Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

O Estado de S. Paulo

PANAMERICANO
Marili Ribeiro

Escândalo ameaça receita do SBT

Se a especulação sobre a venda da rede SBT persistir, segundo diretores de planejamento de mídia das principais agências de publicidade consultadas pelo ‘Estado’, a emissora ficará vulnerável. ‘O SBT pode começar a perder entre 20% e 30% da sua receita já no começo do ano’, diz um deles. ‘Todos vão querer negociar a compra de mídia na emissora com pesados descontos. Nessa hora, não há solidariedade. Há negócio’, diz outro.

A situação, lembram eles, não será diferente do que viveu a Rede Globo por volta de 2003, quando passou pela reestruturação de sua dívida tendo de vender participação em várias afiliadas. ‘No momento da negociação do comprometimento anual de pagamento antecipado, houve descontos de compra de mídia de até 80% do valor do volume contratado no ano’, relembram.

É prática do mercado de propaganda o uso do ‘comprometimento anual’, um recurso para compra antecipada de espaços de veiculação de anúncios com descontos proporcionais ao volume contratado. É uma forma de a emissora fazer caixa. É feito no começo do ano, à medida que as grandes empresas definem suas verbas de marketing. Fora isso, nessa mesma época, as emissoras também negociam os patrocínios para os pacotes de programação anual, como grade de esportes, séries e reality shows, entre outros.

Imagem. Não é à toa que Sílvio Santos se preocupa em preservar sua boa imagem. Ele tomou para si a tarefa de escrever do próprio punho o anúncio que pôs no ar desde ontem. Nenhuma agência de propaganda, como seria usual, foi convocada para a tarefa. No comunicado, ele destaca que as empresas do Grupo Sílvio Santos valem mais do que o empréstimo que se viu obrigado a contrair para cobrir o rombo no Banco Panamericano, que pertence ao grupo.

Preservar a imagem trata-se de – mais do que uma vaidade natural para um ídolo popular – uma forma de evitar prejuízos para o SBT. A comercialização dos espaços publicitários em qualquer emissora leva em consideração dois aspectos: audiência e credibilidade. A audiência do SBT tem se mantido estável, em torno dos 6 pontos de média por dia no último ano. Mas a credibilidade pode ficar abalada com o risco de venda e isso provocar perda de receita a médio prazo.

‘Ninguém vai patrocinar uma novela com duração de oito ou dez meses sabendo que a emissora pode ser vendida a qualquer momento’, explica Angelo Frazão, consultor de mídia com mais de 30 anos de experiência. ‘O veículo só perde relevância para o anunciante quando perde audiência ou quando a credibilidade é afetada.’

A emissora é muito próxima da imagem de Sílvio. Tão próxima que, como avalia Fernando Mazzarolo, presidente da agência de propaganda WMcCann, só não foi atingida ainda porque Sílvio foi ágil na adoção de uma postura pública, com o empenho do próprio patrimônio. Uma atitude rara nessas situações, o que repercutiu positivamente tanto nas redes sociais como entre os profissionais do meio. ‘Todo o processo vem sendo bem conduzido’, diz Mazzarolo.

 

FRANÇA
Helene Zuber

Espionagem de Sarkozy revolta mídia francesa

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, teria ordenado aos serviços secretos que espionassem jornalistas que o incomodavam. A oposição agora exige uma investigação. A democracia francesa estará ameaçada? Edwy Plenel é jornalista há mais de 30 anos. Foi editor-chefe de Le Monde, o mais importante diário francês, descobriu vários escândalos durante a presidência de François Mitterrand e foi espionado pelo Eliseu nos anos 80, mas sua situação sempre foi relativamente suportável.

‘Nossa democracia corre um sério perigo’, afirma Plenel, que há três anos fundou o site independente Mediapart. ‘Nossa república, suas leis e seus princípios estão se transformando em um enorme monte de cinzas diante dos nossos olhos.’ Plenel está convencido de que as liberdades francesas – acima de tudo a liberdade de imprensa – estão sendo seriamente ameaçadas.

