Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Informações valiosas

Teve gente que criticou o Facebook na semana passada por anunciar uma busca que só funciona com informações publicadas na rede social. Mas não faria sentido para a empresa se fosse diferente. O objetivo do Facebook é substituir a web, é fazer com que as pessoas passem o tempo todo conectadas na rede social, para se informar, para se comunicar com os amigos e para se divertir. Por que o Facebook incentivaria alguém, com seus resultados de buscas, a sair da rede social?

Todo mundo sabe que um serviço gratuito como o Facebook na verdade é pago com informação. Cada curtida, comentário e compartilhamento aumentam o volume de informações que a rede social tem sobre você, alimentando a máquina de vendas e de promoção que é o Facebook. Como, diferentemente da web em geral, você navega conectado todo o tempo no Facebook, o serviço sabe quem você é, o que você gosta, onde vai e quais são seus amigos. Dessa forma, a publicidade pode ser personalizada, bem diferente dos anúncios de massa distribuídos no papel, no rádio e na TV.

A Coffee Bean Technologies é uma empresa criada por John Lima, empreendedor brasileiro que teve sucesso no Vale do Silício ao vender, para uma companhia americana, a Cyclades, fabricante de equipamentos de rede. Ele voltou para o Brasil e um dos principais serviços oferecidos pela Coffee Bean se chama Social-ID Now, que é uma ferramenta de marketing social.

Tecnologia de consumo

O Hotel DPNY, de Ilhabela (SP), adotou a tecnologia para o seu site. No lugar de o cliente do hotel preencher uma ficha na internet, ele usa o usuário e senha do Facebook, Twitter ou LinkedIn. É mais prático para o cliente, e o hotel acaba tendo mais informações sobre esse cliente do que teria com o preenchimento de um formulário, pois puxa as informações disponíveis no perfil desse cliente nas redes sociais. Com isso, o hotel consegue segmentar seu público por sexo, idade, estado civil e cidade em que mora. Sabe até quais são as páginas que os clientes curtem no Facebook, para explorar a possibilidade de promoções conjuntas com outras marcas.

Esse é um exemplo de como cada um de nós fornece informações valiosas ao usar um serviço como o Facebook. A rede social é um canal direto de comunicação entre marca e consumidor. A E.Life é uma empresa brasileira de análise e monitoramento de redes sociais. Alessandro Barbosa Lima, presidente da E.Life, me disse semana passada que não acredita que o Facebook esteja perdendo a força. “Cem por cento do meu faturamento está relacionado ao Facebook e ao Twitter”, disse.

O mercado não reagiu bem ao lançamento da busca social, e as ações do Facebook caíram no dia do anúncio. Desde que fez sua abertura de capital, no ano passado, a rede social vem sendo questionada pelo mercado. Na sexta-feira, os papéis do Facebook fecharam cotados a US$ 29,66. Na oferta pública inicial, foram vendidos a US$ 38. Segundo a empresa de pesquisa SocialBakers, o Facebook perdeu 2 milhões de usuários nos Estados Unidos no último mês. Em compensação, ganhou 1,3 milhão de usuários por aqui. O Brasil é o segundo país que mais usa o Facebook, depois dos EUA.

O Facebook é chamado às vezes de um dos quatro cavaleiros da tecnologia, numa referência aos quatro cavaleiros do apocalipse. Está entre as quatro empresas que brigam pelo domínio do mercado de tecnologia de consumo. As outras são Apple, Amazon e Google. O lançamento da busca social foi vista como um ataque direto ao gigante das buscas.

Em quadrados

Tem gente que inclui mais duas empresas nessa lista: Samsung e Microsoft. Apesar de não ter redefinido o mercado com um produto como o iPhone, a Samsung tem lançado algumas tendências, como os celulares cada vez maiores. A Apple teve de correr atrás. A empresa sul-coreana é, atualmente, a maior fabricante de telefones móveis do mundo. A Microsoft foi líder de um ciclo anterior de tecnologia, mas continua com muito peso no setor.

O Kinect, do videogame Xbox 360, levou o reconhecimento de gestos para a casa da pessoa, e a interface do Windows Phone, dividida em quadrados em que aparecem as informações, é bem diferente dos celulares Android, que usam software do Google, e do iPhone.

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[Renato Cruz é colunista do Estado de S.Paulo]