda) afirmou ter sido informado por ela -então em ‘O Globo’- de que o caseiro havia recebido uma quantia de dinheiro. À PF ela negou.

 

WIKILEAKS
Países e empresas fazem cerco a WikiLeaks

Liderados pelos EUA, governos e empresas intensificaram ontem o cerco ao WikiLeaks, numa cruzada para impedir o site responsável pelo vazamento de 250 mil documentos diplomáticos americanos secretos de continuar no ar.

Alegando ser alvo de onda de ataques virtuais, a empresa que fornecia endereço ao site, a americana EveryDNS, interrompeu o serviço, levando o WikiLeaks a migrar, inicialmente a um endereço na Suíça, e depois para Alemanha, Holanda e Finlândia.

A EveryDNS disse que suspendeu o wikileaks.org à 1h de ontem (horário de Brasília), deixando o site inacessível por cerca de seis horas.

Pela manhã, já era possível acessar seu conteúdo no endereço wikileaks.ch. Depois foram obtidos também os domínios .de, .nl e .fi.

‘Esses ataques [de hackers] têm ameaçado a estabilidade de toda a infraestrutura EveryDNS, que permite o acesso a 500 mil outros websites’, justificou a empresa.

Os 250 mil documentos diplomáticos, ainda não totalmente revelados, desnudaram as ações de bastidores da diplomacia dos EUA, trazendo à luz movimentações sigilosas do país e constrangendo a Casa Branca ante lideranças do mundo inteiro.

O governo americano diz que os vazamentos colocam em risco a segurança nacional e ameaçam a vida de colaboradores por toda parte.

Uma investigação criminal foi iniciada pelo Departamento de Justiça americano.

Anteontem, o site especializado em vazamentos já havia saído do ar por pelo menos cinco horas depois de a Amazon.com, a responsável pelo servidor que hospedava o conteúdo do WikiLeaks nos EUA, suspender o serviço.

Ontem, a Amazon justificou a medida dizendo que o WikiLeaks não é proprietário do conteúdo que disponibiliza, o que pode violar os termos da empresa dos EUA.

A suspensão da hospedagem do conteúdo, porém, foi precedida de fortes pressões das autoridades americanas. O senador independente Joe Lieberman chegou até mesmo a convocar um boicote às empresas que possuem alguma relação com o site.

A medida da Amazon obrigou o site a se mudar para dois servidores na Europa: um na Suécia, o Bahnhof, e um outro na França, o OVH.

Ontem, porém, foi a vez de o governo da França tomar a iniciativa de exercer pressão para impedir que o site siga disponibilizando conteúdos.

O ministro do Interior, Eric Besson, pediu providências para que o site não seja mais hospedado na França.

Segundo ele, é inaceitável a proteção a uma organização que ‘viola o segredo das relações diplomáticas e coloca pessoas em perigo’.

Mas o responsável pela OVH, Octave Klaba, afirmou que, se preciso, vai recorrer à Justiça para hospedar o WikiLeaks em solo francês. ‘Não cabe à esfera política pedir ou ordenar fechamento de um site’, afirmou Klaba.

‘PRISÃO IMINENTE’

O cerco se estende ainda ao fundador do site, o australiano Julian Assange, 39. Ontem, a Suécia emitiu mandado de prisão contra Assange retificando detalhes burocráticos que impediram sua detenção a partir de um mandado expedido anteriormente.

Até ontem à noite, sua prisão não havia sido realizada, porém autoridades do Reino Unido -onde se acredita que ele esteja escondido, embora acessível- afirmaram que a sua detenção é ‘iminente’.

Assange sofre processo na Justiça sueca por estupro, assédio sexual e coerção ilegal.

O pedido de prisão levou a Interpol a emitir um alerta internacional.

O mandado sueco é válido em todos os Estados-membros da União Europeia e, em caso de captura, obriga esses países a extraditarem Assange em 90 dias.

 

Republicanos pedem pena de morte para suposto vazador

Enquanto o criador do WikiLeaks, Julian Assange, recebe atenção mundial pelos vazamentos de documentos secretos, a provável fonte deles é mantida isolada e vê TV, onde se informa sobre o alcance de sua suposta ação.

Trata-se do soldado Bradley Manning, 22, um analista de inteligência do Exército americano que esteve no Iraque e está preso desde maio.

O militar enfrentará julgamento por supostamente copiar telegramas diplomáticos e pelo vazamento de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque.

Ele ainda é acusado de vazar vídeo que mostra o ataque de um helicóptero militar a civis iraquianos.

Mas republicanos -como Mike Huckabee- querem que o responsável seja acusado de traição e condenado à pena de morte.