Segundo Plenel, jornalistas do Mediapart que revelaram o escândalo sobre a bilionária herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt – com suas acusações de contribuições políticas ilegais e sonegação fiscal -, foram por meses investigados em uma operação controlada pelo Palácio do Eliseu.

Do mesmo modo, afirma, agentes do serviço secreto interno (DCRI) chegaram a analisar as gravações do celular de dois dos seus jornalistas para descobrir seus contatos. E, evidentemente, a redação do Mediapart, logo atrás da Bastilha, foi invadida. Plenel rejeita acreditar que tenha sido uma invasão ocasional e a atribui a uma operação ordenada pelo chefe da Casa Civil do Eliseu, Claude Guéant.

Em meados de julho, com seus relatórios diários sobre o caso Bettencourt, Mediapart e Le Monde tornaram-se uma enorme pedra no sapato para Sarkozy. No início do ano, a pedido do presidente, o DCRI investigou um assunto privado de Sarkozy, que quis que os agentes da inteligência descobrissem quem havia divulgado os boatos de casos extraconjugais dele e de sua mulher, Carla Bruni.

O Ministério do Interior procurou justificar a operação afirmando que havia a suspeita de um complô no exterior com o objetivo de desacreditar o presidente francês no período anterior à reunião do G-20. Carla Bruni teria tido acesso aos relatórios da polícia e do serviço secreto.

No meio tempo, o chefe da inteligência, Bernard Squarcini, um especialista em contraterrorismo, teria criado uma unidade encarregada de ficar de olho em alguns jornalistas. O próprio presidente especifica quais são os indivíduos que o grupo deve vigiar, segundo uma declaração feita na quarta-feira por Claude Angeli, editor-chefe do semanário satírico Le Canard Enchaîné, um dos poucos jornais independentes – política e financeiramente – da França. Angeli disse que suas afirmações têm como base ‘informantes confiáveis’ do quartel-general do DCRI.

A história desencadeou imediatamente uma avalanche de desmentidos. O serviço de informações ‘não é a Stasi ou a KGB’, declarou o ministro do Interior, Brice Hortefeux. ‘Não recebo ordens de Sarko’, afirmou Squarcini. Mas Angeli discorda: ‘Estamos convencidos de que o presidente está pessoalmente envolvido em tudo. Nada escapa a Sarkozy.’

Mesmo em um país como a França, este grau de interferência pessoal do político mais poderoso do país não tem precedentes. As coisas estão sendo levadas longe demais. Os companheiros conservadores de Sarkozy gostam de ressaltar que François Mitterrand, o ex-presidente socialista, tinha no Eliseu um departamento que cuidava exclusivamente de seus assuntos pessoais, e uma das responsabilidades desse órgão era ouvir as conversas telefônicas dos jornalistas. Esse gabinete só foi revelado alguns anos mais tarde, quando seus membros foram processados.

Mas aparentemente Sarkozy está indo longe demais e explora secretamente a polícia e os serviços de informações para seus próprios fins, justificando suas ações com a afirmação de que o Estado está em perigo.

As intervenções de Sarkozy tornam-se assunto de conhecimento público, como aconteceu, semanas atrás, quando os investigadores do governo visaram o jornalista Gérard Davet do Le Monde. Em um artigo sobre o caso Bettencourt, Davet fez graves acusações contra o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e apresentou um número surpreendente de detalhes para corroborar suas afirmações. As conversas telefônicas de Davet foram checadas, e depois que as listas de telefonemas feitos por ele fez foram comparadas com as do suposto informante, foi identificado como seu autor um funcionário do Ministério da Justiça, que foi transferido para a Guiana Francesa como castigo.

O próprio Sarkozy anunciou em janeiro a lei que oferece proteção ainda maior às fontes, instrumento indispensável para o trabalho dos jornalistas. Mas a lei faz uma exceção: se os interesses nacionais forem ameaçados, as fontes poderão ser reveladas.

