Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

O poder da inovação em teste

Depois de invenções como o iPod e o iPhone, Steve Jobs, fundador da Apple, diz que agora, sim, criou um produto ‘mágico e revolucionário’: o iPad. Versão simplificada de um laptop, otablet permite navegar na internet, ler livros e gerenciar arquivos como música, fotos e filmes.

A expectativa em torno do iPad, lançado ontem nos EUA, fez com que a empresa vendesse mais de 200 mil aparelhos antes mesmo de ele chegar às lojas. Não há previsão de data para estreia no Brasil.

Segundo estimativas, no primeiro ano o iPad deve vender algo entre 2,7 milhões e 5 milhões de unidades, ao custo mínimo de US$ 499 (pouco menos de R$ 900).

Isso porque a Apple, os poucos que conheceram o iPad antes de seu lançamento oficial e a maior parte da mídia americana o propagandearam como um artefato que privilegia a simplicidade e a relação intuitiva com o consumidor.

Mesmo assunto

O iPad, como o iPhone, não tem teclado ou mouse acoplados, sua tela obedece ao toque do dono. E, embora não funcione como telefone nem possua câmera, tem as outras facilidades com que os usuários do iPhone já se acostumaram, só que com mais velocidade e tela muito maior, de 24 cm por 19 cm, e só 1,25 cm de espessura.

Com acesso permanente à internet (Wi-Fi), bateria com durabilidade de dez horas e cerca de 700 gramas, o aparelho une e-mails, música, filmes, games, e-books, GPS, agenda, fotos – e, é claro, o navegador Safari e a loja do iTunes, que garante à Apple que o usuário continue rendendo mesmo depois de desembolsar mais de US$ 499 no aparelho.

O pacote causou alvoroço na mídia americana. Capa daNewsweek de 5 de abril questiona: ‘What´s so great about the iPad?’ – o que é tão formidável no iPad?, em tradução livre –, e responde: ‘Tudo’.

Nas seis páginas internas, afirma que o produto ‘mudará o jeito como você usa computadores, lê livros e assiste à TV, desde que esteja disposto a fazê-los à maneira de Steve Jobs’. A revista diz ainda que o executivo da Apple tem a habilidade para criar aparelhos ‘que não sabíamos que precisávamos, mas sem os quais de repente não podemos viver’.

A revistaTime chegou às bancas com o mesmo assunto na capa. Enviado em nome do veículo, o ator e comediante Stephen Fry pareceu deslumbrado depois de conversar com Steve Jobs e manipular o iPad durante dez minutos.

Um por vez

No sábado (3/4), o jornalThe New York Times organizou umlive blogging com repórteres de plantão para relatar as filas nas lojas da Apple (e na Best Buy, aonde o aparelho também chegou) e consumidores comentando o iPad.

OWashington Post foi um dos poucos a reagir e publicar que, com tudo isso, Steve Jobs pouco precisaria investir em publicidade –além do fato de que os jornais e as revistas também estão interessados em transformar os seus conteúdos para a leitura no aparelho.

No YouTube, consumidores postaram vídeos ontem para mostrar o iPad sendo desempacotado e fazer os primeiros comentários sobre a novidade. Entre os poucos defeitos apontados pelaNewsweek, o fato de que Steve Jobs subverte a liberdade de escolha característica da internet, fechando o sistema e obrigando os usuários a navegar no Safari e a fazer as compras no iTunes.

Outra reclamação é o fato de não ler imagens desenvolvidas com a plataforma Flash, da Adobe, responsável por cerca de 75% dos vídeos na internet. E um defeito do iPhone que por ora se repetirá: o novo computador da Apple não é multifuncional, ou seja, só é possível abrir um aplicativo de cada vez.