Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Trabalhos universitários ganham espaço nas telas

É cada vez mais notória nas universidades brasileiras a opção dos alunos em escolherem o videodocumentário como produto final de seus trabalhos de conclusão de curso (TCC).

Essa demanda pelos produtos audiovisuais é, sem dúvida, uma realidade que surge graças às novas tecnologias, que auxiliam no aspecto funcional e pragmático os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes de comunicação. As inovações tecnológicas, principalmente no que diz respeito à operacionalização dos equipamentos portáteis, como as câmeras de vídeo digitais e softwares de edição, facilitam o acesso à produção de produtos audiovisuais onde os alunos podem elaborar seu próprio projeto, fazer a captação das imagens e ainda editar todo material no próprio computador. Diante dessa realidade tecnológica, os alunos aprendem a trabalhar com as novas linguagens audiovisuais, combinadas com a discursividade jornalística.

Com essas novas técnicas à disposição, aliadas à sua acessibilidade, os alunos aprendem como se dá o processo de estrutura narrativa do documentário e percebem que a materialização da realidade se dá tanto no documentário, quanto no jornalismo.

Nesse sentido, o resultado não poderia ser diferente: a produção audiovisual está ganhando visibilidade na mídia e em diversos festivais de cinema espalhados pelo país.

Um videodocumentário no SBT

Emissoras públicas e educativas, e até mesmo os canais das TVs privadas, começam a dar espaço para a produção acadêmica. A TV Cultura-SP exibiu no programa Doc Brasil o documentário Samba à Paulista – fragmentos de uma história esquecida. O documentário abordou a chegada dos negros à capital paulistana e mostrou o samba como um produto cultural. A edição foi idealizada por alunos da ECA e FFLCH da USP. O documentário começou a ser gravado na Festa de Pirapora, onde se reuniam os grandes sambistas de todo o estado no começo do século 20.

Outro exemplo de sucesso foi o documentário Antes, um dia e depois, de Caio Cavechini, ex-aluno da ECA/USP, hoje jornalista do Profissão Repórter da TV Globo, vencedor da 30ª Mostra de Internacional de Cinema.

E os exemplos não param por aí. Alunos de outras instituições privadas também têm os seus trabalhos divulgados na telinha, como foi o caso do SBT, que surpreendeu a todos durante a sua programação e exibiu o videodocumentário resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Flávio Tito, do curso de Jornalismo do Unifieo (Centro Universitário Fundação de Ensino de Osasco). O TCC abordou a trajetória de vida do animador e empresário Sílvio Santos.

A viagem pela galáxia tecnológica

A possibilidade de trabalhar com esse gênero documental começa a atrair o aluno pelo fato de ele poder construir uma narrativa a partir de uma linguagem audiovisual. Segundo Arlindo Machado, ‘o documentário começa a ganhar interesse quando ele se transforma em ensaio, em reflexão sobre o mundo, em experiência e sistema de pensamento, assumindo, portanto, aquilo que todo audiovisual é na sua essência: um discurso sensível sobre o mundo’. Pela sua abrangência, o documentário pode abordar diversos temas: cultural, político, etnográfico, investigação, arte e outros.

O aluno continua e continuará a sua viagem pela galáxia tecnológica e precisará ficar sempre antenado com o novo perfil do profissional de comunicação, que tem cada vez mais o domínio dos processos de produção e das ferramentas digitais. No entanto, ele não deve apenas ficar vislumbrado com esse fantástico mundo do audiovisual, e sim, perceber que apesar de toda essa tecnologia, não pode perder o foco de seu ofício, que é sempre investigar, contextualizar e interpretar os acontecimentos.

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Professor, Osasco, SP