De três anos para cá, os franceses estão ficando acostumados ao nepotismo de Sarkozy, e ao que consideram uma ‘Berlusconização’ dos veículos de comunicação. Por exemplo, o industrial Martin Bouygues, padrinho do filho mais novo de Sarkozy, controla a TF1, a maior TV privada da França. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

 

MÉXICO
João Paulo Charleaux

‘Cartéis pautam os jornais no México’, diz pesquisador

Desde janeiro, 11 jornalistas foram assassinados no México, sem que nenhum dos crimes fosse elucidado pela polícia. O número é superior ao de qualquer outro país – mesmo os que estão em conflitos armados.

Para tentar frear as agressões à imprensa, organizações de jornalistas, como a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), e os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), além de entidades que representam as empresas de comunicação, como a Sociedade Inter-Americana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), têm feito seguidos alertas em encontros internacionais, como o que a SIP realizou em Mérida, no México, de 5 a 9, quando o próprio presidente mexicano, Felipe Calderón, foi chamado a explicar o que tem feito exatamente para proteger os jornalistas e punir os criminosos.

O jornalista Rosental Calmon Alves, professor na Universidade do Texas e diretor do Knight Center for Journalism nas Américas – centro criado em 2002 para treinar jornalistas e contribuir para a melhoria técnica e de padrões éticos da imprensa -, acompanha de perto esse debate e esteve no encontro da SIP na semana passada. ‘Durante a assembleia, eu pude presenciar como um editor de jornal mexicano tomava decisões usando o telefone celular a respeito de um tiroteio ocorrido na noite anterior. Todos os moradores da cidade tinham ouvido os tiros. Todos sabiam o que tinha acontecido, mas o editor decidiu não publicar sequer uma linha. Ele recebeu uma mensagem do cartel que controla a cidade dizendo que, se houvesse qualquer notícia sobre o tiroteio, ele morreria’, contou Rosental ao Estado.

O professor também fez um alerta sobre uma prática ainda mais nociva ao jornalismo: ‘Mais do que impedir a publicação de conteúdos, os cartéis passaram a pautar os meios de comunicação no México. Eles ligam pautando, colocam vídeos de sessões de tortura e assassinato no YouTube, têm perfis no Facebook. É como a censura dos tempos da ditadura, mas, em vez de apenas cortar conteúdo, eles dizem o que deve ser publicado e onde está a notícia. E o pior é o que os jornalistas mexicanos talvez sejam os mais desunidos do mundo. Eles são incapazes de sentar-se ao redor da mesma mesa para discutir sua própria segurança. O país não têm sequer uma estrutura semelhante à Associação Nacional de Jornais (ANJ), do Brasil’.

Além da violência, outro tema que tem provocado fortes debates na América Latina é o que a SIP caracteriza como ‘assédio’, ‘censura’ e ‘tentativa de controle’ dos meios de comunicação em países governados por presidentes de esquerda na América do Sul.

‘Antes, os maiores inimigos da imprensa eram os governos autoritários. Com a redemocratização, os governos passaram a ser muito mais flexíveis e pró-liberdades. A brutalidade que existia nos regimes ditatoriais passou da brutalidade física para uma brutalidade legal, muito mais sutil. Fiquei pasmo ao ouvir os relatos dos jornalistas venezuelanos, por exemplo. É claro que não se pode comparar a Venezuela com o contexto mexicano, onde a censura é imposta a preço de sangue, mas não se pode dizer que também não seja um contexto brutal’, disse o professor.

Brasil. Rosental também analisou o contexto brasileiro, em que o governo propõe regular o setor, ideia que tem encontrado uma negativa irredutível das empresas de comunicação.