Nascido em 1987 no Estado de Oklahoma, Manning alistou-se aos 18 anos. Após receber treinamento como analista de inteligência, foi enviado para Nova York e depois para a Guerra do Iraque.

Mas ficar isolado, no meio do deserto, parecia ser pouco para as ambições do soldado.

Em maio, Manning contatou Adrian Lamo, hacker americano que invadiu a página do ‘New York Times’, Yahoo e outras empresas antes de se entregar ao FBI.

O ‘El País’ diz que mensagens entre os dois ficaram armazenadas no computador de Lamo, que informou ao Pentágono sobre o assunto.

Ao jornal, Lamo confirmou que Manning é mesmo a fonte dos vazamentos.

‘Se tivesse acesso sem precedentes a redes restritas 14 horas por dia, setes dias por semana, durante mais de oito meses, o que faria?’, questionou em conversa com o hacker em 21 de maio.

No dia seguinte, Manning confessou que havia feito o download de centenas de milhares de documentos de redes secretas do Pentágono.

E tinha uma prova: um telegrama da Embaixada dos EUA em Rejkiavik, no qual se relata uma reunião entre autoridades islandesas e um assessor do embaixador britânico, que fora publicado pelo WikiLeaks em fevereiro.

Nas conversas com Lamo, o soldado diz ainda que tinha um contato com Assange.

O soldado descreveu até como fazia as cópias: entrava na sala com um CD da Lady Gaga, por exemplo, e, enquanto fingia cantar uma das músicas, apagava seu conteúdo e copiava dados da inteligência em seu lugar.

RESSENTIMENTO

Em suas conversas com Lamo, Manning demonstra frustração e ressentimento com o Exército e com os EUA. E teria confessado: ‘[…] Bem, enviei ao WikiLeaks. Deus sabe o que acontecerá agora. Espero que haja uma grande discussão mundial, debates, reformas’.

O soldado está isolado em uma cela na base de Quantico, em Virgínia, onde é submetido a avaliações mentais.

Até agora, o Exército apenas apresentou acusações contra ele pelo roubo de dois vídeos de guerra e pelo vazamento de 50 telegramas. Por isso, ele pode ser condenado a 52 anos de prisão.

O julgamento pode ocorrer no primeiro semestre de 2011.

 

INTERNET
Isabel Kershner, New York Times

Irreverência de blog causa furor entre muçulmanos da Cisjordânia

É difícil imaginar que um cibercafé precário e repleto de moscas em Qalqilya, uma pequena cidade palestina, poderia servir de posto de trabalho a um blogueiro que irritou a comunidade muçulmana na Internet ao promover o ateísmo, escrever paródias de versículos do Corão, zombar do estilo de vida do profeta Maomé e bater papo online usando o sarcástico nick Deus Todo Poderoso.

Até recentemente, o jovem, Waleed Hasayin, levava uma vida relativamente anônima como desempregado formado em ciência da computação e se sustentava ajudando durante algumas horas por dia no trabalho a barbearia de seu pai.

Diversos conhecidos o descreveram como ‘um cara comum’, que orava na mesquita a cada sexta-feira.

Desde o final de outubro, porém, Hasayin, que tem perto de 25 anos, está detido na sede do serviço de inteligência da Autoridade Palestina, sob a suspeita de ser o bloqueiro blasfemo que assina seus posts com o nome Waleed al-Husseini.

O caso atraiu atenção a questões espinhosas como a liberdade de expressão no território da Autoridade Palestina, onde insultar a religião é considerado ilegal, e para a colisão cultural entre uma sociedade conservadora e a Internet.

EXECUÇÃO

Embora Hasayin tenha conquistado certa admiração no exterior, há pessoas que apelam por sua execução, no Facebook.

Outros membros do site de redes sociais criaram um grupo de solidariedade para apoiá-lo, e há diversas petições online em sua defesa.

Em sua cidade, a reação parece ser uniformemente furiosa. Muita gente diz que, caso não se desculpe, ele deveria passar o resto da vida na cadeia.

‘Todos são muçulmanos aqui, todos se opõem ao que ele fez’, disse Alaa Jarar, 20, que se descreveu como não especialmente religioso.

Além de suas páginas no Facebook, que foram apagadas, Husseini postava ensaios em árabe no blog Noor al-Aqel (esclarecimento pela razão), e os traduzia em inglês no blog Proud Atheist (ateu orgulhoso), se identificando como ‘um ateu de Jerusalém, Palestina’.

As descrições dele parecem distantes das ideologias que prevalecem na cidade de Qalqilya, uma comunidade conservadora, de casas baixas e mais de 40 mil habitantes, na qual carroças percorriam as ruas.

A detenção de Hasayin causou sensações desde que foi reportada, pela Maan, agência de notícias da Palestina. Também há quem questione se ele seria capaz de escrever sozinho.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

COPA DO MUNDO
Jornais europeus criticam eleição de sedes polêmicas

A imprensa europeia criticou duramente as escolhas de Rússia e Qatar como palcos das Copas de 2018 e 2022.

Os jornais ingleses publicaram críticas à Fifa, ao primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, e levantaram dúvidas quanto à lisura do pleito.

Segundo o ‘Daily Mail’, a eleição foi marcada pela corrupção, e a campanha russa já anunciava sua vitória um dia antes antes da eleição. O diário também chama Putin de ‘líder de um país-máfia’.

Já o ‘Guardian’ publicou, na capa, uma fotografia do meia David Beckham com a expressão abatida e a frase: ‘Levante a cabeça, Becks, pelo menos a Inglaterra não foi eliminada nos pênaltis’.

Uma reportagem afirmou que, momentos antes da votação, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, discursou aos membros do Comitê Executivo sobre os ‘males da mídia’, em referência às acusações de corrupção na entidade publicadas pela imprensa britânica e consideradas um dos motivos para a candidatura inglesa ter obtido dois votos anteontem.

Os jornais de Portugal e Espanha, cuja candidatura conjunta também foi derrotada pelos russos, destacaram as campanhas milionárias das propostas vencedoras.

‘Fifa se inclina ao dinheiro russo’ foi a manchete do espanhol ‘El País’. O português ‘Público’ destacou na capa o papel central do petróleo na Rússia e Qatar: ‘Fifa optou por petro-Mundiais para 2018 e 2022’.

Até mesmo a imprensa de países que não participaram da eleição fizeram críticas pesadas às escolhas da Fifa.

O alemão ‘Bild’ centralizou as críticas em 2022. Estampou a palavra ‘Qatarstrofe’, um trocadilho com o nome do país, e a frase: ‘Fifa vende a Copa aos xeques’.

A autocrítica atingiu até o jornal de esportes russo ‘Sport Express’, para quem o triunfo foi um ‘presente antecipado, inesperado, em grande parte, imerecido, mas triplamente agradável’.

Já a manchete do jornal qatariano ‘Peninsula’ foi ‘Tripas, energia e glória’, ressaltando o ineditismo de uma Copa no Oriente Médio.

 

TELEVISÃO
Lúcia Valentim Rodrigues

Matador de criminosos ganha voz na TV aberta

Um trauma de infância marcou a vida de Dexter. Aos quatro anos, viu a mãe ser assassinada e ficou trancado com o corpo ensanguentado em um contêiner.

Sua personalidade foi definida ali. Não sabe socializar com os outros, tem pensamentos estranhos e um desejo constante de matar.

Foi adotado pelo policial que cuidava daquele caso, do qual sua mãe era informante. O novo pai logo percebeu que havia algo errado com o garoto e tentou orientá-lo a canalizar aquela fome por sangue para fazer justiça quando a polícia falhasse.

Para controlar os crimes, criou um código. A primeira regra é não ser pego nem deixar pistas. A segunda: não matar inocentes.

A ordem das leis parece invertida, mas é porque o narrador da série ‘Dexter’ é ele mesmo, o serial killer de assassinos e estupradores. Sabemos do código porque o ‘fantasma’ de seu mentor aparece em situações de crise para discutir com Dexter.

Como cresceu num ambiente de ‘pessoas do bem’, acabou se tornando analista forense de amostras de sangue do departamento de polícia de Miami, onde também trabalha sua irmã postiça, Debra (Jennifer Carpenter).

Após um ótimo papel na também sombria ‘A Sete Palmos’, Michael C. Hall é a alma do personagem, baseado em livro de Jeff Lindsay.

Sua inadequação está bem definida na primeira temporada, que a RedeTV! estreia na próxima segunda à noite.

Na TV paga, o FX exibe o terceiro ano, mas os EUA veem uma quinta leva de episódios bem mais mirabolantes.

A RedeTV! comprou um pacote de seriados da rede CBS. Abriu o horário às segundas-feiras com ‘Three Rivers’, com média de 2 pontos no Ibope. Agora, quer fortalecer a investida com ‘Dexter’.

A ideia é exibir, na sequência, as três primeiras temporadas, a ‘depender do desempenho da série’, diz Mauricio Tavares, diretor de aquisições e novos conteúdos. Em maio, virá ‘Hawaii Five-0’ ou ‘Blue Bloods’.

NA TV

Dexter

QUANDO seg., às 22h50, na RedeTV!

CLASSIFICAÇÃO 16 anos

 

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