‘O debate sobre liberdade de imprensa está pautado no Brasil por posições extremas. Não pode ser assim, branco e preto’, disse o professor. Para ele, ‘a imprensa não é intocável, mas a era digital exige mais transparência da mídia. Afinal, trata-se de exigir da imprensa a mesma transparência que ela mesma exige de todos os outros setores da sociedade’.

De acordo com ele, ‘o acirramento das posições está fazendo com que os brasileiros percam uma oportunidade única de avançar no debate sobre como deve ser o setor. Um dos problemas é o uso da palavra ‘controle’. Falar nisso foi como usar um remédio pior que a doença. O presidente uruguaio, José Mujica, acertou quando disse que a mídia é, para o governante, um mal necessário. O melhor que um presidente pode fazer é não tocar na imprensa’.

‘Quando há uma guerra entre governo e imprensa, os dois lados saem perdendo. Quando atacada, a imprensa perde a visão, perde a precisão, deixa de olhar o horizonte e acaba perdendo o foco’, disse.

 

TELEVISÃO
Cristina Padiglione

Congresso de novelas no Peru saúda Cassiano

Remakes – Telenovela e Globalização é o tema que põe o Brasil em foco no 8.º Congresso Mundial da Indústria da Telenovela e Ficção, que começa na quarta-feira, em Lima, no Peru. Quem defende o tema é Mauro Alencar, doutor em telenovela pela USP, que também presta tributo à obra de Cassiano Gabus Mendes, autor dos originais de Plumas & Paetês e Ti-Ti-Ti, agora remixados com êxito na faixa das 7 da Globo. Alencar fala ainda sobre coproduções internacionais da Globo em títulos como Entre el Amor y el Deseo (com TV Azteca) e El Clon (com Telemundo), além de mediar mesa com novelistas latinos que discutem semelhanças e diferenças entre as novelas na América Latina.

16 X 12 foi o embate entre A Fazenda 3, na Record, e a estreia de Afinal, o Que Querem as Mulheres, da Globo, com vitória para a rede de Edir Macedo.

‘Faço parte de uma geração que começou na TV. Não tenho problema com isso. É um orgulho. É a minha história.’ ‘Thiago Lacerda ao ‘Vitrine’: hoje, 19h, na Cultura

A premiada The Pacific, série coproduzida por Tom Hanks, Steven Spielberg e Gary Goetzman para a HBO, está saindo em DVD e Blu-Ray.

Por obra do lançamento de The Pacific, a Livraria Cultura do Shopping Market Place promove no dia 23 um bate-papo com o músico João Barone, o jornalista Ricardo Bonalume Neto, o coronel reformado Jairo Junqueira da Silva, ex-combatente da FEB, e o criador e dono da revista Asas e da Editora C&R, especializada em História Militar e Aviação, que já voou em mais de 100 tipos de aeronaves, incluindo caças como o Mirage III e o Sukhoi-Su 27.

Família e amigos são esperados para a noite de autógrafos de dona Íris Abravanel, terça-feira, na Fnac Pinheiros, para o lançamento do livro de crônicas da primeira-dama do SBT, Recados Disfarçados. Se Silvio Santos vai ou não, nem bola de cristal denuncia.

E a concorrência não perdoa: tem diretor da Record telefonando para artista do SBT em tom de velório, na torcida pela dizimação da rede de Silvio Santos.

A posição de uns e outros na Record, no entanto, não representa a direção da emissora nem a de Edir Macedo bem entendido.

Amiguinha de Dean Cain, ator que fez a série As Aventuras do Superman, Luciana Gimenez gravou entrevista com ele nos estúdios da RedeTV!, em nome do filme Amor por Acaso, dirigido por Márcio Garcia. Vai ao ar na terça, pelo Superpop.

Agora boazinha na novela, Mariana Ximenez dá continuidade à campanha dos esmaltes Risqué, em filme que estreia amanhã, nos intervalos do Fantástico.

Aliás, Reinaldo Lourenço assina o figurino de Mariana Ximenez na nova campanha de esmaltes.

 

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